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Espero mostrar a todos, como o bem-estar pode melhorar a propriedade, os funcionários e os animais – Adriano Pascoa [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal -,  no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal. Além de palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em bem-estar no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint -, conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Adriano Gomes Pascoa, finalista na categoria Profissional Referência em Bem-estar Animal.

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Adriano Gomes Pascoa mora em Paragominas/PA e é zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Unesp – Campus de Jaboticabal/SP. Seus hobbies preferidos são: assistir séries e procurar inovações tecnológicas para auxiliar em seu trabalho. Além de que o livro que indica é Game of Thrones.

BeefPoint: O que você implementou de diferente no trabalho de difusão dos conceitos em bem-estar animal – de forma técnica? 

Adriano Pascoa: Existem dois temas distintos que eu atuo e que considero relevante à difusão do tema de bem-estar animal. O primeiro e o mais antigo é na área de uso do espaço e sistemas de informação geográfica. Essa última é uma ferramenta muito poderosa que auxilia no planejamento em diversas situações.

Em escala menor, por exemplo, como distribuir os recursos em uma área de pastejo para que os animais utilizem da melhor maneira possível (inclinação do terreno, distância da água, formato do piquete, entre outros) e em larga escala, por exemplo, conhecer a influência das distâncias percorridas pelos caminhões boiadeiros, tipo de estrada, modo de direção por parte dos motoristas, no pH e quantidade de hematomas nas carcaças dos bovinos.

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E o segundo tema, o que eu tenho trabalhado mais recentemente, é com treinamento sistemático de fazendas e o acompanhamento da evolução nas mesmas de acordo com o grau de participação dos funcionários, técnicos, gerentes e proprietários. Temos percebido que com a sistematização desse acompanhamento em uma mesma região e com o apoio de uma entidade de classe (nesse exemplo, uma Associação de Produtores Rurais), o tema tem se difundido mesmo em fazendas em que não temos realizado visitas. Saber disso é muito gratificante.

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BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

Adriano Pascoa: Do meu ponto de vista existem 3 tipos de pecuaristas com relação à permissividade em adotar novas técnicas de manejo.

O primeiro, um pecuarista “pobre”; não no sentido financeiro, mas segundo o conceito do Prof. Mateus Paranhos, pobre em espírito, conduzindo uma fazenda pobre, com funcionários pobres e animais pobres. A fazenda vem sempre em segundo plano para essas pessoas.

O segundo tipo é o fazendeiro “tradicional”, e aqui longe de mim rotular o tradicional como um conceito ruim (existem coisas e culturas tradicionais muito valiosas e que devem ser mantidas), mas aquele tipo de profissional e pecuarista que sabe de tudo, que aprendeu com o pai, que aprendeu com o avô e que não oferece abertura a mudanças que ele não conhece. Esse tipo de profissional é dificil de ser trabalhado com relação às novas técnicas, mas não impossível. Nesse caso exige maior perseverança e eles devem ser trabalhados com exemplos e números. Algumas regiões concentram maior quantidade de pessoas desse tipo, principalmente as regiões onde a cultura vaqueira é mais antiga (Minas Gerais, Goiás, São Paulo).

E o terceiro tipo, o mais fácil de aceitar novas tecnologias são os novos pecuaristas, originados em outras atividades e que são abertos. A aceitação nesse caso é muito maior. Porém, nesses casos eles devem ser trabalhados com muito cuidado e critério, pois serão exemplos a serem seguidos pelos demais produtores.

BeefPoint: Quais as técnicas e argumentos você utiliza para convencer o seu cliente que o bem-estar animal é algo que faz a diferença em todo o ciclo da cadeia produtiva da carne?

Adriano Pascoa: Apesar de não ser o produto “fim” a ser buscado, o argumento principal (e que o produtor na maior parte das vezes quer ouvir) é o de que bem-estar dá lucro!

Além disso, temos trabalhado um conceito mais amplo que é o de bem-estar na propriedade como um todo. Não adianta só os animais estarem bem, se os funcionários tem filhos doentes ou que não tem acesso a escola, ou ainda a fazenda está amargando prejuízos. Os outros argumentos utilizados são o menor esforço de trabalho (quando se trabalha de acordo com a compreensão do comportamento bovino), menor risco de acidentes, animais menos reativos, carcaças melhores (em qualidade e menor quantidade de hematomas), melhores resultados produtivos e reprodutivos (o cortisol gerado pelo estresse atrapalha a ambos). Com isso conseguimos vender o nosso principal produto que é: O bem-estar é bom! Ponto.

BeefPoint: Qual o perfil de pecuarista que procura pelo seu serviço?

