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Em 2 horas, Walmart faz venda de 2 dias nos EUA

O Walmart informou ontem que uma “demanda sem precedentes” por produtos essenciais e artigos para casa levaram a um pico em suas vendas na pandemia, mas isso pressionou sua cadeia de fornecimento e o grupo de varejo alertou que os lucros poderão ser afetados.

A maior companhia varejista do mundo afirmou que, no caso de alguns produtos, está vendendo em duas ou três horas o que normalmente venderia em dois ou três dias, e que contratou 235 mil trabalhadores nos Estados Unidos para lidar com esse crescimento.

Após uma corrida inicial para estocar produtos de supermercado, os consumidores em quarentena passaram a gastar bastante com entretenimento, educação e exercícios físicos, tanto nas lojas físicas quanto on-line, segundo Doug McMillon, o presidente-executivo do grupo.

McMillon disse que os americanos também estão gastando a ajuda financeira que receberam do governo dos EUA em itens que vão de brinquedos a televisores. “As categorias discricionárias realmente tiveram um salto no fim do trimestre”, afirmou.

Videogames e bicicletas estiveram entre os produtos mais procurados. As vendas de máquinas de costura também cresceram depois que os clientes passaram a produzir suas próprias máscaras contra a pandemia da covid-19.

Os consumidores frequentaram menos as lojas, reduzindo o número de transações em 6% no trimestre, mas gastaram em média 16% mais em cada visita.

O efeito disso foi aumentar as receitas comparáveis em 10% no trimestre fiscal encerrado em abril, sobre o mesmo período do ano passado, no Walmart dos EUA, e 12% em sua rede Sams’Club.

Embora o grupo tenha se mostrado mais cauteloso em relação às próximas semanas, os resultados do Walmart mostram como a crise está ampliando o fosso entre os vencedores e os perdedores no setor. A rede de lojas de artigos de decoração Pier One, que já se encontrava em recuperação judicial, informou ontem que vai fechar as portas. A rede de lojas de departamentos Kohl’s, por sua vez, divulgou uma queda de 44% nas vendas líquidas do primeiro trimestre.

Num grande contraste, o grupo Walmart registrou receitas de US$ 134,6 bilhões nos três meses encerrados em abril, 8,6% mais do que há um ano, e o lucro líquido passou de US$ 3,91 bilhões para US$ 4,07 bilhões. As vendas no comércio eletrônico nos EUA no trimestre cresceram 74%, para uma soma não revelada.

McMillon disse que embora a crise tenha proporcionado uma oportunidade de negócio para o Walmart, “pressionou” sua cadeia de fornecimento. “Não só produtos e categorias como desinfetantes, toalhas, papel higiênico, carne bovina e suína ficaram mais difíceis de serem encontrados, como itens como laptops, cadeiras de escritório e tecidos sumiram de algumas de nossas lojas e do on-line.”

O Walmart também se encontra no centro das atenções pelo tratamento que dispensa aos funcionários, com grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores criticando a companhia pelas condições de saúde e segurança de suas lojas e suas políticas para enfermidades.

O grupo disse ontem que teve custos de US$ 900 milhões relacionados à covid-19. As bonificações a funcionários custaram US$ 755 milhões e o Walmart também chamou a atenção para medidas implementadas que foram adotadas para melhorar a segurança, como o fornecimento de máscaras e luvas para os trabalhadores e a instalação de telas de proteção nos caixas.

Antes do aumento recente das contratações, o Walmart já era o maior empregador dos EUA, com 1,5 milhão de funcionários no país e 700 mil em outros países. O desempenho foi mais fraco em alguns mercados internacionais e as vendas líquidas na divisão internacional cresceram 3,4%, para US$ 29,8 bilhões.

O Walmart foi forçado a fechar lojas em países como África do Sul, enquanto a Flipkart, sua operação de comércio eletrônico na Índia, foi prejudicada por restrições a entregas consideradas não essenciais. As flutuações cambiais também afetaram os resultados do Walmart, reduzindo as vendas em cerca de US$ 1,3 bilhão.

Brett Biggs, diretor financeiro, disse que o Walmart espera certa “pressão” sobre o lucro operacional, em grande parte por causa de seus negócios fora dos Estados Unidos, “onde temos muitos dos mesmos desafios que nos EUA, mas com uma pressão maior às regulações dos governos e menos estímulos”.

O Walmart juntou-se a outras grandes companhias e suspendeu suas projeções financeiras para 2020. Biggs mencionou uma “incerteza significativa” na confiança do consumidor e nas tendências de emprego, assim como a duração da pandemia.

As ações do Walmart caíram ontem 2,12% no encerramento do pregão, em Nova York, para US$ 124,95. O papel acumula uma valorização de 8,5% no ano, em comparação a uma queda de 12,4% do índice Standard & Poor’s 500.

Fonte: Valor Econômico.

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