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Escolha de espécies forrageiras

A escolha adequada da espécie forrageira é um dos principais fatores de sucesso na implantação e manutenção de pastagens. Dessa forma, informações sobre a adaptação dos cultivares às diferentes condições de estresse ambiental são essenciais para guiar técnicos e produtores durante o planejamento do sistema de produção.

Mattos et al. (2005) estudaram o efeito do déficit hídrico e do alagamento sobre o crescimento de espécies de Brachiaria. Os autores avaliaram três cultivares comerciais (Brachiaria decumbens cv. Basilisk, B. brizantha cv. Marandu e B. mutica) e três acessos (B. brizantha B-11, B. humidicola cv. Tupy e B. dictyoneura). Os capins foram estabelecidos via sementes, fornecidas pela Embrapa Gado de Corte (exceto a B. mutica que foi propagada vegetativamente).

Neste experimento, os estresses hídricos tiveram efeitos diferenciados sobre as características produtivas das espécies. A produção de massa verde foi maior na B. brizantha B-11 sob regime de déficit hídrico, enquanto em B. dictyoneura e B. mutica observou-se tendência de valores mais altos sob regime de alagamento (Figura 1).


Figura 1. Produção de massa verde (kg MS/ha) de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, B. brizantha cv. Marandu, B. mutica, B. brizantha B-11, B. humidicola cv. Tupy e B. dictyoneura em condições de alagamento e déficit hídrico. Adaptado de Mattos et al. (2005).

Os autores atribuíram o melhor desempenho da B. brizantha B-11 em áreas sob déficit hídrico ao grande desenvolvimento de seu sistema radicular e à sua elevada produção de parte aérea, principalmente lâminas foliares. Já a B. mutica foi a espécie melhor adaptada ao alagamento em virtude da maior altura de suas plantas e da produção de colmos e raízes adventícias.

Comentário do autor:

A escolha adequada da espécie forrageira é essencial para o sucesso na formação e utilização de pastagens. Dessa forma, é importante que a resposta das plantas aos principais fatores de estresse seja bem conhecida e divulgada entre técnicos e produtores. Os dados de Mattos et al. (2005) mostram que há diferenças entre espécies de um mesmo gênero e, até mesmo, entre cultivares de uma mesma espécie. De acordo com os resultados desse trabalho, a B. dictyoneura e a B. mutica seriam as espécies mais adequadas para plantio em áreas alagadas. Nos últimos anos, têm sido muito divulgados dados de morte de braquiarão na Região Norte do país. Em parte, essa mortalidade pode estar relacionada ao plantio desse capim em áreas sujeitas ao alagamento. No trabalho de Mattos et al. (2005) não havia um tratamento “testemunha” (sem estresse hídrico), porém os autores verificaram que a produção do braquiarão em condições de alagamento foi apenas 8% daquela observada no período pré-experimental, quando ainda não havia estresse hídrico.< /i>

Literatura citada:

MATTOS, J.L.S.de; GOMIDE, J.A.; HUAMAN, C.A.M. Crescimento de espécies de Brachiaria sob déficit hídrico e alagamento a campo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p.755-764, 2005.

2 Comments

  1. José Romualdo Negrelli disse:

    Prezada Patrícia,

    Parabéns pelo artigo. Esclarece bastante as diversas cultivares de capim, em relação à produção em condições diversas.

    Porém, não ficou claro para mim o que devo fazer em minha propriedade, situada no estado do Mato Grosso, na região de Alto Garças , com caracteristica de solo pobre, muito arenoso e com pouca argila (ao redor de 15%).

    Em minha propriedade tenho diversos cultivares, tais como humidícola, bryzanta e dictyoneura. Tenho sentido que o Bryzanta na seca, se mal manejado morre. Não sei se é o excesso de calor nas raízes sem proteção ou a seca. Por outro lado, senti que mesmo em terrenos secos não ocorre o mesmo com a humidícola e a dictyoneura.

    Gostaria de saber se no meu caso devo abandonar o primeiro cultivar ou vale a pena investir de alguma forma que desconheço na sua manutenção, tendo em vista sua maior produção de MS. Por outro lado percebo que os demais cultivares respondem bem às condições da minha região.

  2. Patricia Menezes Santos disse:

    Prezado José Romualdo,
    É difícil dar alguma opinião sem conhecer a realidade de sua propriedade. A morte do braquiarão não deve ser provocada pelo calor nas raízes. Muitos fatores podem determinar a baixa persistência deste capim, mas, de acordo com sua mensagem, baixa fertilidade do solo e manejo inadequada parecem ser os mais prováveis. A escolha entre substituir ou não os capins depende de seus objetivos e do sistema de produção adotado. O ideal seria levar um técnico à sua propriedade para que um diagnóstico mais completo fosse feito.

    Atenciosamente,
    Patricia Menezes Santos
    Embrapa Pecuária Sudeste

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