Adriano Pascoa: Os pecuaristas mais tecnificados e originados em outras atividades são os que mais procuram os nossos serviços. Eles são mais sujeitos a mudanças na atividade por ainda estar aprendendo. Um outro perfil que procura nosso trabalho são empresas de medicamentos, nutrição e fertilidade, que oferecem nossos serviços a seus clientes como uma maneira de melhorar a eficiência dos seus produtos.

BeefPoint: Como você descreveria sua linha de trabalho? Como o bem-estar se integra nisso? O que vem lhe trazendo mais resultados? 

Adriano Pascoa: Tive contato com bem-estar ainda no primeiro ano da faculdade há 17 anos. Naquela época praticamente pedíamos “esmola” para trabalhar com o tema, implorando para que alguma fazenda abrisse as portas para poder conseguir testar nossas teorias acerca desse tema.

Mantivemos o foco e com a ajuda de algumas instituições e fazendas (poucas mas, hoje temos relação de amizade com essas pessoas) hoje o nosso trabalho é valorizado e tenho orgulho de dizer que fiz parte dessa mudança de conceito.

Durante muitos anos ouvia de pessoas distantes e próximas, que esse tema não iria encher a barriga de ninguém e que o tema era “moda”. Pois bem, não era, e hoje somos procurados por toda a cadeia produtiva, do pecuarista ao frigorífico, das revistas especializadas ao Governo. Quando você acredita naquilo em que você trabalha e ama, isso deixa de ser trabalho e passa a ser um modo de vida.

Minha missão: alcançar o maior número possível de produtores que eu puder, porém sem perder a qualidade. Não acredito em difusão de massa (isso sim é moda). As pessoas só se transformam quando elas acreditam, não porque alguém diz que é para fazer.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Adriano Pascoa: Nesse tema, existem aproveitadores, que aparecem quando veem uma oportunidade (e ela é grande hoje), e na maioria das vezes são mais agressivos e tem um poder de persuasão maior que o meu. Meu erro em muitas das vezes foi confiar nesse tipo de pessoa. Mas é uma coisa que aprendi a selecionar com o tempo e hoje posso até me distanciar de pessoas bem intencionadas, mas vou sempre devagar, tentando descobrir o que move esse profissional.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade no setor você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando inovar?

Adriano Pascoa: Com bovinos, com certeza, os currais menores e desenhados para o manejo racional.

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Essa ideia vem crescendo ao longo dos anos e além de diminuir custos, facilita o manejo e deixa os animais mais tranquilos nas áreas de pastagem anexas ao curral, afinal o curral é lugar de passagem.

Outra técnica que vem crescendo e me fascina é a desmama lado a lado, onde bezerros e vacas permanecem durante um período ao lado um do outro. A desmama acontece sem o estresse da separação e os resultados em ganhos de peso e diminuição de problemas acontecem.

Com relação ao que precisamos, acredito que no ramo das pesquisas precisamos avançar mais. É inconcebível imaginar que não existam alternativas para avaliar a eficiência de digestibilidade em animais ruminantes diferente da fístula, técnica essa que é utilizada no Brasil desde 1965 e que tem seus resultados extremamente questionáveis, pois transforma um órgão anaeróbico em uma bolsa de estudos em que o ar entra facilmente.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

Adriano Pascoa: Meus planos são consolidar meus trabalhos nesse tema e aplicar sempre novas tecnologias com forma de acelerar os resultados. Além disso, como o projeto em que estou trabalhando há 3 anos está chegando ao fim,  e assim, espero conseguir mostrar a todos que tem interesse como o bem-estar pode melhorar a propriedade, os funcionários e os animais.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje?

Adriano Pascoa: Rastrear qualidade. Só assim iremos evoluir de maneira consistente e rápida.

BeefPoint: Qual o exemplo de profissional dessa área você mais admira?

Adriano Pascoa: Minha admiração é suspeita, mas admiro muito o professor Mateus Paranhos, pelos anos de conhecimento que obtive com ele, pelo companheirismo, amizade e perseverança.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Adriano Pascoa: Não procurem o bem-estar como ferramenta de ganho financeiro. O bem estar é bom, para a fazenda, para os animais, para os funcionários e para o dono. O resultado financeiro vem naturalmente.

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Confira outras fotos que ilustram o trabalho desenvolvido por Adriano Pascoa|BEA Consultoria e Treinamento:

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1 Comment

  1. Antonio Salim pinto Martin disse:

    Achei muito interessante o conteúdo,principalmente no momento em que a pecuária deve ser enfrentada com o mínimo de profissionalismo,haja vista as exigência estabelecidas pelo mercado.Taí, o grande desafio para quem deseja investir nesta atividade,é o meu caso!.estou iniciando com um pequeno rebanho-pec.corte,desejaria receber,material instalações(curral,cocho p sal)etc..com detalhes , nutrição e manejo.

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