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Em Roma, países das Américas defenderão sustentabilidade de sua produção

Entre segunda e quarta-feira, Roma vai sediar a reunião pré-Cúpula dos Sistemas Alimentares das Nações Unidas (ONU). O evento virou prioridade na agenda da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela e outros líderes da América do Sul embarcam para a capital italiana para defender a sustentabilidade da produção no continente, principalmente da pecuária, e tentar blindar os produtores locais das crescentes críticas na frente ambiental, principalmente dos europeus.

Os países americanos trabalharam de forma integrada nos últimos meses para formatar as 16 mensagens de consenso que serão apresentadas a líderes mundiais, especialistas do setor e outros participantes do encontro. Com suporte do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), os países elaboraram dois documentos, que reúnem a visão do continente para o futuro da produção.

Os argumentos vão embasar os discursos dos ministros nas reuniões ampliadas e plenárias que ocorrerão na capital italiana e dar subsídios para as conversas reservadas que vão manter com formadores de opinião e lideranças de todo o planeta. O objetivo é tentar evitar que a Cúpula das Nações Unidas, em outubro, nos Estados Unidos, aprove declarações contrárias ao consumo de carne bovina e ao uso de agrotóxicos, por exemplo.

Em defesa da agropecuária

Os líderes dos países americanos defendem, entre outros pontos, que a agropecuária não pode ser considerada a grande responsável pelo aquecimento do planeta e que se ateste que a crise climática torna a atividade mais vulnerável. A posição mais firme é de que a queima de combustíveis fósseis por séculos pelos países industrializados causou as alterações no clima e que a opinião pública não pode ser “distraída” das reais emissões.

Na agenda oficial da pré-Cúpula, Tereza Cristina participará das reuniões de abertura e encerramento e de uma sessão sobre a erradicação da fome no planeta. Além disso, a ministra terá uma série de encontros bilaterais com chefes de governo de Itália, Alemanha e da União Europeia. A ministra também vai conversar com representantes de organismos internacionais, como o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, e a vice-secretáriageral da ONU, Amina Mohammed.

Fórum de ministras

Na segunda-feira, ela participará do lançamento do primeiro fórum de ministras da Agricultura, no qual terá papel de protagonista, ao lado da ministra do Equador, Tanlly Vera Mendoza, e das vice-secretárias dos Estados Unidos e do Canadá. O evento será na embaixada brasileira em Roma.

Na terça-feira, o IICA vai promover um evento, também na embaixada brasileira, para reunir representantes de diversos países e apresentar as mensagens defendidas pelo continente americano. Estão previstas as presenças do secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, e dos chefes das pastas da Argentina, Paraguai, México, Equador, Honduras, entre outros, que vão acompanhar de forma virtual.

Pecuária sustentável

“A pecuária sustentável deve ser incentivada a cumprir seu papel de fornecer segurança alimentar e nutricional a todos os segmentos da população”, diz a conclusão de um relatório específico sobre a sustentabilidade da pecuária preparado por Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil e ex-secretário nacional de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina. “O significado ambiental de sustentabilidade não precisa ser o critério dominante para o desenvolvimento de diretrizes alimentares globais. As contribuições nutricionais, sociais e econômicas dos alimentos de origem animal em padrões de dieta saudável e acessível devem receber peso igual na discussão”, argumenta o texto.

Tereza Cristina e os assessores da área internacional e de temas socioambientais que integrarão a comitiva também devem articular conversas para demonstrar que a atividade agropecuária brasileira não pressiona a floresta amazônica, que é carbono negativo e que adota práticas de baixa emissão de gases, apesar de o país — considerando todos os setores produtivos — representar cerca de 3% das emissões do planeta.

A mensagem dos líderes dos países americanos reforça a importância do comércio internacional de alimentos “livre e transparente”, como recado para as constantes ameaças de retaliações comerciais que países como o Brasil têm enfrentado. Na segunda-feira à noite, representantes do ministério participarão de um evento paralelo para debater o comércio internacional. Há previsão ainda de um debate sobre inovação.

Fonte: Valor Econômico.

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