Moody’s: compra da Seara traz impacto negativo no curto prazo na alavancagem e geração de caixa da JBS
12 de junho de 2013
Sindirações: rações para bovinos de corte deve crescer 4% em 2013
12 de junho de 2013

Edmundo Rocha Vilela: eficiência produtiva e rentabilidade são os desafios da pecuária de cria

Workshop BeefPoint – Estudos de caso sobre pecuária de cria será realizado no dia 18 de junho, em São Paulo, SP. O BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um dos palestrantes. Confira abaixo a entrevista com Edmundo Rocha Vilela.

O tema da palestra de Edmundo será Utilização intensiva de IATF em um rebanho de corte comercial: aspectos econômicos, técnicos e operacionais.

Foto Edmundo

BeefPoint: Fale um pouco sobre o trabalho que você vem desenvolvendo.

Edmundo Rocha Vilela: Em 2000, após a conclusão do curso de veterinária, iniciamos o trabalho na empresa Lageado, onde desenvolvemos serviços de inseminação artificial em tempo fixo. Nestes anos, especializamos em IATF através de trabalhos de pesquisa e pela experiência que o dia a dia nos proporcionou. Durante este tempo, o trabalho foi focado na busca por benefícios econômicos para a atividade de cria nas propriedades onde atuamos. Acreditamos que para criarmos uma relação sólida dentro das propriedades precisamos “ir além da inseminação”, desenvolvendo oportunidades de bons negócios. E não apenas focar na reprodução, mas nos aspectos produtivos como um todo.

BeefPoint: O que você considera mais importante em uma fazenda de pecuária de cria?

Edmundo Rocha Vilela: Consideramos que uma boa fazenda de cria precisa ter muita dedicação e preocupação constante com “intervalo entre partos” e qualidade dos bezerros. Preparar as matrizes para chegarem bem na estação, executar um bom programa reprodutivo, monitorar os resultados e desmamar bezerros de boa qualidade são itens essenciais para determinar o sucesso da cria.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro na cria, no Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Edmundo Rocha Vilela: Tenho uma admiração particular pelo trabalho executado pela Agropecuária Fazenda Brasil. Observo um trabalho sempre embasado em aspectos técnicos de alta qualidade e que são monitorados por ferramentas gerenciais e econômicas. Além da transparência de suas informações na discussão dos resultados.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de cria no Brasil hoje?

Edmundo Rocha Vilela: Acredito que a cria tenha muitos grandes desafios. Entre eles, destacamos dois:

1- A eficiência produtiva. Neste ponto, precisamos de mais vacas emprenhando mais rápido no pós-parto e desmamando mais bezerros que também sejam mais pesados.

2- A rentabilidade da atividade. É necessário que a valorização de bezerros desmamados tenha ágio, em relação à @ do boi gordo, maior do que os patamares trabalhados atualmente.

BeefPoint: Em relação a pecuária de cria, qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Edmundo Rocha Vilela: As inovações como IATF, sêmen sexado, TETF com embriões de FIV para produção de animais comerciais são todas muito importantes. No entanto, a utilização correta de tecnologias simples como manejo de matrizes por categoria, época e duração da estação de monta, manutenção de boa condição corporal e, principalmente, a necessidade de um baixo intervalo entre partos ainda estão longe de serem bem feitas no dia a dia da maioria das fazendas.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua pecuária de cria em 2012? O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Edmundo Rocha Vilela: Este último ano agropecuário (2012/2013) foi, com certeza, o ano em que tivemos os melhores resultados reprodutivos nestes 14 anos de trabalho. Atribuímos estes resultados a uma somatória de fatores, alguns deles que não controlamos: o clima – nas regiões onde atuamos o período de seca foi mais curto, apesar de menor intensidade/volume das chuvas.

Já outros fatores são totalmente dependentes do nosso trabalho: implantamos um treinamento intensivo técnico e de processos nos programas de IATF tanto para nossa equipe quanto para as equipes das fazendas assistidas; aumentamos a discussão de outros temas (como nutrição) para a nossa equipe estar levando até as propriedades; a cada ano as fazendas vêm melhorando o manejo de seus rebanhos. Persistimos utilizando produtos de alta qualidade e mantendo fidelidade aos nossos fornecedores, os quais também acreditamos, estarem cada vez mais criteriosos, além da persistência nos permitir conhecer a melhor maneira de utilizar cada produto.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013, em pecuária de cria? E porque?

Edmundo Rocha Vilela: Três pontos serão abordados com maior relevância:

1- Manter o treinamento intenso e a discussão de processos, os nossos procedimentos de IATF.

2- Está sendo intensamente trabalhado agora as estratégias para chegarmos na próxima estação com animais em boa condição corporal, independente das chuvas: são os manejos para melhorar ECC (escore de condição corporal) que envolvem entre outros manejos o desmame antecipado e a suplementação dirigida. Especialmente crítico para 2013/2014.

3- Outro ponto é opção de não utilizarmos mais touros em algumas propriedades. Em 2003/2004 iniciamos trabalhos de segunda IATF no mesmo lote – “ressincronização”. Na estação 2010/2011 tivemos a primeira propriedade de rebanho comercial a manejar todo o rebanho na estação totalmente sem touro. Devido aos altos custos da prenhez de touro, a subutilização dos mesmos, a baixa significância genética (menor quantidade de filhos) que eles representam e ao maior valor dos bezerros de inseminação passaremos a indicar e utilizar segunda e terceira IATF como únicos meios para emprenhar matrizes em outros rebanhos comerciais.

BeefPoint: Como tornar a comercialização do bezerro mais eficiente? O que falta no Brasil?

Edmundo Rocha Vilela: Atualmente, a opção de oferecermos aos nossos clientes a oportunidade de participar de diferentes programas de carnes especiais e, também, devido aos nossos clientes disponibilizarem animais superiores no mercado, este não tem sido um ponto de grande impacto negativo.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar a competitividade da pecuária de cria no Brasil? Qual seu recado para produtores de gado de corte, em especial criadores?

Edmundo Rocha Vilela: Precisamos ser mais eficientes dentro de nossas propriedades e procurar produzir/atender o que o mercado demanda e está disposto a pagar. Emprenhar vaca demanda dedicação e monitoramento constante. Diferente da recria e engorda, que podemos ganhar mais ou menos peso (esperávamos 600g/dia e só tivemos 300g/dia), a matriz ou fica gestante ou fica vazia, não tem uma gestação parcial.

Clique aqui para ver a programação completa do Workshop BeefPoint – Estudos de caso sobre pecuária de cria.

1 Comment

  1. Guilherme Marquezini disse:

    Muito boa a entrevista Edmundo.

plugins premium WordPress