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Edio Sander: venda diferenciada requer um produto de qualidade com regularidade

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Edio Sander, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul, na categoria Liderança pecuária.

Edio Sander

Edio Sander mora em Entre Rios, Guarapuava – PR. É bacharel em Ciências Contábeis, desde 1977 atuando na área de assessoria e consultoria a empresas do setor agropecuário. É produtor rural, na agricultura e na pecuária. De 2000 a 2007, foi gerente da Aliança Mercadológica Novilho Precoce de Guarapuava. Desde 2007, é diretor-presidente da Cooperaliança.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Edio Sander: Com a mudança do padrão genético, em especial a entrada das raças britânicas e a identificação da carne pelas respectivas associações, com o avanço da agricultura e floresta sobre as áreas de pastagem, atraídos pela rentabilidade, busca-se hoje, na agricultura, 11/12 mil quilos de milho/ha, soja 3,6/4,0 mil quilos, algo em torno de 40% a mais do que há uma década. Com isso tudo, o desafio para a pecuária no Sul do Brasil está posto: produtividade com rentabilidade.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Edio Sander: Como é muito difícil uma aproximação dos elos da cadeia produtiva da carne bovina, considero exemplar a iniciativa das associações de raças, em especial a Associação Brasileira de Angus (ABA), em implantar programas de carne certificada, proporcionando aos pecuaristas uma remuneração diferenciada, na comercialização de sua produção, dentro dos padrões definidos pelas entidades e a indústria.

Porém, o produtor precisa explorar o potencial genético do seu rebanho, não basta só aguardar a bonificação no momento da comercialização. A exemplo da agricultura, precisamos hoje produzir um boi de 15/16 meses com 18/20 arrobas, para permanecer na atividade de pecuária.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Edio Sander: Venda diferenciada requer um produto de qualidade com regularidade. Temos no sul do Brasil, demanda e condições de atendê-la. No entanto, precisamos definir “qualidade e padrão” e produzir em escala e regularidade. Inicialmente, para atender o imenso mercado da região Sul, para depois, se tivermos volume, atender às demais regiões.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Edio Sander: O setor produtivo da pecuária de corte precisa se conscientizar de que os parceiros comerciais da cadeia da carne bovina passaram por profundas mudanças nos últimos anos, especialmente na área de organização e gestão.

Não seria propriamente uma inovação, mas, a exemplo do que existe em outros setores, eu diria a organização dos produtores de carne bovina em cooperativas, para em conjunto definir um sistema de produção, escala, padrão e acima de tudo, propor ao mercado um sistema de comercialização e preço justo, a fim de garantir rentabilidade a todos os elos da cadeia produtiva.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Edio Sander: Aplicando e implantando tudo o que eu tenho colocado anteriormente, com certeza, seremos competitivos.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Edio Sander: Entendo que a pecuária não obedece o ano civil, para fins de análise. A implantação de novas tecnologias, principalmente investimentos no manejo alimentar, no treinamento dos recursos humanos, na melhoria da classificação dos animais para o abate, visando um melhor rendimento de carcaça e preço. Isso tem sido uma constante. Foi assim em 2012, como continua sendo em 2013.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas, para a indústria frigorífica e para o varejo?

Edio Sander: É possível sim, formar uma Aliança Mercadológica. Desde que haja respeito comercial e comprometimento.

Em setembro de 2000, um grupo de produtores agropecuaristas, indústria frigorífica e varejo sentaram-se à mesa para discutir padrão, qualidade, regularidade, sistema de bonificação, abate e distribuição de carne bovina. Esse sistema evoluiu, trouxe harmonia e confiança, o que resultou na constituição da Cooperaliança, em dezembro de 2007.

Hoje somos 94 cooperados, duas indústrias frigoríficas, centenas de varejistas e milhares ou milhões de consumidores, distribuídos por todo o Estado do Paraná. E todos satisfeitos. Essa é a mensagem.

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3 Comments

  1. José Roberto Pires Weber disse:

    Excelente entrevista, mostrando a capacidade e competência de Edio Sander, presidente da nossa parceira Cooperaliança. Parabéns a ele.

  2. Anibal de Moraes disse:

    Cabe lembrar que este exemplo da Cooperaliança já foi copiado em vários locais no Paraná e também está sendo copiado por um grupo no MS.

  3. Carlos Costa Junior disse:

    Coperaliança, pioneira na mudança da cultura de carne de qualidade e sistema de comercialização. Parabens Edio!!!

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