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Desenvolvimento do Sistema Mastigatório – Benefícios de uma alimentação com base em alimentos fibrosos como a carne vermelha

Por Marcelo P. Georgetti

O conhecimento do que é um desenvolvimento normal e dos fatores que contribuem para o estímulo de crescimento do sistema mastigatório de um indivíduo são itens de extrema importância e que todos deveriam estar atentos.

Observa-se e com razão uma grande ênfase dada à nutrição adequada e balanceada de uma criança em seus primeiros anos de vida, porém na grande maioria das vezes essa preocupação se foca principalmente na qualidade nutricional da dieta e não no tipo de alimento oferecido, e muito menos com a preocupação de que aquele indivíduo em desenvolvimento precisa ingerir alimentos que o forcem a executar movimentos e forças mastigatórias que serão de suma importância e extremamente benéficos para o seu desenvolvimento normal.

Um alerta que precisa ser divulgado e entendido é que “Raças menos civilizadas e que desconhecem o uso de mamadeiras e papas ou alimentos industrializados, possuem uma dentição decídua ou “de leite” maduras e melhor desenvolvidas“.

Com base neste alerta faz-se necessário o entendimento de alguns fatores vitais para o correto desenvolvimento de todo o sistema mastigatório em si e que terá também grande repercussão no perfil facial do indivíduo.

O Sistema Mastigatório composto basicamente por quatro componentes: dentes, periodonto (estruturas que suportam os dentes: osso e gengiva), músculos da mastigação e articulações temporo-mandibulares (articulações que articulam a mandíbula ao crânio), assim como todo o organismo, se desenvolve frente a dois fatores: 1) genético e 2) funcional (ou seja , ligado à função desenvolvida).

O que se faz importante saber é que independentemente da informação genética do indivíduo, a função desenvolvida por um determinado órgão, seja ela executada de maneira correta ou não, terá grande influência no desenvolvimento correto ou não deste mesmo órgão e de outros órgãos que a ele se relacionam.

Portanto para entendermos os benefícios da mastigação de um alimento fibroso, como a carne vermelha, é imprescindível entendermos o correto desenvolvimento das vias respiratórias ditas superiores, pois seu correto desenvolvimento irá ter uma influência direta no correto desenvolvimento da dentição e consequentemente da mastigação e de seus componentes.

O recém-nascido ao iniciar seus primeiros atos respiratórios inicia seu processo de desenvolvimento das fossas nasais. A passagem do ar pelas fossas nasais, excita as terminações nervosas ali presentes que irão gerar, entre outros fatores, respostas de desenvolvimento das mesmas. O interessante a saber é que a base óssea das fossas nasais compõe o palato (“céu da boca”) do indivíduo e é nesse palato onde estão presentes os germes dos dentes, então o desenvolvimento correto dessa base óssea terá fundamental importância para o correto desenvolvimento da dentição.

Primeira lição

Um bebê que respira corretamente pelo nariz, desenvolve corretamente as vias aéreas superiores, desenvolverá corretamente o palato e consequentemente terá uma correta orientação das posições dos dentes decíduos (“de leite”), ao passo que um bebê que respira com dificuldades pelo nariz, passa a respirar pela boca por ser muito mais fácil, se habitua à respiração bucal e consequentemente não desenvolve as vias aéreas superiores, o céu da boca fica muito mais profundo e os dentes irão erupcionar de forma incorreta. Os dentes erupcionando de forma incorreta irão num futuro desenvolver uma mastigação também incorreta. Portanto não podemos separar o desenvolvimento do sistema mastigatório do desenvolvimento do trato respiratório.

Em conjunto com tudo isso, temos que imaginar que o bebê está na fase de amamentação no peito da mãe e que para realizar esta função nobre, se vê obrigado a começar a fazer determinadas forças musculares e determinados movimentos com sua pequena mandíbula, que servirão de estímulos adequados para o desenvolvimento de seus músculos mastigatórios e de suas articulações temporo mandibulares, consequentemente ao associar o correto desenvolvimento respiratório com o correto desenvolvimento dos músculos e articulações, o recém-nascido começa a se desenvolver corretamente e este processo se prolonga em seu primeiro ano de vida até a erupção dos primeiros dentes.

Segunda lição

A amamentação no peito materno, se possível durante todo o primeiro ano de vida, estimula corretamente a respiração, os músculos e as articulações e o indivíduo se desenvolve como tem que se desenvolver. “O uso das mamadeiras de forma indiscriminada anula esses estímulos de desenvolvimento, desperta o hábito de só engolir e facilita o início de uma respiração bucal”.

Finalmente agora onde os primeiros dentes erupcionaram e começam a se inter-relacionar é que podemos discutir as vantagens da mastigação da carne vermelha, por exemplo.

Durante a fase da amamentação o bebê realiza basicamente movimentos para frente e para trás com sua mandíbula (maxilar inferior) para conseguir tirar o leite do seio da mãe e deglutir. Com a erupção dos primeiros dentes anteriores e após esses dentes começarem a se contactar (dos 9 aos 12 meses de idade) começa a ser exigida uma nova função para este sistema em desenvolvimento, que é a Mastigação propriamente dita, exercendo funções de apreensão e corte dos alimentos, executando movimentos não mais exclusivamente para frente e para trás mas também movimentos laterais para um lado e para o outro, e é agora que entra mais uma vez a importância para o indivíduo de alimentos fibrosos como a carne vermelha.

A carne vermelha, sem entrar no mérito extremamente nutritivo, como citado por José Taddei e Semíramis Domene, tem um papel de suma importância para o desenvolvimento agora da mastigação. Por ser um alimento fibroso, exigirá do bebê uma força ainda maior do que a que ele já vinha executando para se alimentar portanto favorece seu desenvolvimento muscular, exigirá que sua mandíbula faça uma série enorme de movimentos para conseguir cortar e “mastigar” o alimento favorecendo o desenvolvimento de suas articulações e estruturas ósseas envolvidas, orientará todo o desenvolvimento e erupção dos demais dentes além de já ir favorecendo os estímulos às estruturas que suportam os dentes (tecido ósseo e gengiva) além de provocar um gasto de energia que produzirá a resposta do desenvolvimento correto e contínuo.

Terceira lição

“Nada como dar ao bebê um bom bife de contra-filé para ele segurar, mastigar e se lambuzar, se alimentando e se desenvolvendo naturalmente”.

Obviamente os benefícios da carne vermelha para uma mastigação saudável não param por aqui e muito menos no início do desenvolvimento da dentição e do Sistema Mastigatório. A carne vermelha tem que e deve ser mastigada muito e muitas vezes durante toda a vida do indivíduo. Este por enquanto é só o início do processo, que se for bem orientado, somente trará benefícios à vida e a mastigação saudável.

Referências Bibliográficas

Taddei, J. A.C. e Domene, S.M.A., A introdução da carne no primeiro ano de vida. Artigos S.I.C., abril, 2002.

Prevenção das má oclusões – Atualização na clínica odontológica, Congresso Paulista de Odontologia, p. 333-53, Jan., 2000.

Planas, P. Reabilitação Neuro Oclusal, 2 ed., MEDSI, 1997.

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1Marcelo P. Georgetti é Cirurgião Dentista e Membro do Comitê Técnico do SIC

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