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Eduardo Pedroso, do JBS, comenta sobre relacionamento produtor-frigorífico

"Sabemos que é necessário direcionar os processos produtivos para buscar o melhor custo x benefício de acordo com a realidade tecnológica e gerencial de cada pecuarista e cada região. Do simples ao sofisticado. Na medida certa. E cabe à indústria traduzir a demanda de “carne” em “boi” e comunicar isso ao pecuarista de forma eficiente."

Nesta sexta-feira, 01/jun, Eduardo Pedroso, Diretor de Relacionamento com o Pecuarista do JBS, deixou um comentário para o artigo O novo desafio do JBS. Leia sua mensagem na íntegra:

“Prezado Miguel.

Bom dia.

Parabéns pela didática de seu artigo. Demonstra claramente que o mercado evoluiu e os desafios de qualificação da oferta também. Nunca podemos esquecer que quando a indústria faz um bom trabalho, ela simplesmente preserva a qualidade que vem do campo. A carne bovina mais valorizada é aquela servida “in natura”, saborosa, suculenta e macia, de preferência, com pouco sal.

Sabemos que é necessário direcionar os processos produtivos para buscar o melhor custo x benefício de acordo com a realidade tecnológica e gerencial de cada pecuarista e cada região. Do simples ao sofisticado. Na medida certa. E cabe à indústria traduzir a demanda de “carne” em “boi” e comunicar isso ao pecuarista de forma eficiente.

Valor agregado para o mercado é sinônimo de homogeneidade de especificações, volume e cadência produtiva. O sistema é vivo e precisa ser abastecido todos os dias do ano. Eventuais excedentes ou déficit de oferta pontuais contribuem para volatilidade de preços. A relação oferta x demanda é o que regula a sustentação dos preços.

Certamente, várias são as arestas no relacionamento entre os diferentes elos da cadeia produtiva da pecuária de corte, a começar pelas falhas e ruídos de comunicação. Como você bem disse em seu artigo, o boi “infinito” acabou e as novas fronteiras agrícolas também. Recordo-me de uma frase que o Sr Viacava sempre falava na época que eu estava na ACNB. Ele sempre dizia: “Primeiro vem o faroeste, depois vem o xerife”. Pois é, a cadeia da carne brasileira necessita, urgentemente, de uma reciclagem de sua regulamentação setorial em benefício do produtor e da cadeia como um todo. Temos de militar conjuntamente para definir novas regras para a nova realidade, em detrimento de vantagens pontuais de curto prazo, ora para um lado, ora para outro.

Não basta vocação para sedimentar uma posição. Embora tenhamos todas as condições para ocupar com louvor a lacuna crescente do mercado mundial, é necessário estratégia e planejamento em toda a cadeia produtiva. Há bastante lição de casa a ser feita. Contudo, se estivermos juntos, profissionalmente organizados, remando para o mesmo lado, ninguém segura o Brasil.

Qualidade sanitária do rebanho associada à qualidade sanitária do parque industrial são pré-requisitos para obtenção e sustentação das habilitações de acesso aos diversos mercados mundiais. Atender estes rigorosos protocolos e constantes auditorias de conformidade são uma questão estratégica para toda a cadeia produtiva. O consequente desdobramento de inúmeras opções comerciais e canais de venda auxiliam sobremaneira a flexibilidade de composição do mix de vendas necessário para sustentação dos preços do boi gordo em todo território nacional.

As exportações são fundamentais para equalizar o destino dos diferentes cortes de carne em sua proporção natural de produção, ou seja, da carcaça casada. Por outro lado, monitorar o Mark-up do varejo doméstico e estreitar o nível das relações dentro de casa também é necessário para equilibrar as contas.

Se realmente queremos compartilhar resultados pela cadeia, temos de subir a régua dos direitos e deveres de cada parte. O mercado é um sistema vasocomunicante, qualquer gargalo de vazão, se desdobra imediatamente em prejuízos, com efeito, dominó.

Para complicar o dia a dia das relações, ora falta boi e sobra capacidade instalada, ora a situação se inverte. No calor da busca pela sobrevivência, as relações concorrenciais se mostram, com frequência, predatórias e canibais.

