Atacado – 24/11/11
24 de novembro de 2011
Pedro de Felício é um dos palestrantes do curso sobre Qualidade da Carne
24 de novembro de 2011

Entenda como Paragominas, no Pará, saiu da lista de maiores desmatadores e virou exemplo de pecuária sustentável

Buscando regularizar o desmatamento, um trabalho de cadastro das propriedades rurais e levantamento das áreas de Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) mostrou que 66% da área do município era coberta por vegetação nativa, e que Paragominas não pertencia à lista do MMA dos municípios que mais desmatavam.

Em 2008, o município de Paragominas/PA foi inserido na lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) entre as cidades brasileiras que mais desmatavam. Com isso, a venda de gado e o acesso a crédito pelos produtores ficou cada vez mais difícil, prejudicando toda atividade agropecuária da região.

Sob essa classificação, o município se viu sob pressão do mercado para redução de desmatamento, por regularização ambiental, regularização trabalhista, fiscalização do IBAMA, maiores exigências como requisito para crédito e a venda limitada de sua produção.

Buscando regularizar a situação, um trabalho de cadastro das propriedades rurais e levantamento das áreas de Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) mostrou que 66% da área do município era coberta por vegetação nativa, e que Paragominas não pertencia à lista do MMA dos municípios que mais desmatavam.

O projeto Pecuária Verde foi organizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas (SPRP) junto com a prefeitura, com a ONG The Nature Conservancy (TNC), Imazon, especialistas em pastagens para produção pecuária da Unesp e USP, Fundo Vale e Dow Agroscienses.

Figura 1. Estrutura do projeto Pecuária Verde de Paragominas-PA

O objetivo do projeto foi diagnosticar todo o território do município para identificar o tamanho e o local do desmatamento e mostrar que o município não desmatava o quanto tinha sido levantado pelo MMA.

Comparando os dados de desmatamento de 2009 com o banco atual de propriedades cadastradas, constatou-se que 80% da área de desmatamento estavam fora das áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR), as propriedades privadas. As demais áreas eram assentamentos, terras indígenas ou sem definição.

Figura 2. Situação fundiária do desmatamento em 2009

No início do projeto, foi feita a avaliação da situação florestal de cada propriedade, identificando por imagem de satélite de alta resolução a área da fazenda, as áreas de pastagem, de RL, de APP e caso a fazenda tivesse passivo florestal esse levantamento orientava o produtor sobre o tamanho desse passivo e qual a área mais indicada para o reflorestamento. Atualmente mais de 95% das propriedades de Paragominas estão cadastradas no CAR.

Figura 3. Situação do cadastramento em set/2009

Figura 4. Situação do cadastramento em 2011

O levantamento ambiental foi feito pela TNC, e a orientação para o uso intensificado das pastagens é oferecida pelo Sindicato, contando com ajuda de especialistas em pastagens.

Portanto, os produtores recebem o diagnóstico da situação de sua fazenda, o que precisam fazer para regularizarem sua propriedade e ainda recebem a orientação para intensificar seu sistema produtivo, pois quanto maior área de RL e APP, menor a área de pastagem numa mesma propriedade.

No exemplo abaixo, está demonstrado um levantamento da área florestal (amarelo) e a orientação para reflorestamento (vermelho) de acordo com o tamanho do passivo florestal de cada propriedade.

Figura 5. Indicação para adequação ambiental

Intensificação

No início do trabalho de orientação aos produtores para intensificar seus sistemas de produção, foi feito um diagnóstico das pastagens da região.

Foi identificado que o solo é extremamente fértil, o que levava à perda de forragem pelo sub-pastejo, lotação abaixo da necessária para consumir a forragem. Foi identificada também perda de forragem por vedação de pastagens em excesso (pasto diferido).

Com o cuidado de ter volumoso para fornecer ao gado na época de pouca chuva, os produtores acabavam vedando pastos antecipadamente, o que deixava palhada em excesso para consumo na seca.

