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Estruturas para armazenamento de silagens – Parte 1/2

Introdução

A produção de silagens de alta qualidade depende de um armazenamento das forragens e outros produtos ou subprodutos agrícolas destinados à alimentação animal, em locais denominados SILOS FORRAGEIROS, que permitam a ocorrência de uma fermentação anaeróbia, ou seja, com ausência de oxigênio. Durante a fermentação, açúcares disponíveis na forragem são transformados pelas bactérias lácticas principalmente em ácido lático, abaixando o pH e possibilitando a conservação do produto. Portanto, esses locais devem permitir adequada compactação da massa ensilada para que todo o oxigênio seja retirado ou consumido pela respiração do tecido vegetal. São fatores importantes nessa fase do processo, denominada de ENSILAGEM, ou enchimento dos silos, o tamanho das partículas, a umidade ou matéria seca do material, o peso e a freqüência de trânsito do trator sobre a forragem, a velocidade de transporte do campo até o silo, o abaulamento da massa, a forma e o tamanho do silo e finalmente a vedação final. Por suas características, a silagem permite a armazenagem de grandes volumes de alimentos, aumentando-se a densidade de ocupação e produção de carne ou leite, diminuindo-se a utilização de outros ingredientes concentrados da ração, mais onerosos, e conseqüentemente, reduzindo os custos de produção e diminuindo a estacionalidade de produção leiteira ou de carne. No Brasil, a silagem de milho é a mais conhecida e praticada, seguida de sorgo, capim elefante e outras espécies de gramíneas e girassol. Entretanto, é possível ensilar muitos outros produtos e subprodutos agrícolas, tais como: batata-inglesa, fécula de mandioca, resíduos cítricos, farelo de glúten de milho, borra de malte, etc.

Tipos de silos

Os tipos mais utilizados para silagem são os silos tipo “trincheira”ou “de superfície”, mas existem outras alternativas como os silo tipo “bunker”, “cisterna” ou poço, aéreo e mais recentemente, o “Silo-Press”(Silo-Tubo). Antes da escolha de um dos tipos acima, é sempre conveniente conversar com técnicos e proprietários, bem como visitar propriedades que possuam diferentes tipos de silos. O silo deve ser construído o mais perto possível da lavoura e do estábulo no qual a silagem será fornecida aos animais, pois o frete (tanto de massa verde até o silo como da silagem pronta até o galpão dos animais) é um dos itens que mais encarece o preço final da silagem. Calcule, no geral, um consumo de 25 a 35 kg de silagem por unidade animal (animal adulto, dependendo da raça, estágio de produção, etc.), por dia, multiplicado pelo número de dias do período considerado, lembrando que o cálculo preciso deve ser feito com base no consumo de matéria seca. Acrescente ao consumo estimado de matéria seca, entre 10 a 15% sobre o total para cobrir as perdas que ocorrem no processo – principalmente quando os silos não são revestidos e pela atividade de retirada da silagem do silo, colocação nos cochos e outras.

Silo de superfície

Consiste na armazenagem da silagem diretamente na superfície plana do solo, sem o uso de paredes laterais, mas recoberto com lona plástica e terra (Figura 1). Procurar escolher áreas com pequena declividade para escoamento do efluente, caso este não infiltre no solo. Deve-se optar por solos com boa drenagem e em locais mais altos, sem risco de encharcamento. É conseqüentemente a opção mais barata de silo, porém não permite boa compactação do material pela ausência de paredes laterais, o que aumenta as perdas. A utilização de forragens com maior umidade (aproximadamente 25%) e bem picadas permite uma fermentação com características aceitáveis. A ensilagem de material com altos teores de matéria seca e mal picado pode levar a perda total da silagem. É uma excelente opção para armazenamento de excessos esporádicos de forragens e como passo inicial num processo de modernização da propriedade. Quanto maior for a altura e largura do silo, maior a possibilidade de compactação, o que reduz percentualmente as perdas laterais e melhora a fermentação geral no silo. Apesar dessa recomendação ser tecnicamente possível, é difícil de ser executada na prática. O comprimento é variável, dependendo da área utilizada e quantidade de forragem. A vedação com lona, acrescido de terra ou areia ou pneus por cima é de fundamental importância para melhora do processo fermentativo e redução das perdas. A desensilagem é facilitada pelo seu formato, tanto para a forma manual como mecânica, entretanto, esta última, dependendo das dimensões do silo e do tipo de solo, prejudicada em rendimento e com maior risco de mistura da silagem com o solo.

Figura 1 – Silo superfície do Instituto de Zootecnia – Nova Odessa – SP

Silo trincheira

O tipo trincheira é caracterizado por uma vala feita no chão, preferencialmente em lugar alto e contra um barranco, na qual se deposita a silagem, compactada com um trator e posteriormente fechada a sua frente com tábuas e com lona plástica recoberta por terra, areia ou pneus (Figura 2). Para reduzir custos de construção, pode ser utilizado sem revestimento de alvenaria, porém há deterioração rápida das paredes laterais, mesmo que se utilize lona plástica nas laterais e no fundo do silo. As paredes laterais devem ser inclinadas (25%), como também deve haver uma inclinação das laterais para o meio do silo e do fundo para a boca do silo. Esse procedimento facilita o escoamento de um possível efluente. Quando revestidos com alvenaria ou tijolos em espelho, reduzem acentuadamente as perdas. Deve haver atenção com relação a profundidade do lençol freático. O formato do silo permite excelente compactação, possibilitando atingir valores médios de 500 a 660 kg de matéria verde por metro cúbico, dependendo da umidade do material, do tamanho das partículas e da forma e freqüência de compactação. Possui características que facilitam a desensilagem mecânica.

Figura 2 – Silo trincheira revestido com alvenaria

(Instituto de Zootecnia – Nova Odessa – SP)

Comentário BeefPoint: o silo mais recomendado, tanto em termos de custo quanto eficiência do processo fermentativo, ensilagem e desensilagem, é o tipo trincheira. Tanto o bunker quanto o tipo superfície são alternativas comuns e interessantes, sendo recomendado o bunker quanto houver maior disponibilidade de recursos. Tentar pelo menos levantar paredes laterais, mesmo que baixas, para permitir melhor compactação e contenção da forragem ensilada quando não for possível uma construção mais onerosa. Dependendo da quantidade de forragem armazenada e do planejamento e características da propriedade, a melhor escolha pode ser a utilização de mais de um tipo simultaneamente.

Fonte: NUSSIO, L. G; PENATI, M. A; DEMARCHI, J. J. A de A. Guia para produção de silagem. Uberlândia, MG, Sementes AGROCERES, 1999. 49 p. – GOMEZ, J. C. A. Revolução Forrageira. Livraria e Editora Agropecuária, Guaíba, 1998. 96 p.

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