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Em momento ‘decisivo’, UE pedirá concessões do Mercosul para fechar acordo

Correndo contra o relógio e tentando fechar um acordo antes da posse do presidente Jair Bolsonaro, a UE recebe nesta segunda-feira uma delegação do Mercosul para o que está sendo chamado em Bruxelas de um momento “decisivo” nos 18 anos de negociações. Bruxelas não esconde que espera que os países sul-americanos apresentem concessões para garantir maior acesso a seu mercado.

A UE indicou que quer um entendimento, inclusive para ser assinado durante a reunião do G20 em Buenos Aires no final do ano. Mas enfrenta a resistência da França, Austria e outros países protecionistas do bloco, que não querem que o calendário eleitoral determine o futuro do acordo.

No centro do debate está a abertura da UE para os produtos agrícolas europeus, considerada como insuficiente por parte do Mercosul, principalmente no que se refere à carnes e etanol. A esperança do Mercosul é de que uma nova oferta em certos produtos seja colocada sobre a mesa nesta semana, indicando um maior acesso.

De outro lado, os europeus querem um compromisso maior do Mercosul para que haja uma abertura do setor industrial, principalmente no mercado de veículos e proteção à seus produtos. Procurado, o Itamaraty indicou que “não há expectativa de apresentação de qualquer dos lados de ofertas abrangentes”, já que isso já teria ocorrido.

“Agora estão sendo trabalhadas as pendências em regulamentos e produtos específicos, onde os dois lados buscarão convergência”, indicou a chancelaria. “Seremos construtivos e estamos certos de que os negociadores europeus também o serão”, completou o governo brasileiro.

Francisco Assis, deputado europeu e presidente da sessão do Mercosul no Parlamento Europeu, não deixa dúvidas sobre a importância do encontro. “Estamos entrando na fase decisiva das negociações”, disse neste fim de semana à reportagem.

Se houver um avanço, ministros de ambos os lados do Atlântico serão chamados para iniciar a fase final do entendimento a partir do dia 19.

Ao Estado, a Comissão Europeia indicou que os negociadores “tentarão superar algumas das pendência para permitir que o processo avance”. “Os problemas que precisam de mais trabalho são conhecidos e precisam de um processo técnico e político intenso”, defendeu Bruxelas, que insistiu que continua “comprometida” com um acordo.

Mas o governo francês já fez questão de alinhar os países mais protecionistas no setor agrícola para alertar Bruxelas de que não irão aceitar ceder apenas para fechar um acordo antes da posse de Bolsonaro.

“Nossa mensagem é clara: sim para um acordo. Mas o calendário não pode prevalecer sobre o conteúdo”, disse Jean-Baptiste Lemoyne, secretário de Estado para comércio. “Camos nos encontrar em Buenos Aires (no final do ano), mas existe uma vida depois de Buenos Aires e se precisamos de algumas semanas ou meses, não podemos fazer um drama”, afirmou.

Ele relatou como, na reunião da última sexta-feira na UE, “vários países” relembraram a Comissão sobre o fato de que existe um mandato dado pelo bloco para que se negocie dentro de certos padrões.  Segundo o francês, um dos assuntos delicados para Paris seria a cota para a entrada da carne brasileira e do Mercosul.

“Próximo às eleições europeias de 2019, Bruxelas está atenta a movimentos internos no bloco e, portanto, deve manter um posicionamento cauteloso e pragmático em relação ao Brasil”, disse Emily Rees, sócia da Agência Atlantico, em Bruxelas.

Segundo ela, “existem ainda vários pontos abertos na reta final dessa negociaçao, incluindo prazos para desgravação tarifaria do Mercosul para produtos industrializados europeus, assim como a ampliação das quotas agrícolas oferecidas pela UE ao membros do Mercosul”.

Outro ponto defendido pela França é a vinculação direta entre o acordo de livre comércio com a exigência de que todos no novo tratado façam parte do Acordo de Paris, sobre o clima. Uma assinatura do entendimento comercial, portanto, obrigaria o Brasil a se manter no acordo climático, uma preocupação atual da Europa diante dos sinais dados por Bolsonaro de que poderia rever a posição do País.

Fonte: Estadão.

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