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Efeito do local de deposição do sêmen sexado e taxa de concepção em novilhas

Neste artigo técnico serão apresentados dados referentes ao uso de sêmen sexado em novilhas de corte e de leite. Mais especificamente, os artigos a serem discutidos (Pregnancy percentage following deposition of sex-sortedsperm at different sites within the uterus in estrus-synchronized heifers; Kurykin et al., 2007) comparou a taxa de prenhez após a colocação do sêmen sexado em diferentes locais no trato uterino de novilhas de leite.

Neste artigo técnico serão apresentados dados referentes ao uso de sêmen sexado em novilhas de corte e de leite. Mais especificamente, os artigos a serem discutidos (Pregnancy percentage following deposition of sex-sortedsperm at different sites within the uterus in estrus-synchronized heifers; Kurykin et al., 2007) comparou a taxa de prenhez após a colocação do sêmen sexado em diferentes locais no trato uterino de novilhas de leite.

Apesar do artigo não ter utilizado novilhas de corte, os dados apresentados podem fornecer respostas importantes quanto à técnica de inseminação utilizada na rotina reprodutiva de uma fazenda de corte. Além disso, um segundo trabalho a ser apresentado – utilizando novilhas de corte cruzadas – (Insemination of heifers with sexed semen; Seidel et al., 1999) mostra os resultados de prenhez entre diferentes locais de deposição do sêmen no trato reprodutivo com o uso de doses menores de espermatozóides por palheta. Porém é importante lembrar que, atualmente, existem poucas publicações que avaliaram a taxa de concepção após inseminação artificial em bovinos de corte – especialmente no Brasil – após o uso de sêmen sexado.

O espermatozóide feminino têm cerca de 4% mais material genético que o espermatozóide masculino (Seidel et al., 1999), o que torna possível a separação destas duas classes de espermatozóide com o uso de um aparelho chamado citômetro de fluxo. Como referência, as pesquisas em geral (Seidel et al., 1999) indicam que a taxa de concepção após o uso de sêmen sexado – em novilhas – varia de 70% a 90% da taxa de prenhez alcançada nesta mesma categoria animal com o uso de sêmen convencional.

No experimento de Kurykin et al (2007), foi utilizado sêmen sexado com 2.2 x 106 sptz/palheta. E as novilhas foram inseminadas 80-82h após a segunda dose de PGF2a, sendo que os animais haviam recebido uma primeira dose de PGF2a 14 dias antes da segunda dose. Os tratamentos foram:

1.IA convencional no corpo uterino: inseminação artificial convencional no corpo do útero;

2.IA no meio do corno uterino: deposição na parte mediana do corno uterino;

3.IA no final do corno uterino: deposição do sêmen próximo a junção útero-tubárica com a ajuda de um aplicador para transferência de embriões.

Além disso, no momento da IA o comportamento de cio das novilhas for classificado como:

1.Fortes sinais de comportamento de cio

2.Sinais fracos de comportamento de cio

A prenhez foi verificada 30 a 32 dias após a inseminação e reconfirmada depois de 3 semanas aproximadamente.

Segundo os achados de Kurykin et al. (2007), o local de deposição do sêmen sexado parece não ser muito importante quando se utiliza uma dose inseminate de pelo menos 2,2 x 106 sptz. Como se pode verificar na Tabela 1, as taxas de prenhez foram similares entre os diferentes locais de deposição do sêmen sexado no trato uterino de novilhas.

Tabela 1. Taxa de prenhez aos 30-32 dias em novilhas inseminadas com sêmen sexado depositado em diferentes locais do útero 80-82 h após a segunda injeção de PGF2a (Adaptado de Kurykin et al., 2007).


Deposição do semen no útero: IA corno uterino: inseminação artificial convencional no corpo do útero; IA no meio do corno uterino: deposição na parte mediana do corno uterino; IA no final do corno uterino: deposição do sêmen próximo a junção útero-tubárica.

Porém, o artigo de Seidel et al. (1999) mostra que quando as doses de sêmen sexado são menores (1-1,5 x 106 sptz) o local de deposição do sêmen, provavelmente, pode afetar a taxa de concepção de novilhas – Tabela 2.

Tabela 2. Resultado de taxas de prenhez em novilhas de corte cruzadas inseminadas com sêmen convencional no corpo do útero ou com sêmen sexado no corpo ou no corno uterino (Adaptado de Seigel et al., 1999).


Letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente (P<0,01)

Um outro dado interessante (apesar do pequeno número de observações) no experimento realizado por Kurykin et al (2007) é que, provavelmente, somente as novilhas com fortes sinais de comportamento de cio devem ser inseminadas com sêmen sexado – Tabela 3. Na verdade as taxas de prenhez nas novilhas com fortes sinais de cio foram aproximadamente 25% melhores se comaparadas as taxas de prenhez de novilhas que apresentaram poucos sinais de cio ao redor do momento da IA.

Tabela 3. Efeito da intensidade do cio na taxa de prenhez de novilhas após a deposição do sêmen sexado em diferentes locais dentro do útero 80-82 h após a segunda injeção de PGF2a (Adaptado de Kurykin et al., 2007).


