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Devemos buscar a união da classe pecuarista e tratar a pecuária como uma atividade profissional [Rodrigo Brüner]

BeefPoint lançou seu prêmio mais importante do ano para reconhecer e celebrar quem faz a diferença na pecuária de corte brasileira.

Nosso trabalho é focado em 3 pilares: conhecimento, relacionamento e inspiração. Tudo isso com foco em uma pecuária mais moderna, lucrativa e eficiente. Realizar um prêmio que seja uma festa e uma homenagem a essas pessoas especiais da pecuária de corte é a melhor maneira que encontramos para trazer inspiração a todos os envolvidos na cadeia da carne. Celebrar e destacar os bons exemplos é o caminho que encontramos e por isso estamos fazendo o Prêmio BeefPoint Brasil 2013.

A premiação ocorreu durante nosso maior evento de 2013, o BeefSummit Brasil, que reuniu mais de 1.000 pessoas em Ribeirão Preto, SP, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2013.

A cerimônia de entrega dos prêmios e divulgação dos ganhadores foi no final do dia 10 de dezembro, após as palestras e antes do coquetel com Chopp Pinguim e degustação de carnes especiais.

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Rodrigo Brüner, um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Brasil, na categoria Produtor de Genética.  

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Rodrigo Brüner é administrador agropecuário das fazendas do Grupo Tulipa Agropecuária, onde desenvolve um projeto oriundo de um programa de melhoramento genético chamado Delta Gen, onde são comercializados touros com DEPs positivas e com o registro e/ou certificado CEIP, que é um certificado especial de identificação e produção emitido pelo Mapa.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do Brasil hoje?

Rodrigo Brüner: Diante do cenário nacional, a pecuária tem como concorrente a agricultura que no momento vem sendo uma atividade muito mais rentável e com muito mais subsídios oferecidos pelo governo. Sem contar com o monopólio que hoje enfrentamos na cadeia da carne bovina e a falta de incentivos por uma carcaça de qualidade superior entregue aos frigoríficos, ou seja, não existe diferencial se você matar um boi de 5 anos ou um garrote de 22 meses, uma vez que a sua remuneração será a mesma.

Então o pecuarista de hoje está sendo desafiado a produzir um animal em ciclo curto e ser tão eficiente quanto o agricultor e depois encarar sozinho os poucos compradores que temos no mercado para nosso produto final que é o boi, e encarar uma atividade onde tudo que se é usado não é subsidiado pelas entidades governamentais.

BeefPoint: O que o setor deveria fazer para aumentar sua competitividade no Brasil?

Rodrigo Brüner: Buscar a união da classe pecuarista em prol de objetivos comuns e tratar a pecuária como uma atividade profissional, o fazendeiro tem que ser um administrador do seu negocio e tornar a fazenda em uma empresa rural.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

Rodrigo Brüner: O que fizemos de mais assertivo foi traçar nossas metas e objetivos e cumpri-las uma a uma. Definimos então que nosso foco seria gerar tecnologia de ponta, visando o aumento da rentabilidade da pecuária de corte.

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Adotamos um sistema de produção de ciclo curto, onde desafiamos 100% das nossas fêmeas Nelore, com idade entre 14 e 17 meses, à reprodução. Sendo nosso objetivo emprenha-las a pasto fixando este GEN em nosso rebanho.

Também fomos em busca de abater um macho Nelore, com idade entre 21 e 24 meses,  com peso final ao redor de 18@ a 20@.

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E hoje podemos dizer que conseguimos realizar vários dos nosso objetivos, dentre eles:

  • Imprimir maior precocidade ao rebanho (65% de taxa prenhez nas fêmeas desafiadas precocemente)
  • Aumento considerável no perímetro escrotal dos reprodutores que ofertamos ao mercado
  • Diminuição da idade ao primeiro parto, colocando no mínimo mais um bezerro na vida reprodutiva da vaca
  • Aumento da taxa de reconcepção das primíparas
  • Uniformidade no plantel de matrizes
  • Maior peso ao desmame
  • Uniformidade dos animais na engorda e no abate
  • Redução na idade dos abates (dias)
  • 100% dos machos produzidos morrem até os 24 meses com terminação em confinamento
  • Maior rendimento de carcaça