Temos somente uma certeza, há muito trabalho pela frente. Colocamos a área de RP-JBS, Relações com o Pecuarista, à disposição do mercado em geral para avançarmos na construção desta agenda positiva para todo o setor.

Conte conosco para o que der e vier.

Forte abraço,

Eduardo Pedroso (e.pedroso@jbs.com.br) e Fábio Maia (fabio.maia@jbs.com.br).”

Para ler mais comentários sobre o tema, acesse:

O novo desafio do JBS

Participe da pesquisa do BeefPoint sobre relacionamento produtor-frigorífico e concorra a um iPad

6 Comments

  1. Péricles Pessoa Salazar disse:

    Gostei dos comentários do Eduardo. Preciso e objetivo. A relação frigorífico-produtor é de vital importância para as empresas que focam o longo prazo na sua estratégia de crescimento. Parabenizo-o pela postura.
    Com relação ao Fábio Maia, conheci-o recentemente em palestras que demos na Federação da Agricultura de Minas Gerais-FAEMG. Um profissional educado e competente. É assim que as coisas são feitas. O paí do nosso ex-Vice Presidente, o inesquecível José Alencar, já dizia : ” Meu filho, cerque-se sempre de pessoas melhor que você nas áreas que você não conhece”. O sucesso da Coteminas explica tudo.

  2. carlos viacava disse:

    Até parece que o pessoal está acordando. O Eduardo no Friboi e o João Sampaio no Marfrig. Quem sabe agora conseguimos conversar de verdade. Vi a crítica do Friboi à taxação do wet blue na exportação, no programa do canal do boi, e coerentemente sua crítica à taxação da exportação do gado vivo. Beleza, estamos começando a falar a mesma língua. Quem sabe a cadeia quebrada pode, pela primeira vez, ser de fato alicerçada. A esperança é a última que morre.
    Carlos Viacava

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá Carlos Viacava, muito obrigado pelo seu comentário.
      A retirada do pedido de taxação de 30% da exportação de boi em pé seria uma grande medida para se melhorar a relação.
      Abs, Miguel

  3. Anderson Polles disse:

    Prezado Eduardo Pedroso

    Quero parabenizá-lo pelo pronunciamento.
    Acompanho sua carreira desde os tempos da FZEA, ACNB, Independência Alimentos e agora JBS.
    Retomando a conversa que tivemos no Zootec 2009 em águas de Lindóia a cerca da reestruturação da dívida do Independência e sua possível aquisição pelo JBS, 3 três anos após, agora em 2012 o fato se consuma, toda vai não vem ao caso.
    Você como diretor de Relacionamento e eu como Pecuarista (ex pesquisador de mercado), quero se me permitir e for a minha altura, lhe sugerir que adote um sistema de FOCALIZAÇÃO DE PRODUTORES, semelhante ao que é feito pelo Fabricante Syngenta, o qual posso atestar o satisfatório funcionamento em pelo menos mil produtores, em “conversa ao pé – da – orelha e prancheta” que tive.
    Não vejo nenhuma ação semelhante sendo feita por Frigoríficos, e as iniciativas que dão certo na agricultura devem ser adaptadas e empregadas na pecuária.
    Parodiando sua fala, falta de capilaridade dá Trombose, o que diagnostica a crise do setor com o texto a Cadeia Quebrada, se o Miguel me permitir a comparação.
    Um grande abraço

    Anderson Polles

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Obrigado Polles, pelo comentário.
      Realmente a Syngenta tem um trabalho de marketing e relacionamento de primeira. O de café, que já conheci, é excelente.
      Abs, Miguel

  4. Luiz Antonio Nabhan disse:

    Diálogo e conciliação ainda é o melhor remédio. Industria com arrogância e pretenções irresponsáveis sempre terminaram mal! Como disse nosso amigo Viacava, a cadeia quebrando…..
    Portanto vamos lá! Agenda positiva entre pecuarista e frigorífico pode até começar, porém muita água ainda vai rolar com a @ do boi do jeito que está. Não é possível que uma “industria responsável e preocupada com o futuro não percabam que estão matando as galinhas dos de ouro, e que ouro!!!

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