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Estacionalidade e magnitude de produção na orçamentação forrageira

A maior parte da variação estacional na produção de forragem é devida ao padrão climático sazonal. O efeito da sazonalidade climática sobre o crescimento da pastagem pode ser razoavelmente previsto por meio da variação das temperaturas médias e da umidade do solo (relacionada à quantidade e à distribuição das chuvas). Adicionalmente, as respostas ao padrão climático dependem do genótipo da planta forrageira.

A maior parte da variação estacional na produção de forragem é devida ao padrão climático sazonal. O efeito da sazonalidade climática sobre o crescimento da pastagem pode ser razoavelmente previsto por meio da variação das temperaturas médias e da umidade do solo (relacionada à quantidade e à distribuição das chuvas). Adicionalmente, as respostas ao padrão climático dependem do genótipo da planta forrageira.

O efeito da temperatura sobre a estacionalidade da produção pode ser previsto com razoável precisão por meio da soma térmica para o período de crescimento. Para isso é necessário conhecer a temperatura base da planta forrageira. Porém, ainda são escassos os dados científicos sobre a temperatura base, que indica a temperatura abaixo da qual a taxa de acúmulo de forragem da planta tende a zero, principalmente para plantas tropicais. Recomenda-se utilizar valores entre 14 e 17º C.

Aparentemente o capim elefante (Pennisetum) e algumas espécies do gênero Cynodon apresentam temperatura base mais baixa (14 a 15º C); Brachiaria decumbens valores intermediários (15-16º C); Brachiaria brizantha e Panicum maximum, como os capins Tanzânia e Mombaça, valores mais elevados (16 – 17º C). Para se determinar a produção potencial relativa de forragem (PPR), em cada mês do ano, com base na temperatura média mensal, pode-se utilizar a Equação 1:

Em que Tótima refere-se à temperatura ótima para a planta forrageira ou temperatura base superior.

Novamente, dados científicos ainda são escassos para as forrageiras tropicais. Para fins de planejamento pode-se considerar a temperatura média mensal de 30º C como Tótima. T refere-se à temperatura média do período. Quando a temperatura média mensal superar a temperatura ótima, deve-se considerar PPR = 1. Exemplificando, considere a temperatura média (T), ótima (Tótima) e basal (Tb) de 26º C, 30º C e 15º C, respectivamente. Nesse caso, a PPR seria de 0,73, ou 73% [(26-15)/(30-15) = 11/15].

A produção em cada mês também é afetada pela umidade do solo¹. Procedendo-se o cálculo do balanço hídrico pode-se utilizar a relação entre evapotranspiração real (ETR) e evapotranspiração máxima (ETM) para previsão da redução de produtividade associada ao déficit hídrico. O valor do coeficiente de cultura (Kc), que relaciona a evapotranspiração da cultura à evapotranspiração de referência (ETo) deve ser informado. Esse valor depende basicamente da espécie forrageira, do estádio vegetativo e do índice de área foliar. Pode-se assumir os valores de Kc ao redor de 0,6 para o inverno, de 0,9 para a primavera e o outono e de 1,2 para o verão. Considera-se que a produção de forragem é reduzida linearmente quando a razão ETR/ETM for menor que 0,5, com magnitude definida conforme o fator de restrição hídrica (FH) calculado pela Equação 2, o qual servirá como mais um fator de correção para a produção de forragem projetada. Equação 2:

As estimativas de ETR e ETM podem ser realizadas por agrônomos ou zootecnistas especializados. A Figura 1 mostra a amplitude de valores do fator de correção associado à restrição hídrica (FH) em função da relação ETR/ETM.

Figura 1. Valores do fator associado à restrição hídrica (FH) utilizado para a correção (fator multiplicador) da produção de forragem em gramíneas tropicais de acordo com a relação ETR/ETM (adaptado de Donnelly, 1997).

A magnitude da produção está relacionada ao potencial produtivo da espécie, manejo do pastejo e oferta ambiental, que inclui o residual de adubações anteriores e as adubações sendo efetuadas na pastagem. A magnitude é altamente variável e de difícil previsão em condições tropicais. Ela depende do tipo e fertilidade do solo, densidade populacional da pastagem, tipo de manejo, consorciação, relevo, entre outros. Para fins de cálculo, pode-se utilizar o valor de produtividade de referência (M) que se refere ao potencial de produção da planta na temperatura ótima, sem deficiência hídrica e com fertilidade de solo típica do sistema. A Tabela 1 apresenta valores típicos a serem utilizados no planejamento.

Tabela 1. Amplitude típica para a produtividade de referência ou potencial (M) para diferentes tipos de pastagens tropicais no Brasil Central.

Assim, para estimar a produtividade da pastagem (sem adubação nitrogenada) no í-ésimo mês (Pi) pode-se utilizar a Equação 3.

Pi = M * PPRi*FHi + DNi*RNi, Equação 3

Em que,
M é a produtividade de referência da pastagem;
PPRi é o potencial de produção relativo à temperatura no í-ésimo mês (ºC);
FHi é o fator multiplicador relacionado à deficiência hídrica;
DNi é a dose de N no i-ésimo mês
RNi é a taxa de acréscimo no acúmulo de forragem em resposta à adubação nitrogenada
(kg MS/ kg N) no i-ésimo mês.

A Equação 3 considera que a produtividade pode ser modifica pelo uso de adubos nitrogenados. De acordo com dados compilados por Martha Júnior et al. (2004), a eficiência de conversão do N-fertilizante em massa seca de forragem pode atingir valores de até 83 kg MS/kg N aplicado, porém, em apenas 11% dos casos, que contemplaram 382 observações de adubação nitrogenada em pastagens de gramíneas tropicais, obteve-se eficiência superior a 45 kg MS/kg N aplicado. A resposta média observada por esses autores foi de 26 kg MS/kg de N aplicado, ou seja, algo em torno de 12 kg de MS/kg de uréia. Assim, recomenda-se utilizar valores entre 20 a 30 kg MS por kg de N a não ser que o histórico local indique valores diferentes. A distribuição de probabilidades de resposta à adubação nitrogenada pode ser encontrada em Martha Júnior et al. (2004).

Fonte:
DONNELLY, J.R.; MOORE, A.D.; FREER, M. GRAZPLAN: decision support systems for Australian grazing enterprises – I. Overview of the GRAZPLAN project and a description of the MetaAccess and LambAlive DSS. Agricultural Systems, v.54, p.57-76, 1997.
MARTHA JÚNIOR, G.B; VILELA, L.; BARIONI, L. G.; SOUSA, D. M. G. de; BARCELLOS, A. O. Manejo da Adubação Nitrogenada em Pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21; 2004. Piracicaba: FEALQ, 2004. p. 155 – 216.

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