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Rastreamento da Carne Bovina no Brasil
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Dilema: vacinar ou não todo o rebanho nos estados com certificado de livre sem vacinação

O ressurgimento de focos localizados de febre aftosa no Rio Grande do Sul fez surgir opiniões divergentes sobre a necessidade de voltar a vacinar os rebanhos do referido estado e do estado de Santa Catarina.

O ressurgimento de focos localizados de febre aftosa no Rio Grande do Sul fez surgir opiniões divergentes sobre a necessidade de voltar a vacinar os rebanhos do referido estado e do estado de Santa Catarina.

Do ponto de vista de facilitar uma reprogramação de uma campanha tanto em nível de Brasil como de Mercosul, essa seria uma alternativa a ser considerada se todos os envolvidos participassem. A razão dessa afirmativa está baseada em dois fatos: primeiro, em razão de problemas sociais, culturais e econômicos, seria muito mais fácil obter êxito no controle da aftosa e estabelecer bases sólidas para uma erradicação a curto prazo, e em consequência atingir a condição de livre sem vacinação; e segundo, devido à perda de credibilidade que os países do bloco sofreram em função do aparecimento de focos e ou de animais soropositivos nos países e estados que tinham recebido o certificado de livre sem vacinação.

Os grandes perdedores seriam o Uruguai, que tem o certificado de livre sem vacinação sem ocorrência de focos há mais de 5 anos, considerando o Mercosul, e Santa Catarina que recebeu o certificado de livre sem vacinação e que conseguiu cobertura vacinal de 100% na última campanha antes de receber o mencionado certificado. A perda uruguaia seria principalmente em divisas externas, atingindo consequentemente os produtores pela provável diminuição dos preços. Quanto a Santa Catarina, as perdas estariam mais relacionadas com os custos de reimplantação e execução do programa com a mesma eficiência anterior. Nos dois casos, os consumidores de todo o bloco poderiam ser favorecidos por uma diminuição geral dos preços pela aumento de oferta dentro do âmbito do Mercosul. Essa diminuição de preço não deverá ser muito grande em termos de média, uma vez que é sabido que o volume exportado pelos países do Mercosul livres sem vacinação para países que exigem esse certificado é ainda baixo. Entretanto, como se trata de um mercado bastante competitivo e de preços altos, dominado principalmente pela Austrália, qualquer perda de espaço, mesmo que temporária, poderá atrasar bastante os projetos dos países do bloco em ampliar suas exportações tanto para importadores tradicionais como e principalmente para países que tem grande potencial importador.

De outro lado, o procedimento de isolar os focos de acordo com as normas requeridas pela OIE, evitaria as perdas mencionadas anteriormente, mas estaria sujeito à ocorrência de novos focos se não forem devidamente elucidadas as causas dos focos e dos animais soropositivos e ou não forem elaborados e executados planos para reduzir a zero a probabilidade de novos focos no Bloco como um todo.

Devido ao potencial dos países do Mercosul, principalmente do Brasil, em produzir carne bovina a preços muito baixos, e à importância econômica em termos de entrada de divisas para o desenvolvimento desses países, o problema tem que receber prioridade especial dos governos. Após uma avaliação detalhada dos pró e contras das alternativas discutidas, deve ser implantada a que trouxer mais vantagens ao bloco como um todo. Em qualquer situação, deverão ser usadas compensações para países, regiões e estados eventualmente prejudicados. As empresas da indústria vacinas que receberiam um aporte de capital muito grande caso se decida pela vacinação temporária total do rebanho, estariam na obrigação de contribuir com o programa.

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