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Estomatite Vesicular

A estomatite vesicular (EV) é uma enfermidade importante na América, afetando bovinos, suínos e eqüídeos (OIE, 2004). Soma-se ao próprio impacto da doença a peculiaridade de ser clinicamente indistinguível da febre aftosa, necessitando de um diagnóstico laboratorial rápido e preciso para a diferenciação de ambas e tomada de atitude correta quanto ao foco. Está na lista da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como de notificação obrigatória. Além dos óbvios problemas causados pela infecção animal, é preocupante o fato de a EV ser uma zoonose.

A estomatite vesicular (EV) é uma enfermidade importante na América, afetando bovinos, suínos e eqüídeos (OIE, 2004). Soma-se ao próprio impacto da doença a peculiaridade de ser clinicamente indistinguível da febre aftosa, necessitando de um diagnóstico laboratorial rápido e preciso para a diferenciação de ambas e tomada de atitude correta quanto ao foco. Está na lista da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como de notificação obrigatória. Além dos óbvios problemas causados pela infecção animal, é preocupante o fato de a EV ser uma zoonose.

Etiologia

A EV é causada por um vírus da família Rhabdoviridae, gênero Vesiculovirus. É um vírus RNA com dois tipos antigenicamente distintos, Nova Jersey (NJ) e Indiana (Ind). EV-Ind é ainda dividida em três sub-tipos, Indiana-1, Indiana-2 (Cocal) e Indiana-3 (Alagoas), sendo essa última isolada no Brasil, na unidade federativa que lhe confere o nome (Feder et al., 1967).

Epidemiologia

As espécies susceptíveis à infecção pelo vírus da EV são cavalos, burros, mulas, bovinos, suínos, lhamas e humanos. Caprinos e ovinos são resistentes e raramente apresentam sinais clínicos. A enfermidade ocorre apenas na América, apesar de casos já terem sido relatados na França e na África do Sul. A maioria dos focos está ligada aos tipos virais NJ e Ind-1. Os tipos Ind-2 e Ind-3 eram encontrados apenas em cavalos até o isolamento desse último em um bovino em 1977 (Alonso e Sondhal, 1985).

A transmissão do vírus ainda não foi completamente compreendida, mas especula-se que depende de insetos como vetores, sendo citadas as moscas da espécie Lutzomia shamnnoni e da família Simuliidae. Depois de ter sido introduzido em um rebanho, o microrganismo pode ser transmitido pelo contato direto entre os animais infectados, além dos fômites contaminados com o fluido das vesículas ou saliva (Comer et al., 1992).

Uma teoria mais recente trata o agente como um vírus de plantas disseminado pelos vetores artrópodes e tendo os mamíferos como hospedeiros finais da infecção (Mason, 1978).

Outra característica comum na EV é a tendência a surgir após as estações chuvosas em regiões de clima tropical. Em climas temperados, é mais freqüente no verão.

Os humanos podem ser contaminados pelo contato com animais infectados, tanto pela saliva dos mesmos quanto pelos fluidos vesiculares. Outra via importante de contaminação é por aerossóis nos laboratórios. Áreas de grande proliferação de insetos são reconhecidas como de alto risco (Shelokov & Peralta, 1967).

No Brasil, a enfermidade já foi diagnosticada em Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Todos os focos foram associados ao tipo Indiana, sendo o NJ ainda considerado exótico no país.

Sinais Clínicos

O vírus tem um período de incubação de dois a oito dias, mas já foram encontrados casos em que as vesículas desenvolveram-se em 24 horas. O primeiro sintoma é a salivação excessiva com posterior formação de vesículas cujos fluidos são importantes no mecanismo de transmissão da doença. Essas últimas aparecem nas tetas (em bovinos, podendo levar a mastite com perda da função mamária), língua, no interior e exterior dos lábios, focinho e patas (a coroa do casco é particularmente afetada). Após a erosão das vesículas, as úlceras provocam anorexia e recusa a beber. O animal perde muito peso e rebanhos leiteiros apresentam perda na produção.