O acesso às aguadas também foi um fator limitante encontrado para a produção, pois em diversas fazendas o acesso era restrito para o tamanho dos lotes de animais praticados pelos produtores. A baixa suplementação no período da seca também foi outro fator limitante da produção encontrado, e a falta de recursos dos produtores foi o principal motivo causador.

Sob orientação de especialistas, o SPRP atende os produtores da região com o objetivo de intensificar o uso das pastagens, já que com o reflorestamento a área de pastagem por propriedade diminui.

Essa intensificação busca atender os fatores limitantes de produção de cada propriedade, melhorando a competitividade entre pecuária e agricultura.

O fator mais importante levado em consideração no projeto de intensificação é a profissionalização do pecuarista e mudar seu modo de produção extensivo e extrativista para um sistema intensivo e sustentável.

Através de treinamento do pecuarista e de sua mão-de-obra, para criar uma visão empresarial e de gestão, para serem feitas coletas dados, análise dos dados, planejamento das atividades, acompanhamento da execução e replanejar as atividades necessárias de acordo com os resultados obtidos.

O projeto Pecuária Verde foi apresentado no Tecnotour, evento organizado pela Dow Agrosciences divisão Pastagens em out/11, contando com consultores e pesquisadores. Representando Paragominas para apresentar o projeto, o evento contou com o presidente do SPRP Mauro Lúcio de Castro Costa, Fábio Niedermeier da TNC e Daniel Silva do Imazon. Quem apresentou a orientação técnica dada aos produtores para intensificação das pastagens foi Moacir Corsy, Prof. da Esalq/USP.

Artigo escrito por Marcelo Whately, analista do BeefPoint.

0 Comments

  1. JOSE FRANCISCO SOARES ROCHA disse:

    Acredito que esta iniciativa deveria ser adotada por vários municipios e até através de associações pecuarias,vemos pelos resultados que o municipio estava sendo penalizado por falta de conhecimento real e analitico de suas terras.Acredito que devam haver muitos enganos como este.A classe pecuarista tem que entender,que a sociedade atual com apoio da midia,e principalmente as classes mais jovens,não aceitarão mais a utilização de araes florestais,sem uma justificatica exata,e isto tem criado uma imagem que em certos momentos não é condizente com a realidade.Temos que mudar a nossa estrategia,atacar os ambientalista,ongs,e imprensa,favorece a nossa imagem de bandidos,desmatadores,etc,devemos dar ênfase as iniciativas de conservação e temos muitas,vi recentemente no Mato Grosso,destacar a produção de alimento em ambientes sustentáveis,etc.

  2. Victor Almeida loureiro disse:

    Sou morador do município de Paragominas, e sempre fomos taxados de devastadores da Amazônia, felizmente conseguimos provar que essas ONGs não sabem o que falam. Nosso município em pouco tempo conseguiu sair dessa lista, e prova a cada dia, que as cabeças mesmo pioneiras, estão mudando, e o projeto do BPA (boas praticas agropecuárias) EMBRAPA, e da pecuária sustentável com apoio do Fundo Vale, DowAgroSciences e outros… estão mostrando o poder que temos, é uma iniciativa que para muitos parecia impossível e tornou-se realidade, e posso dizer isso com toda certeza, pois somos uma das 5 propriedades da região que recebe o apoio desse projeto e contamos com as constantes visitas dos Professor Moacyr Corsi, Marcos Penati e outros, para ajudar nesse projeto que visa a alta produtividade com responsabilidade  socioambiental.

  3. Ciro Fernando Assis Siqueira disse:

    Caros,

    Mostrar o exemplo de Paragominas como exemplo sem dizer nenhuma palavra sobre o fato do município ser um município MINERADOR é um desserviço à causa da sustentabilidade.

    Reproduzir o modelo de Paragominas e outros municípios que não têm minério será um desastre para as populações desses municípios.

    O exemplo de Paragominas é um exemplo notável, mas esconder a Mina é uma irresponsabilidade.

    A título de nota, o programa Municípios Verdes só é possível por causa de Mineração e essa mineração foi duramente combatida pelas mesmas ONGs que hoje tocam o programa.

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