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Desaquecimento chinês põe mercado de commodities agrícolas em alerta

Qualquer redução do ritmo de crescimento da China, que lidera as importações mundiais de commodities, traz preocupações para os demais jogadores do tabuleiro das negociações.

E já há alguns anos o avanço chinês arrefeceu, tendência que deverá ser confirmada em 2018. De acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático deverá aumentar 6,6% neste ano, menos que em 2017 (6,9%) e muito abaixo do patamar de 10% observado no começo da década.

Nesse contexto, dados divulgados na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) preocuparam analistas especializados no mercado de grãos.

No caso da soja, por exemplo, o aumento do consumo da China deverá ser de “apenas” 4,8% nesta safra 2018/19, para 112,1 milhões de toneladas. Em suas primeiras projeções para a temporada, divulgadas em abril, o USDA apontava para um consumo de 118,4 milhões de toneladas.

Segundo análise da consultoria Capital Economics, apesar do desaquecimento da economia chinesa, a demanda externa do país por commodities agrícolas deve ser menos afetada por esse movimento do que outras commodities, como o aço.

“Nós não achamos que haverá uma desaceleração significativa no consumo da maioria dos produtos agrícolas na China, incluindo até mesmo os bens mais ‘luxuosos’, como café e cacau, devido à desaceleração do crescimento”, avalia a consultoria em boletim divulgado nesta sexta-feira.

Esse cenário de menor crescimento, porém, pode ser intensificado pela disputa comercial entre Pequim e Washington. De acordo com Nelson Ferreira, sócio da McKinsey, o aumento de protecionismo tem como consequência inevitável o menor crescimento mundial, o que diminui o poder de compra da população.

“O consumo de proteína em qualquer país se dá em função da renda per capita. Protecionismo implica aumento mundial menor, e isso vai afetar o crescimento da demanda de proteína também na China”, disse, durante evento em São Paulo nesta semana. Assim, mesmo a demanda chinesa por soja — para produção de ração — estaria mais arrefecida.

A maior preocupação, nesse contexto, seria para os países mais dependentes da exportação de commodities, como é o caso do Brasil. Hoje, aponta o relatório da Capital Economics, “é difícil ver a substituição da China como o motor do crescimento da demanda por commodities”.

Com relação ao consumo de milho, os dados do USDA mostram aumento de 4,1% na demanda, para 251 milhões de toneladas, com importações de apenas 5 milhões de toneladas. Para o algodão, o USDA estima que a China consuma 9,25 milhões de toneladas, avanço de 3,7% ante o ciclo 2017/18. O consumo de trigo deve crescer apenas 4,1% na mesma comparação.

Fonte: Valor Econômico.

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