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Estudo de Minerva e Imaflora mostra que fazendas de gado podem capturar carbono

Uma das maiores responsáveis pelas emissões dos gases de efeito estufa no Brasil, a pecuária poderia ajudar a retirar carbono da atmosfera. Em alguns poucos casos, isso até já acontece. É o que mostra um estudo conduzido pela Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, junto com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), uma organização nãogovernamental que começou a medir o balanço de carbono em fazendas.

Em um evento que aconteceu às margens da Conferência Mundial do Clima (COP26), em Glasgow, Imaflora e Minerva apresentaram neste sábado os resultados de um balanço de carbono realizado em 25 fazendas de pecuaristas que fornecem gado à Minerva nos cinco países onde a empresa possui frigoríficos: Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai. Os estudo abarcou diferentes biomas, desde Amazônia, Pantanal e Cerrado até os Pampas e o Chaco no Paraguai.

“Os resultados mostram que é possível reduzir as emissões e outros podem se inspirar”, disse Isabel Garcia-Drigo, gerente de clima e cadeias agropecuárias do Imaflora, em entrevista por vídeo dada ao Valor – a executiva da ONG está Glasgow. De acordo com ela, o instituto já fazia o balanço de carbono em fazendas de café e grãos, mas trabalhava para chegar na pecuária por sua relevância na mitigação das emissões de gases de efeito estufa e nas economias regionais.

A parceria com a Minerva começou em abril. Para realizar o balanço das fazendas analisadas, o Imaflora e a Minerva utilizaram dados primários, com levantamentos de informações nos locais. O trabalho seguiu as diretrizes do IPCC 2019, compatível com a metodologia do GHG Protocol.

Após o trabalho, as parcerias descobriam que as 25 fazendas analisadas emitem menos carbono que a média da pecuária global. Com base na comparação de 30 artigos que tratam de emissões na pecuária, Imaflora e Minerva destacam que a média mundial de emissões na produção de carne bovina é de 19,9 toneladas de equivalente de CO2 por tonelada de carne produzida. Nas 25 fazendas do estudo, o balanço de carbono ficou de 11% a 69% abaixo da média mundial, segundo a empresa.

Conforme o diretor de sustentabilidade da Minerva, Taciano Custódio, as fazendas escolhidas para o projeto piloto seguiram o critério de fidelidade com a companhia e, portanto, fornecem gado constantemente aos frigoríficos da companhia. Por ser uma empresa voltada à exportação de carne bovina, os produtores tendem a ser usar mais tecnologia que a média da pecuária, o que significa também melhor manejo de pastos, redução de idade de abate e maior peso médio.

Ao fazer o balanço, Imaflora e Minerva também consideram que as pastagens podem sequestrar carbono. “Os pastos bem manejados sequestram e os mal manejados emitem”, diz Garcia-Drigo. O rebanho das 25 fazendas analisadas soma 232 mil, espalhados em 185 mil hectares de pasto.

Entre as fazendas do estudo, três são carbono negativo, ou seja, capturam mais do que emitem. A Santa Elena, que conta com 2,5 mil cabeças de gado em 1,8 mil hectares no departamento colombiano de Córdoba, é uma delas. As outras duas fazendas ficam no Paraguai e Argentina.

Em nota, Minerva e Imaflora destacaram que a fazenda colombiana “contabilizou emissões 45% abaixo da média mundial como resultado de estratégias que visam melhorar as pastagens com sistemas rotacionados e com suplementação estratégica […]. Além disso, espécies de árvores nativas da área têm sido conservadas para contribuírem com o equilíbrio dentro da fazenda”.

No Brasil, o estudo mostrou fazendas com baixa emissão de carbono. Na Fazenda Corumbiara, em Rondônia, as emissões ficaram 42% abaixo da média mundial, o que se deve à integração lavoura-pecuária (30% da área está destinada à agricultura, o que permite o uso de grãos no sistema de confinamento, que ajuda a reduzir a idade de abate. A fazenda está no bioma amazônico e tem aproximadamente 20 mil cabeças de gado em uma área de 16,8 mil hectares.

Para a Minerva, o desafio está apenas no começo. Depois do piloto, a companhia vai ampliar o número de fazendas que terão o balanço de carbono avaliado. Reduzir as emissões faz parte do objetivo da companhia brasileira, que pretende ser neutra em emissões de carbono até 2035.

No futuro, propriedades que sequestram carbono poderão vender créditos de carbono.

Fonte: Valor Econômico.

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