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Entrevista com Prof. Dr. Iveraldo Dutra sobre vacinas e as vacinações no controle das clostridioses (Parte 1)

Entrevista concedida pelo Prof. Dr. Iveraldo Dutra à Vallée S.A, enfocando o estágio atual do conhecimento técnico e científico sobre as vacinas e as vacinações no controle das clostridioses.

Entrevista concedida pelo Prof. Dr. Iveraldo Dutra à Vallée S.A, enfocando o estágio atual do conhecimento técnico e científico sobre as vacinas e as vacinações no controle das clostridioses. A entrevista foi dividida em 5 partes.

O Prof. Dr. Iveraldo Dutra é Professor Titular da Disciplina de Enfermidades Infecciosas dos Animais, Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, SP.

Quais as clostridioses de maior impacto econômico quando se pensa na realidade brasileira?

Iveraldo Dutra: As clostridioses (principalmente o botulismo e o carbúnculo sintomático) são consideradas as maiores causas de mortalidade bovina no Brasil, seguidas da raiva e das intoxicações por plantas. A clostridiose potencialmente mais importante na pecuária mundial e brasileira é sem dúvida alguma o carbúnculo sintomático. Este reconhecimento decorre não somente do entendimento dos técnicos, mas da percepção geral e do consenso dos produtores sobre a necessidade de vacinação, principalmente dos bovinos com idade entre 6 a 30 meses. Embora seja uma das vacinas mais comercializadas no Brasil e no mundo, não é raro notícias de surtos da doença, que geralmente ainda ocorrem por descuido ou falhas nos programas de vacinação de bovinos e ovinos.

O botulismo é outra clostridiose com histórico dramático nas décadas de 1980, 1990 e até meados da década de 2000. Nesses aproximados 25 anos, a doença foi responsável pela mortalidade de milhões de bovinos em quase todas as regiões do país. Estima-se que tenham morrido pela enfermidade mais de 10 milhões de animais adultos, predominantemente vacas. O desconhecimento inicial das medidas de controle da doença e os riscos epidemiológicos crescentes nos sistemas de produção foram dois dos fatores responsáveis por esta verdadeira guerra biológica no campo. A percepção geral atual é a de que a fase de grandes surtos da doença já passou; isto se deve seguramente à significativa cobertura vacinal do rebanho brasileiro e à adoção de medidas gerais. De acordo com estudos epidemiológicos animais não vacinados contra o botulismo têm 11,6% mais riscos de morrerem da doença diante de desafio convencional. Da mesma forma, quando o botulismo incide em rebanhos de corte em que não se pratica a vacinação, a mortalidade média é de 9,13%. Nos surtos da doença associados à água e alimentos contaminados a mortalidade incide 13% dos animais.

Embora de impacto econômico comparativamente mais restrito ou regional, as gangrenas gasosas, edema maligno, hemoglobinúria bacilar também tem seu significado como causa de mortalidade bovina no país e devem ser consideradas.

As enterotoxemias têm enorme significado econômico na ovinocultura e caprinocultura. Com incidência também em animais jovens na bovinocultura leiteira e de corte, este complexo raramente é diagnosticado por causa das suas características epidemiológicas (morte súbita), dificultando assim a avaliação da sua real magnitude no nosso meio.

Qual a importância do uso de vacinas clostridiais no controle do botulismo e do carbúnculo sintomático na pecuária bovina?

Iveraldo Dutra: Os riscos potenciais destas duas clostridioses são reais e permanentes na bovinocultura. Os surtos recentes dessas enfermidades estão predominantemente relacionados à ausência ou falhas nos programas de vacinação. Assim, a imunização contra estas doenças passam a ter caráter necessário em programas sanitários preventivos.

Quando se realiza qualquer análise do custo-benefício da vacinação, e se leva em consideração os coeficientes médios de mortalidade quando estas doenças incidem nos rebanhos desprotegidos, não há como desconsiderar esta prática sanitária. No nosso entendimento, temos que evoluir em relação a alguns conceitos equivocados e que já causaram sérios prejuízos aos produtores e ao país. O fato é que devemos consolidar o conceito da obrigatoriedade para as vacinações contra estas clostridioses, e não apenas para aquelas enfermidades constantes de programas oficiais vigentes no país. Não se trata de transformar isto em questão de regulamentação, mas de aceitação comum e inegociável no manejo sanitário da bovinocultura.

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