Valores acompanhados de letras diferentes dentro de cada linha diferem estatisticamente (P < 0.01).
IA corno uterino: inseminação artificial convencional no corpo do útero; IA no meio do corno uterino: deposição na parte mediana do corno uterino; IA no final do corno uterino: deposição do sêmen próximo a junção útero-tubárica.

Vale lembrar que estas pesquisas foram realizadas em novilhas de leite ou novilhas de corte cruzadas na Europa (Tabelas 1 e 3) ou nos EUA (Tabela 2). Portanto, muitas pesquisas ainda são necessárias para se estabelecer os procedimentos ideias para o uso do sêmen sexado em gado de corte nas condições tropicais das fazendas brasileiras. Além disso, experimentos testando a diferença de fertilidade de bovinos de origem zebuína e taurina após o uso de sêmen sexado são também necessários.

Referências bibliográficas

J. Kurykin, U. Jaakma, M. Jalakas, M. Aidnik, A. Waldmann, L. Majas. Pregnancy percentage following deposition of sex-sorted sperm at different sites within the uterus in estrus-synchronized heifers. Theriogenology 67 (2007) 754-759.

G.E. Seidel, J.L. Jr. Schenk, L.A. Herickhoff, S.P. Doyle., et al. Insemination of heifers with sexed sperm. Theriogenology 52 (1999) 1407-1420.

0 Comments

  1. Paulo César Dias Thomazella disse:

    Gostaria de saber se os animais estavam ciclando antes de fazer o tratamento com a prostaglandina e também se uma única inseminação influencia nos resultados apresentados.

    Atenciosamente

    Paulo Thomazella

    Resposta do autor:

    Paulo,

    Neste experimento, os pesquisadores não tinham informações a respeito da ciclicidade dos animais antes do tratamento com PGF (pelo menos não esta muito claro no “materiais e métodos” do artigo), porém imagino que a maioria das novilhas estivessem ciclando devido a raça (Holandesa) e idade (14-16m). Quanto ao número de inseminações e resultado em taxas de prenhez, para este experimento talvez isso faria alguma diferença, pois as novilhas – provavelmente – não ovularam de uma maneira muito sincronizada devido ao tipo de protocolo hormonal utilizado.

    Um abraço,
    Alexandre

  2. Renato Guimarães da Silva disse:

    Ao invés de comentário tenho uma dúvida que pode ser de mais gente e pode ser que alguém tenha resposta. Para se inseminar no meio do corno uterino ou na junção útero-tubárica não seria necessário saber em qual ovário a novilha ovulou?

    Resposta do autor:

    Renato,

    Muito boa pergunta. Na verdade os pesquisadores deste referido trabalho sabiam o lado da ovulação, pois eles examinaram os ovários dos animais por ultra-sonografia antes da inseminação – e colocaram o sêmen no mesmo lado onde a ovulação ocorreu.

    Um abraço,
    Alexandre

  3. Pedro Antonio de Araujo Mahfuz disse:

    A taxa de prenhez (em torno de 50%) evidencia que o uso de sêmen sexado, por enquanto só se justifica em rebanhos de elite (cabanhas) e que tenham um adequado manejo sanitário e nutricional, bem como acompanhamento veterinário.

    Pelo alto custo do sêmen não é recomendável seu uso em rebanhos comerciais.

    Um abraço

  4. Armando Luiz Duarte disse:

    Gostei muito do artigo, no momento estou muito interessado no assunto.

    Tenho um plantel de 100 matrizes nelore e gostaria de inseminá-las com sêmen sexado
    de machos taurinos, mas gostaria de garantias de um percentual, se tiverem favor me informar.

    Obrigado

    Resposta do autor:

    Caro Armando,
    É um pouco difícil falar em índices garantidos de fertilidade após o uso de
    qualquer tipo de sêmen. A condição das matrizes (nutricional,
    sanitária, etc), a qualidade da inseminação (manejo do tambor na fazenda,
    inseminador, ect), a qualidade da detecção de cio ou do protocolo hormonal de
    IATF a ser utilizado, e outras variáveis podem influenciar a taxa de concepção do rebanho.

    Atualmente, após o uso de protocolos hormonais à base de estradiol e implantes de progesterona (por exemplo) as taxas de concepção após o uso de um sêmen convencional (não sexado)de boa qualidade é de cerca de 50 a 60% em rebanhos com bom manejo.

    Baseado em dados de literatura, a taxa de concepção após o uso de sêmen sexado
    deve apresentar uma diminuição na taxa de concepção de cerca de 5 a 30% (para vacas e/ou novilhas de corte).

    Um abraço,
    Alexandre

  5. José Abel e Silva Júnior disse:

    O futuro da IA para rebanhos de corte comerciaias só se tornará viavel quando os custos com a IATF e semem sexado forem bem mais baixos. Sabendo que a eficiência reprodutiva é a principal ferramenta dentro da propiedade, temos que preocupar primeiramente com a qualidade seminal e qualidades zootecnicas de nossos reprodutores.

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