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EUA e Seara elevam ganhos da JBS no quarto trimestre

Aquisições, dividendos aos acionistas e redução do endividamento. Impulsionada pela geração de caixa extraordinária nos EUA – o dólar ajuda – e pelo avanço da Seara, a JBS pôde fazer de tudo em 2020. No balanço do quarto trimestre, divulgados no início da noite de ontem, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 4 bilhões, crescimento de 65% na comparação com o resultado do mesmo intervalo de 2019. 

Em 2020, o lucro líquido totalizou R$ 4,6 bilhões, o que significa uma redução de 24,2% em relação aos R$ 6 bilhões do ano anterior. Essa queda, porém, reflete o prejuízo não caixa do primeiro trimestre, quando a alta do dólar pesou sobre o valor das dívidas em moeda estrangeira. Não fosse isso, o resultado da companhia brasileira de carnes teria ficado perto dos R$ 10 bilhões. 

De setembro a dezembro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) chegou a R$ 7 bilhões, aumento de 24% na comparação anual. No acumulado de 2020, o Ebitda ajustado totalizou R$ 29,5 bilhões, um incremento de 48,7%. Assim, a margem Ebitda caiu 0,7 ponto no trimestre, para 9,9%, mas aumentou 1,2 ponto no ano, para 10,9%. 

“Com caixa muito confortável e uma alavancagem baixa, podemos fazer uma remuneração agressiva aos acionistas mantendo o balanço sólido. Não precisamos fazer trade off”, afirmou o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, ao Valor, lembrando que a companhia também fez aquisições – R$ 700 milhões pelos ativos de margarina da Bunge e US$ 238 milhões pela americana Empire Packing, um negócio que ampliou a fatia da companhia em carnes embaladas. 

Em dezembro, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) atingiu o menor patamar da história, em 1,56 vez em reais e 1,58 quando medida em dólares, a principal moeda da companhia. No trimestre imediatamente, anterior, a alavancagem era de 1,83 vez e 1,6 vez. A companhia também conseguiu reduzir sua dívida líquida em 2,5%, saindo de US$ 9,1 bilhões em setembro para US$ 8,9 bilhões no fim do ano passado. Da dívida total, 7% vence no curto prazo.

Turbinada pelo dólar valorizado – cerca de 80% do caixa da companhia é gerado nos EUA -, a JBS registrou uma receita líquida de R$ 76 bilhões no quarto trimestre, incremento de 33,1% na comparação anual. Em 2020, aumentou 32,1%, ultrapassando R$ 270 bilhões pela primeira vez. 

Operacionalmente, o negócio entregou bons resultados nos EUA. Ainda que a margem tenha caído em função dos seca na Austrália – os resultados do país estão abrigados na divisão JBS USA Beef -, as margens seguem acima das médias históricas. No quarto trimestre, o Ebitda da divisão ficou estável, em US$ 503,4 milhões (quase R$ 2,8 bilhões). A margem do negócio chegou a 9% no quarto trimestre, queda de 0,4 ponto. Em 2020, no entanto, a margem Ebitda da JBS USA Beef teve um incremento de 2,2%, atingindo 11%. 

No Brasil, a Seara sustentou as margens em níveis elevados, embora os grãos já comecem a pressionar o resultado. Ao Valor, Cavalcanti afirmou que os resultados de 2021 ainda são uma “incógnita” para a Seara. Diante da escalada dos preços de milho e farelo de soja, a empresa tem o desafio de repassar preços, o que depende da demanda interna. 

Fonte: Valor Econômico.

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