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Diarréias bacterianas e virais em bezerros

A diarréia em bezerros pode ser determinada por vários agentes infecciosos de etiologia bacteriana, viral, infecção por protozoários, ou ainda, pelo conjunto ou associação de agentes que se utilizam de alguma condição de susceptibilidade intensificando o quadro clínico da doença em bezerros de diferentes faixas etárias (meses de idade). As principais causas de diarréias em bovinos jovens devem ser conhecidas, pois essa enfermidade é responsável por perdas econômicas importantes, e dependendo do agente causador da diarréia, do animal e do custo/benefício do tratamento, a implementação de medidas de controle pós-infecção tem um custo bem superior ao da aplicação de um bom manejo sanitário que visa a introdução de doenças no rebanho.

A diarréia em bezerros pode ser determinada por vários agentes infecciosos de etiologia bacteriana, viral, infecção por protozoários, ou ainda, pelo conjunto ou associação de agentes que se utilizam de alguma condição de susceptibilidade intensificando o quadro clínico da doença em bezerros de diferentes faixas etárias (meses de idade). As principais causas de diarréias em bovinos jovens devem ser conhecidas, pois essa enfermidade é responsável por perdas econômicas importantes, e dependendo do agente causador da diarréia, do animal e do custo/benefício do tratamento, a implementação de medidas de controle pós-infecção tem um custo bem superior ao da aplicação de um bom manejo sanitário que visa a introdução de doenças no rebanho.

A manifestação clínica da doença geralmente caracteriza-se por diarréia aquosa aguda com desidratação intensa e progressão ao óbito. Em algumas situações o tempo de vida do animal sugere determinados agentes, contudo de maneira geral, não é possível realizar um diagnóstico etiológico através apenas da observação clínica. Diante desta característica, alguns autores denominam essa enfermidade como diarréia aguda indiferenciada.

Alguns agentes são mais comumente observados como causadores de diarréias em bezerros jovens de até 10 dias de idade, são eles: Escherichia coli, Clostridium perfrigens, Rotavírus, Coronavírus. Nos animais de 1 a 6 meses os agentes mais comuns são Salmonella spp., Eimeria spp. e Cryptosporidium spp. O conhecimento de algumas características desses agentes facilita no direcionamento do diagnóstico, permitindo a definição da melhor estratégia de controle a ser aplicada no rebanho.

A enterobactéria Escherichia coli que compõe a flora normal de bovinos, em determinadas condições torna-se patogênica resultando na enfermidade conhecida como colibacilose. De acordo com o mecanismo de atuação de diferentes amostras de E. coli, estas podem ser classificadas como: enterotoxigênicas, entero-hemorrágicas e enteropatogênicas.

As principais amostras isoladas em bezerros no Brasil são: as enterotoxigênicas, que ocorre principalmente em neonatos que apresentam fezes amareladas com estriações de sangue, sendo uma das mais importantes causas de diarréias em bezerros; e as amostras entero-hemorrágicas, que é mais freqüente em animais até dois meses de idade. Embora o diagnóstico na maioria das vezes seja presuntivo, surtos de diarréia desta origem podem determinar elevados índices de morbidade e mortalidade. A forma septicêmica da colibacilose pode evoluir rapidamente de 24 a 72 horas, ou quando o animal sobrevive lesões pós-infecção podem estar presentes com artrites, meningites e pneumonias.

A diarréia causada pelo Clostridium perfringens é conhecida como enterotoxemia. Essa nomenclatura é utilizada em ruminantes quando a infecção se dá pela toxina beta produzida pelos tipos B e C do C. perfringens, amostras que inclusive não ocorrem no Brasil. A toxina épsilon produzida por C. perfringens tipo D também pode promover o desenvolvimento de enterotoxemia em bezerros, mas sua atuação é mais comum em ovinos de 1 a 3 meses de idade.

As diarréias virais também devem ser alvo de atenção pelos produtores de gado, devido sua atuação nos primeiros dias de vida do animal. Geralmente, os agentes virais das diarréias atuam pela infecção de células das vilosidades intestinais, principalmente intestino delgado e cólon resultando em atrofia de células intestinais e na diarréia por má absorção. A manifestação clínica se dá pela presença de fezes amareladas com leite coagulado e as vezes presença de muco.

A lesão causada pelo Coronavírus, conhecida em algumas localidades como “desinteria de inverno” tem maior gravidade, contudo é pouco diagnosticada e descrita. No Brasil, o vírus mais comumente observado como causador de diarréias em bezerros é o Rotavírus com casos relatados e diagnóstico comprovado nos estados do Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A depressão do estado imune nos animais facilita o surgimento de infecções secundárias associadas (E. coli) que intensificam o quadro de diarréia e provocam maiores perdas no rebanho.