E minha maior realização foi ver que nossas metas e objetivos foram todos cumpridos com êxito, construindo assim a nossa história.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Rodrigo Brüner: Com certeza nosso maior erro foi no início dos trabalhos acreditar simplesmente na utilização de sêmen e reprodutores oriundos apenas de criatórios com nome e sobrenome, sem prova alguma, sem DEPs e sem qualquer tipo de avaliação genética, isso com certeza atrasou o andamento do cumprimento das nossas metas, pois na pecuária de cria uma geração perdida é um atraso de 3 anos no ciclo.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

Rodrigo Brüner: Investimos muito na DEP Genômica, que com certeza é um marco que vai revolucionar o mercado de genética, quem ainda não faz, já está desatualizado ou atrasado.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

Rodrigo Brüner: Nosso plano é conseguir atingir o objetivo de 70% de taxa de prenhez nas nossas novilhas desafiadas aos 14 meses de idade, sendo assim teríamos 100% da nossa reposição de animais oriundas desta categoria de precoce e super precoce.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Rodrigo Brüner: Que o pecuarista tradicional aceite os novos desafios do mercado, que são impostos a pecuária e que dê mais crédito aos jovens e às suas opiniões, ideias e novos conceitos. É preciso haver uma quebra de paradigmas e diálogos! E neste ponto eu fui privilegiado pois sou filho de pecuarista e meu pai apostou e aposta todas as suas fichas em nosso projeto.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Rodrigo Brüner: Aquele que encara sua atividade com profissionalismo, empenho, dedicação e acima de tudo amor. Que esteja preocupado com a sustentabilidade do seu negócio e atenda as expectativas do consumidor, quanto ao seu produto final.

Admiro vários trabalhos, mas um que me chama muito a atenção é o realizado pelo Edson Filho na Agropecuária Guapiara no estado do Paraná.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

Rodrigo Brüner: As fazendas do Grupo da Agropecuária Guapiara.

BeefPoint: Por que você acha que foi finalista do Prêmio BeefPoint Brasil?

Rodrigo Brüner: Por me encaixar dentro de um trabalho com um conceito moderno e eficiente e que se encaixa dentro da pecuária sustentável e competitiva frente a outras atividades.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

Rodrigo Brüner: Acreditem nas ferramentas existentes hoje no mercado, para se ter boi gordo precisa ter bezerro, e para ter bezerro precisa ter touro ou sêmen para colocar nas suas matrizes, portanto só adquiram esses produtos oriundos de criatórios e empresas sérias que podem trazer uma contribuição genética expressiva para o seu rebanho e que se encontram com avaliação positiva dentro dos sumários existentes no país hoje.

Confira mais imagens da Tulipa Agropecuária: 

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2 Comments

  1. Felipe José da Carvalho Corrêa disse:

    Como Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que muito atuou diretamente na Coordenação do Programa CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) quero parabenizar Rodrigo Brüner e outros pecuaristas que usam animais CEIPados. Aproveito a oportunidade e gostaria de esclarecer também que o MAPA não emite o Certificado (como descrito no artigo); a emissão do mesmo fica a cargo das empresas de genética bovina, responsáveis pelo projeto que é apresentado ao MAPA para análise e, se couber, registro, e deve atender a legislação existente referente ao tema. Assim, este Certificado tem chancela do MAPA, mas não é emito pelo mesmo.

  2. Jose Ricardo S Rezende disse:

    É isto ai Rodrigo! Profissionalismo e união de classe são vitais para seguirmos na atividade. E foco em melhoria genética contínua e criteriosa. Não adianta nada sobrenome de touro se ele não for provado em avaliações sérias. Em qualquer trabalho de melhoramento apenas uma parcela dos descendentes supera com clareza seus progenitores. Apostar no uso de sumários de bons programas de melhoramento genético, como da Aliança, é a decisão certa. E a incorporação da DEP Genômica no processo é sem dúvida mais um passo em busca da segurança necessária ao produtor.

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