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Desequilíbrio no mercado da carne é oportunidade para produtor que quer aumentar oferta, diz presidente da Fealq

Apesar de ter desequilibrado todo o mercado mundial da produção de carne, a crise de peste suína africana que atinge a China e outros países da Ásia e da Europa pode dar oportunidades ao produtor que briga para aumentar sua oferta.

A avaliação é do diretor-presidente da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), de Piracicaba (SP), Sergio De Zen, que anunciou nesta quarta-feira (11) que vai assumir a função de assessor direto da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, a partir de 2020.

A doença, que atingiu rebanhos da China e outros 15 países da Ásia e Europa, teve como reflexo o aumento da exportação de carne brasileira.

“A elasticidade de preços e demanda nesses mercados são elevadíssimas. Então, você tem uma demanda reprimida nesses mercados muito forte. E isso é uma coisa que vem crescendo nos últimos anos à medida que eles vão ganhando renda. E o Brasil é um dos países que mais tem capacidade de ofertar essa proteína”, afirma Zen, que é engenheiro agrônomo.

Essa capacidade brasileira se dá, segundo ele, porque a cadeia produtiva do país tem capacidade de expansão, diferente de uma séria de países do mundo. “Melhorando a produtividade, você reduz os impactos ambientais, reduz os custos de produção. E consegue agregando mais fatores de produção de qualidade, manejando bem esses fatores de produção, e o Brasil tem feito isso”, acrescenta.

Apesar da oportunidade para o Brasil, ele ressalta que trata-se de um problema global. “Talvez isso até valorize um pouco o produtor que luta para manter e aumentar a produtividade dele. É isso que vai acontecer, não só no Brasil. Todos estão em um desafio de aumentar a produtividade para suprir essa demanda mundial de proteína animal, que é de bovino, frango, suínos, peixe. Todas as proteínas estão afetadas, em menor ou grande escala”.

Cenário para 2020

No entanto, o engenheiro acredita que não é possível ter um cenário tão definido para o próximo ano neste mercado.

“É muito difícil ter uma visão [para 2020] porque a gente está vivendo um momento de muita ação dentro do setor. Ao longo dos últimos anos, tivemos uma crise sem precedentes no sudeste asiático, incluindo a China, com um problema sanitário que afetou drasticamente a produção e com isso você tem uma perda de produção enorme. Isso não afeta só o Brasil, mas o mundo todo”, explica.

O desequilíbrio de mercado se deu por causa de uma redução drástica na oferta, detalha o acadêmico. “De uma hora para outra, você desaparece com um percentual muito elevado da produção proteína animal no mundo e isso, dado que esses países vão ter que consumir, causa um desequilíbrio em todo o mercado e o Brasil não fica fora disso”.

Aumento no preço

Sobre o aumento no preço da carne nas últimas semanas, Zen aponta que é algo transitório. “Não é um fator brasileiro, é um fator global. Porque você tem uma saída da produção da China do sudeste asiático com a questão da peste suína que afeta a oferta global de proteína animal. Isso desequilibrou todos os mercados. Nos Estados Unidos a carne está subindo, na Europa, Argentina, Uruguai”, analisa.

Novo desafio

A Fealq divulgou nesta quarta-feira que Sergio de Zen aceitou o convite para integrar o primeiro escalão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a partir do início do ano que vem. Ele terá relacionamento com todas as áreas coordenadas pelo gabinete da ministra, exercendo função em nível técnico-estratégico, segundo a instituição.

“Com a integração de De Zen ao Ministério, Piracicaba e região ganha um interlocutor no primeiro escalão federal”, apontou a Fealq, em nota.

“Não definimos [funções]. Tem alguns projetos e principalmente visões estratégicas de alguns projetos que ela gostaria que eu colaborasse. Isso foi definido. Ela gostaria que eu participasse muito em ajudar na definição e elaboração de planos estratégicos do ministério”, afirmou Zen.

O engenheiro agrônomo tem 53 anos, é mestre e doutor em Economia Aplicada e professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP. Especialista em gestão financeira de propriedades agropecuárias e nos mercados de proteína animal (boi, suíno, frango, leite e ovos), teve como uma das suas principais contribuições foi a criação do Indicador do Boi em parceria com a Bolsa brasileira (atual B3) para o balizamento das operações financeiras do mercado de boi gordo.

Com sua saída da Fealq, o já diretor Nelson Sidnei Massola Júnior, professor e chefe do Departamento de Fitopatologia e Nematologia da Esalq/USP, deve assumir como diretor-presidente da Fundação.

Fonte: G1.

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