A enfermidade raramente é fatal em bovinos e eqüinos, mas tende a ser letal em suínos. Os animais se recuperam em duas semanas, a menos que infecções bacterianas estejam associadas.

Em humanos, o período de incubação é de três a quatro dias, sendo o mais extenso de seis dias. Os sintomas são parecidos com gripe, entre eles: dores de cabeça, náuseas, dores musculares, vômitos e faringite.


Foto 1. Bovino com extensa ulceração e salivação


Foto 2. Teta distal de bovino severamente erodida e hemorrágica

Diagnóstico

O diagnóstico clínico da Ev é idêntico ao da febre aftosa, exantema vesicular e doença vesicular dos suínos. A distinção entre a EV e a febre aftosa em campo pode se dar pela infecção de cavalos, já que a segunda não afeta tal espécie.

O diagnóstico laboratorial é a peça essencial para a diferenciação das enfermidades citadas acima. A OIE recomenda ovos de galinha ou camundongos não desmamados para o isolamento, além do diagnóstico sorológico por ELISA. Fixação de complemento e neutralização viral também são citados. O material a ser enviado são os fluidos vesiculares, epitélio que cobre as vesículas não rompidas e swabs das vesículas recentemente rompidas. Na ausência do tecido epitelial, amostras do fluido esofágico-faringeo podem ser utilizadas.

Controle

Um controle possível seria o controle de insetos e manter animais em estábulos secos. A quarentena e isolamento dos animais infectados é importante para se evitar a transmissão. A vacinação existe, mas ainda não é usada comercialmente (OIE, 2004).

Referências bibliográficas:

Alonso Fernandez A. & Sondahl M.S. (1985). Antigenic and immunogenic characterisation of various strains of the Indiana serotype of vesicular stomatitis isolated in Brazil. Bol. Cen. Panam. Fiebre Aftosa, 51, 25-30.

Comer S.A., Corn J.L., Stallknecht D.E., Landgraf J.G. & Nettles V.F. (1992). Titers of vesicular stomatitis virus New Jersey serotype in naturally infected male and female Lutzomyia shannoni (Diptera: Psychodidae) in Georgia. J. Med. Entomol., 29, 368-370.

Federer K.E., Burrows R. & Brooksby J.B. (1967). Vesicular stomatitis virus ( the relation between some strains of the Indiana serotype. Res. Vet. Sci., v. 8, 103-117.

Mason J. (1978). The epidemiology of vesicular stomatitis. Bol. Cen. Panam. Fiebre Aftosa, 29-30, 35-53.

Shelokov, A.L., Peralta, P.H. (1967).Vesicular Stomatitis Virus, Indiana Type: an arbovirus infection of tropical sandflies and humans. Am. J. Epidemiol., v. 86, n. 1, 149-157.

Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). 2004. Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals, OIE World Organisation for Animal Health. Aujeszky´s Disease updated 2004/07/23. http://www.oie.int/eng/normes/mmanual/A_00041.htm

0 Comments

  1. Rodrigo Girardi Frigoni disse:

    Parabéns aos autores do artigo, pois conseguiram explicar de forma clara e concisa os principais pontos dessa enfermidade.

    Com isso, muitos criadores e pessoas relacionadas à área tem a possibilidade de conhecer a doença e ficarem ligados quando, se por ventura, vier ocorrer algum caso.

    Boa tarde!

  2. Antonio Roberto R. Mira Junior disse:

    Parabéns pelo artigo, pois é uma doença que nós médicos veterinarios e criadores precisamos ficar atentos. Pois trata-se de uma doença que pode afetar nós humanos ,através de contato direto com fluido de animais contaminados.

    Parabéns a toda equipe.

  3. Ronnie Antunes de Assis disse:

    “Prezado Antonio Roberto R. Mira Junior”,

    Agradecemos imensamente a gentileza de Vsa.

    Cordialmente,

    Ronnie Assis

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