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Entre frigoríficos, apenas JBS subiu

Mais valiosa empresa do agronegócio brasileiro, respondendo por mais de 35% do valor de mercado das empresas que fazem parte do levantamento do Valor Data, a JBS salvou o ano dos investidores de frigoríficos. Em 2018, as ações da companhia controlada pela família Batista registraram alta de 18,8%, e seu valor de mercado subiu quase R$ 5 bilhões, para R$ 31,6 bilhões.

Entre as quatro empresas de carnes listadas na bolsa, somente a JBS encerrou o ano com resultado positivo nessa frente. Marfrig Global Foods, BRF e Minerva Foods amargaram quedas. Juntas, as três companhias perderam mais de R$ 14 bilhões em valor de mercado. E o destaque negativo, como já era esperado, foi a BRF, cuja perda chegou a quase R$ 12 bilhões.

Mesmo com a troca de gestão, e a indicação bem-recebida de Pedro Parente para o cargo de presidente do conselho de administração e CEO global, as ações da BRF patinam diante do delicado desafio para a empresa se recuperar. Além de estar muito endividada, a rentabilidade das operações foi bastante prejudicada por erros da gestão anterior.

Não bastasse isso, a Operação Trapaça (terceira fase de Carne Fraca) atingiu em cheio a empresa. Funcionários da BRF respondem a suspeitas de fraude de testes da bactéria salmonela em lotes de carne de frango exportada à União Europeia, entre outras irregularidades. A UE alegou perda de confiança de controles sanitários e proibiu a companhia de exportar ao bloco, o que inundou o mercado interno com a carne de frango que seria embarcada. Para amenizar a crise, a BRF fechou fábricas temporariamente e demitiu cerca de 4 mil funcionários no Brasil. Nesse cenário, a companhia admitiu que só conseguirá normalizar a rentabilidade do negócio em dois anos.

Com a corrosão de seu valor de mercado, BRF perdeu o posto de empresa mais bem avaliada para a JBS, cujas ações se recuperaram no último trimestre do ano. Até então, os papéis da empresa dos Batista vinham patinando nos mesmos níveis do fim de 2017. Mas a divulgação do balanço do terceiro trimestre, em outubro, com bom desempenho das operações nos EUA e expressiva melhora na rentabilidade dos negócios no Brasil, deu início a um movimento de alta que se intensificou com a indicação de Gilberto Tomazoni para o cargo de CEO e de Guilherme Cavalcanti para liderar a área de finanças e relações com investidores.

Com Tomazoni, a companhia tem, pela primeira vez, um executivo de fora da família Batista no comando. Além disso, as mudanças na gestão reforçam os planos da JBS de fazer uma oferta inicial de ações (IPO da subsidiária JBS Foods International na bolsa de Nova York. A medida é vista por analistas como uma grande oportunidade para a companhia “destravar” valor aos acionistas e ganhar acesso mais barato a recursos que podem acelerar seu avanço.

Em termos relativos, a Minerva teve o pior desempenho entre os frigoríficos, com quedas de 52,2% das ações e de R$ 1,3 bilhão do valor de mercado. A empresa de carne bovina de Barretos (SP) teve um ano conturbado, desde o início. Em fevereiro, Edison Ticle deixou o cargo de diretor de finanças após nove anos, gerando especulações sobre desentendimentos com o presidente Fernando Galletti de Queiroz. Seu substituto, Eduardo de Toledo, ficou apenas dois meses no cargo, e a situação só se acalmou em maio, com a volta de Ticle ao cargo de diretor de finanças.

Ticle teve de lidar com uma escalada do índice de endividamento da companhia, o que assustou investidores. Em razão da maior necessidade de capital de giro para suportar os frigoríficos adquiridos da JBS, no Mercosul, e do impacto negativo da valorização do dólar sobre a dívida em moeda estrangeira, o índice de alavancagem da Minerva atingiu 5 vezes. Para reduzi-lo, a empresa decidiu fazer um aumento de capital privado de R$ 1 bilhão, o que diluiu os minoritários. Também colocou em marcha a abertura de capital da subsidiária Athena Foods na bolsa do Chile. A expectativa é que 2019 seja melhor por causa de uma aquecida demanda pela carne bovina da América do Sul, onde a Minerva lidera a exportação de carne bovina

A Marfrig perdeu R$ 1,2 bilhão em valor de mercado – as ações caíram 25,4% -, mas vendeu a subsidiária Keystone à americana Tyson por mais US$ 2,2 bilhões e reduziu sua dívida líquida pela metade, além de ter ingressado no mercado americano de carne bovina adquirindo o National Beef (quarto maior frigorífico de carne bovina dos EUA). Com isso, a empresa parece estar mais estruturada para a voltar a lucrar e a distribuir dividendos depois de quase uma década.

Importante fornecedora de medicamentos para a pecuária, a indústria veterinária Ourofino colheu os frutos de uma reestruturação comercial feita no ano anterior e viu as ações subirem 41,5%. Nos primeiro nove meses deste ano, o lucro líquido mais que dobrou, para R$ 49,7 milhões, e a empresa, que fatura menos que R$ 600 milhões, está valendo R$ 1,8 bilhão – mais que a Minerva, que fatura R$ 16 bilhões.

Fonte: Valor Econômico.

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