Workshop internacional debate pecuária sustentável
8 de maio de 2012
EUA: frigoríficos melhoram as margens em cerca de US$ 50 por cabeça
8 de maio de 2012

É ético comer carne? ex-vegetariano ganha concurso do New York Times

Quais são essas maneiras “certas” e “erradas” de produzir carne e vegetais? Para mim, elas são essencialmente resumidas na ética da terra de Aldo Leopold: ‘Uma coisa é certa quando tende a preservar a integridade, estabilidade e a beleza da comunidade biológica. É errada quando tende a outra coisa’.

Há algumas semanas, o jornal The New York Times convidou seus leitores a argumentaram sobre a ética de se comer carne.O texto vencedor foi publicado na edição de 6 de maio do jornal.

“Como um vegetariano que voltou a comer carne, a pergunta ‘É ético comer carne?’ se manteve na minha cabeça e coração constantemente. As razões de eu ter me tornado vegetariano, e depois vegan, e depois ainda um consumidor consciente de carne eram todas éticas. As razões éticas de porque NÃO comer carne: os animais são criados e abatidos em condições cruéis; os grãos que poderiam alimentar pessoas famintas são usados para alimentar os animais; a necessidade de pastagem leva ao desmatamento; e ao comer carne, estamos envolvidos no abate de seres com sentimentos. Exceto pela última razão, entretanto, nenhum desses aspectos do consumo de carne são implícitos no mesmo, embora sejam exatamente o que torna consumir certas carnes uma atitude não ética. O que leva ao meu principal argumento: comer carne produzida em circunstâncias específicas é ético; comer carne produzida em outras circunstâncias não é ético. Assim como consumir vegetais, tofu, ou grãos produzidos em certas circunstâncias é ético e consumir aqueles produzidos de outras maneiras não é ético.

Quais são essas maneiras “certas” e “erradas” de produzir carne e vegetais? Para mim, elas são essencialmente resumidas na ética da terra de Aldo Leopold: ‘Uma coisa é certa quando tende a preservar a integridade, estabilidade e a beleza da comunidade biológica. É errada quando tende a outra coisa’. Enquanto estudava agroecologia no Prescott College em Arizona, convenci-me que se o que você está tentando obter com uma dieta “ética” tem o menor impacto destrutivo na vida como um todo nesse planeta, então, em algumas circunstâncias, como viver em terras secas e com vegetação escassa no Arizona, consumir carne é, de fato, a coisa mais ética que você pode fazer, a não ser subsistir de caça, de grãos tepary (nativos dos Estados Unidos) e nozes de pinheiros. Uma vaca bem manejada, criada livre, é capaz de transformar a luz do sol capturada pelas plantas em calorias condensadas e proteínas com a ajuda de microrganismos em seu intestino. Sol > diversas plantas > vaca > homem. Isso em uma visão ética maior parece mais claro do que o esquema fóssil-combustível-abastecimento do trator-terra cultivada > monocultura de soja irrigada > colheita com trator > processamento > tofu > transporte > homem.

Para mim, comer carne é ético quando se faz três coisas. Primeiro, aceita a realidade biológica de que morte gera vida nesse planeta e que toda vida (incluindo a nossa!) é realmente somente energia solar temporariamente armazenada em uma forma provisória. Segundo, você combina essa compreensão com estimada característica humana de compaixão e escolhe alimentos, vegetais, grãos e/ou carne produzidos eticamente. E terceiro, você agradece”.

Trecho do texto de Jay Bost, que se diz um “trabalhador rural, conhecedor de plantas, agroecologista e consumidor há 20 anos”, é professor no Warren Wilson College em Swannanoa, N.C.

Fonte: The New York Times, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Leia matéria relacionada:

New York Times: por que é ético comer carne?

Luciano Antunes: por que é ético comer carnes?

 

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress