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Desmate na Amazônia pode gerar perdas de US$ 1bi ao agro por ano, diz estudo

Em artigo publicado na revista científica “Nature Communications” nesta segunda-feira (10), cientistas brasileiros afirmam que a falta de chuva e a perda da biodiversidade provocadas pelo desmatamento na região sul da Amazônia já causam queda de produtividade e de receita ao agronegócio brasileiro. A estimativa é de, mantidos os níveis atuais de desmatamento, o prejuízo chegue a até US$ 1 bilhão (o equivalente, hoje, a R$ 5,7 bilhões) por ano até 2050. 

Os autores do estudo são do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que trabalharam em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade de Bonn, na Alemanha. Segundo os pesquisadores, com menos árvores, há menos umidade no ar e menos chuvas. Assim, o avanço do desflorestamento afeta a produtividade do agronegócio brasileiro, já que altos níveis de desmatamento reduzem o volume de chuvas e a produção agrícola. 

Em 2019, um quarto do sul da Amazônia brasileira – área que abrange Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins e Mato Grosso – atingiu limite crítico de redução de chuvas causada por perda de floresta. Em algumas regiões, a diminuição das chuvas devido ao desmatamento já chega a comprometer 48% do volume total de precipitações anuais. 

Argemiro Teixeira Leite Filho, engenheiro florestal que coordenou o estudo, diz que o desmatamento está diminuindo a capacidade do bioma amazônico de regular os padrões de chuva, colocando os sistemas agrícolas do país, grande parte de agricultura de sequeiro (alimentada por chuvas), no caminho do “agro-suicídio”. 

O valor da perda pode aumentar ou diminuir até 2050, mas os prejuízos já são reais, embora muitos produtores ainda não se deem conta disso. O que pode variar daqui para frente é o quanto será perdido, e isso depende de políticas efetivas de controle do desmatamento a serem adotadas. Quanto menos efetivas as políticas, maiores serão os prejuízos.

“O que pode ser feito é, basicamente, o controle do desmatamento. Não há como resolver o problema controlando pontualmente. O combate do desmatamento da Amazônia precisa ser considerado uma política nacional, mas não somente ambiental: ele também é uma política a favor do agronegócio”, explicou Argemiro Teixeira Leite Filho.

Considerando o cenário atual de políticas de combate ao desflorestamento, as perdas na produção de soja até 2050 podem ser R$ 32,2 bilhões (US$ 5,6 bilhões). Já para a produção de carne seria de R$ 1,03 trilhão (US$ 180,8 bilhões) nas próximas 3 décadas. Com uma política eficaz para o combate ao desmatamento na Amazônia até 2050, a diminuição das perdas seria de R$ 111,15 bilhões (US$ 19,5 bilhões). 

Na última sexta-feira, a medição do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que a área sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em abril foi a maior para o mês desde 2016: 581 km² até o dia 29. É o segundo mês consecutivo em que os índices batem recordes históricos mensais.

Como o cálculo foi feito 

O estudo durou três anos e levou em conta o aumento do desmatamento e a diminuição da chuva no período de 20 anos, entre 1999 e 2019. A cada avanço de 10% no desmatamento, o volume de chuva diminui 49,2 mm por ano. 

A pesquisa também considerou informações de produtividade da Projeção do Agronegócio de 2019 a 2029, feita pelo Ministério do Meio Ambiente, que apresentam a área total ocupada pelo agronegócio em 2019. 

Na produção de soja, a cada hectare de terras se produz 3,7 toneladas de soja; cada tonelada vale R$ 1.721 (US$ 302). Em toda a região do sul da Amazônia, em 2019, eram 4,8 milhões de hectares, nos quais se produziu mais de 17 milhões de toneladas da oleaginosa, com receita de R$ 5,3 bilhões. 

Fonte: Valor Econômico.

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