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Embrapa lança Plano Diretor com metas quantificáveis até 2030

Pela primeira vez desde que foi criada, em 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) incluiu em seu VII Plano Diretor, anunciado hoje pelo presidente da estatal, Celso Moretti, metas claras e quantificáveis para a próxima década. As metas foram definidas com base em nove temas prioritários para o trabalho dos pesquisadores e serão monitoradas com indicadores de desempenho.

A Embrapa espera desenvolver até 2030 soluções tecnológicas capazes de reduzir custos para produtores e consumidores, promover a sustentabilidade no campo, agregar valor, elevar a produtividade e a eficiência do uso de insumos, e estimular a inclusão produtiva e incentivar a melhoria de renda e de qualidade de vida na zona rural.

“Não é um documento para ficar guardado, mas um guia permanente para o acompanhamento das ações, definição dos rumos e para o avanço da Embrapa”, afirmou Moretti. O Plano Diretor também envolve a governança da estatal, com ações para tentar reduzir custos e minimizar desperdícios.

Ao todo, são 29 metas dentro de 11 objetivos estratégicos. Na área de sustentabilidade e competitividade, por exemplo, a empresa quer, até 2025, incrementar em 20% o benefício econômico gerado por práticas agropecuárias e tecnologias sustentáveis que reduzem custos e ampliar em 15% a adoção de tecnologias produzidas pela estatal e parceiros que preservem a qualidade nutricional e a segurança ou a vida útil de produtos da agropecuária. Até 2030, o compromisso é aumentar em cerca de 10% a adoção de cultivares de grãos, hortaliças, frutíferas e forrageiras da Embrapa e seus parceiros.

Para o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas, a Embrapa propõe ampliar em 10 milhões de hectares as áreas de sistemas integrados de produção e recuperação de pastagens que usam suas tecnologias até 2025, ajudando a mitigar 60 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

A empresa também quer disponibilizar sistemas de manejo sustentável de florestas naturais adaptados às cinco regiões brasileiras em cinco anos. Faz parte do plano, ainda, ampliar em 1 milhão de hectares a área de florestas plantadas com sistemas de produção da Embrapa e incrementar em 10% os benefícios econômicos derivados do Zoneamento de Risco Climático (Zarc) até 2030.

Em meio a dificuldades orçamentárias, o documento ressalta que a estatal está atenta à necessidade de ampliar parcerias com o setor produtivo e diversificar as fontes de financiamento para as pesquisas.

Entre as metas nessa área estão aumentar em 10% a receita de produtos oriunda de licenciamentos de ativos tecnológicos da Embrapa até 2023; elevar para 40% a participação de projetos de inovação aberta com o setor produtivo na programação de pesquisa, desenvolvimento e inovação em três anos; e reduzir em 10%, até 2030, os gastos da empresa.

Na área de dados e informações, a Embrapa pretende dobrar, em cinco anos, o número de usuários de plataformas digitais de dados espaço-temporais integrados para o território brasileiro desenvolvidas por ela. Para agregar valor aos produtos agroindustriais, a meta é ampliar em 40% o impacto econômico das soluções tecnológicas relacionadas às boas práticas de produção de pescado, carne, leite e ovos até 2025.

O aumento de 15% no uso de insumos biológicos e a adoção de manejo integrado de pragas desenvolvidos pela Embrapa é outro objetivo até 2030. A bioeconomia, aliás, também é tema de outros compromissos, tais como viabilizar a adoção pelos produtores de cinco soluções tecnológicas alternativas a produtos de base não renovável até 2025; disponibilizar cinco novas matérias-primas renováveis para uso no contexto da bioeconomia até 2030; e viabilizar a incorporação de cinco bioativos e bioinsumos a partir dos recursos genéticos da Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica em dez anos.

Na área digital, a meta é viabilizar a adoção de dez soluções tecnológicas em automação e agricultura digital para as cadeias agropecuárias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros até 2025.

A digitalização também faz parte da meta interna de atualizar e consolidar 100% da infraestrutura de Tecnologia da Informação institucional para permitir amplo uso da ciência de dados e ferramentas de TI nos sistemas de gestão, prospecção e realização de pesquisa e desenvolvimento até 2030, bem como automatizar e interoperar todas as plataformas digitais da estatal.

Fernando Camargo, presidente do Consad e secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, destacou o trabalho coletivo de avaliação e criação do plano e das metas “ousadas, mas pactuadas com o corpo da organização, setor e governo”. Os compromissos, segundo ele, representam uma mudança de paradigma e o amadurecimento da empresa na busca por resultados concretos.

Os objetivos na área de inovação, bioeconomia e digitalização podem colocar a estatal na vanguarda de um “novo salto” na agricultura, ressalta Camargo, e ser um chamariz para novas e rentáveis parcerias com o setor privado. “É uma nova Embrapa, que vê os desafios para a agricultura 4.0, a agricultura do futuro. A empresa foi protagonista na década de 1970 e precisamos que ela participe da revolução digital na agricultura”.

Fonte: Valor Econômico.

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