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Diferenças entre os resultados da análise de uma amostra de terra nem sempre indicam problemas no laboratório!

Por: Patricia Menezes Santos1, Ingrid Cabral2 e Marco Antonio Alvares Balsalobre 3

No Brasil, é comum enviar amostras de terra coletadas em uma região para serem analisadas em laboratórios de outros estados. Esse costume é decorrente tanto da falta de laboratórios de análise de solos em alguns locais quanto da desconfiança, por parte de técnicos e produtores, da qualidade dos laboratórios existentes. Essa prática, no entanto, pode gerar alguns problemas e acabar confundindo mais do que ajudando.

O cálculo do valor de saturação por bases é um exemplo disso. Para calcular a saturação por bases do solo, o laboratório deve antes determinar a sua acidez potencial (H+ + Al+). O método padrão de determinação de acidez potencial é por titulação. Como esse método é trabalhoso, requer muito reagente e depende da experiência do laboratorista, muitos laboratórios passaram a determinar a acidez potencial de forma indireta, a partir de equações que correlacionam a acidez potencial com o pH em tampão SMP (Macedo 2004). As equações utilizadas para isso, no entanto, refletem características dos solos, clima e vegetação característicos de cada região e não são aplicáveis a todas as regiões do país (Macedo, 2004).

Macedo (2004), comparou os métodos de recomendação adubação em pastagens em algumas regiões do Brasil. O autor apontou as distorções que podem ocorrer na determinação da acidez potencial caso uma amostra de terra seja coletada em uma região e enviada para análise em outra (Tabela 1).

Tabela 1. Resultados médios e respectiva variação na leitura do pH SMP, na determinação do H+ + Al+ pelo método de titulação (método padrão) e pelo método indireto da relação entre H+ + Al+ e pH SMP calculado por diferentes equações utilizadas nas várias regiões brasileiras, obtidas em 526 amostras de solos de pastagem do MS.


Na Tabela 1 é possível observar que o valor médio de acidez potencial estimado a partir do pH SMP variou de 3,44 a 6,83 cmolc/dm3. Ainda segundo Macêdo (2004), o resultado de acidez potencial de uma amostra específica de solo poderá variar de 0,5 a 1,75 cmolc/dm3. Essa variação se reflete no cálculo da capacidade de troca de cátions, da saturação por bases e, consequentemente, da quantidade de calcário que deve ser aplicada para corrigir o solo.

Comentário: Os resultados de análises de solo dependem dos métodos laboratoriais utilizados. Em alguns casos, como o do fósforo, o método de análise utilizado é indicado no resultado (P resina, P Mehlich, etc.). No caso da acidez potencial, no entanto, o método de determinação e/ou as equações utilizadas durante a análise não são discriminados, o que leva o cliente a considerar que diferenças nos resultados de laboratórios distintos são decorrentes de erros de análise. Macedo (2004) mostrou que esse nem sempre é o caso. Por isso, é importante que a pessoa responsável pela interpretação dos resultados tenha noção das diferenças entre os métodos e que as amostras sejam enviadas sempre ao mesmo laboratório. Além disso, deve-se evitar enviar amostras de uma região geográfica para outra.

MACEDO, M.C.M. Análise comparativa de recomendações de adubação em pastagens. In: Simpósio sobre Manejo da Pastagem, 21. p.317-355. 2004.
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1 Embrapa Pecuária Sudeste
2 UNESP – Botucatu
3 B&N Consultoria e Bellman Nutrição Animal

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