A salmonelose causada pela enterobactéria Salmonella spp. é uma doença diarréica, hemorrágica que pode levar a septicemia em bezerros. Já foi relatada nos estados do Rio Grande do Sul atingindo animais até 7 meses de idade e Mato Grosso do Sul, onde ocorre a forma septicêmica e entérica com elevada morbidade e mortalidade. Os principais agentes isolados descritos são: S. typhimurium e S. dublin.

As diarréias causadas protozoários geralmente são conseqüência de um desequilíbrio da flora normal intestinal, podendo levar a quadros mais graves quando associados a infecções bacterianas como a E. coli na colibacilose.

Considerando a presença de alguns desses agentes na flora intestinal normal de bezerros, as diarréias infecciosas de origem bacteriana e viral em bezerros são de difícil diagnóstico e geralmente ocorrem em associação dificultando o isolamento de agentes. Os principais métodos utilizados são cultivos de isolamento bacteriano, isolamento viral em cultivo celular, teste de hemaglutinação ou aglutinação em gel, soroneutralização de toxinas entre outras técnicas imunológicas. Contudo, muitas vezes não é possível alcançar um diagnóstico preciso, devendo o proprietário partir imediatamente para as estratégias de controle.

O tratamento da diarréia, quando possível é baseado em hidroterapia dos animais com reposição dos eletrólitos e antibioticoterapia, além de bom manejo nutricional e a implementação de medidas higiênicas para controlar a disseminação da doença no rebanho. A introdução de um programa de controle bem planejado está diretamente relacionada à identificação de fatores de risco relacionados ao manejo, nutrição e higiene do rebanho, que quando controlados minimizam consideravelmente a ocorrência de doenças na propriedade.

Um passo inicial no estabelecimento de estratégias de controle é reduzir a exposição dos animais aos agentes infecciosos com a criação de piquetes para cada categoria animal, com o devido suporte nutricional para cada situação fisiológica, como: o piquete maternidade livre de umidade e bem higienizado que se constitua em ambiente de reduzida contaminação no momento do parto, com vacas bem nutridas (especialmente ao fim da gestação) e capazes de produzir quantidade adequada de colostro. Nesse ambiente deve ser considerada a densidade populacional dos potreiros e o fornecimento do colostro aos animais jovens.

É importante a assistência durante o parto de vacas de corte, buscando evitar excessivo estresse e garantindo a ingestão do colostro de 20 minutos a 8 horas após o parto. Finalmente, é importante destacar que vacinas contra diversos agentes infecciosos causadores de diarréias em bezerros estão disponíveis no mercado brasileiro, alcançando considerável eficácia na redução da ocorrência de casos de diarréia, principalmente quando associadas às boas práticas de manejo sanitário.

Referências Bibliográficas:

Langoni H.; Linhares, A. C.; Ávila, F. A.; et al. Contribuição ao estudo da etiologia das diarréias em bezerros neonatos. CBMV, Gramado, RS, p. 168, 1997.

Lemos R. A. A.; Coelho, A. C. Enfermidades caracterizadas por diarréias. In: Principais enfermidade em bovinos de corte do Mato Grosso do Sul, UFMS, p. 265-294, 2008.

Schuch, L. F. D. Diarréia do bezerros, In: Riet-Correa, F.; Schild, A.L.; Lemos, R. A. A.; Borges, J. R. J. Doenças de ruminantes e eqüídeos. 3 ed. v. 1, p. 496-508, 2007.

1 Alcina Vieira de Carvalho Neta – Profa. da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Msc. Medicina Veterinária Preventiva/UFMG e Dra. em Ciência Animal/UFMG.

2 Comments

  1. Rinaldo B. Viana disse:

    Parabenizo a Dra. Alcina Vieira, pelo excelente artigo e informaçoes prestadas aos pecuaristas. Todavia , gostaria de mencionar que em relação ao tratamento das diarréias neonatais o uso de antibióticos não é essecial. É mais eficiente o tratamento sintomático: correção do desequilíbiro hidroeletrolítico, além de bom manejo nutricional, como fora mencionado pela autora, mas também a utilização de adsorventes (carvãoa ativado) e substâncais emolientes e protetores de mucosa (caulim, pectina…), e dependendo da gravidade da diarréia, suspensão da dieta láctea por substâncias energéticas (solução de cloreto de sódio – glicose 5%, ou preparados comerciais), seguidas da re-introdução gradativa da dieta láctea.

  2. camilo pasquini disse:

    Mas quando estamos com um quadro de diarréia ocorre uma alteração na mucosa intestinal, aumentando sua permeabilidade e permitindo a entrada de patógenos via intestino, então o uso de antibióticos é essencial. E o tratamento sintomático também.

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