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Deputados discutem questões da pecuária na Amazônia

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que o governo vai concluir, em seis meses, um sistema de rastreamento com georreferenciamento do gado produzido no Pará. O sistema é uma tentativa, segundo o ministro, de acabar com o impacto do setor agropecuário no desmatamento no estado. "Estão participando desse projeto os frigoríficos, o Governo do Pará e representações dos pecuaristas, todos têm interesse em se instrumentalizar o desmatamento zero".

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que o governo vai concluir, em seis meses, um sistema de rastreamento com georreferenciamento do gado produzido no Pará. Haverá o monitoramento via satélite de uma área de 150 mil quilômetros quadrados, abrangendo cerca de 15 mil propriedades do estado.

O sistema é uma tentativa, segundo o ministro, de acabar com o impacto do setor agropecuário no desmatamento no estado. “Estão participando desse projeto os frigoríficos, o Governo do Pará e representações dos pecuaristas, todos têm interesse em se instrumentalizar o desmatamento zero”, declarou em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, nesta quarta-feira.

Durante a audiência, o ministro admitiu que a pecuária está entre os cinco maiores causadores de desmatamento na região conhecida como Amazônia Legal – conceito que classificou de “ficção geográfica”. Ele citou um levantamento concluído no mês passado por técnicos do ministério que comprovou o impacto da pecuária no desmatamento, mas ressalvou “há uma dificuldade” importante para avaliar esse impacto, que é a abrangência do conceito de Amazônia.

“Embora não tenha sido medida, mas há um problema nesta análise que é a mistura dos conceitos de Amazônia Legal e Amazônia”, declarou. “Isso faz com que chegue ao exterior uma visão de que o bioma está sendo afetado, enquanto o problema está concentrado em uma ficção geográfica que é a Amazônia Legal”, destacou. Stephanes não quis informar os outros quatro maiores responsáveis pelo desmatamento na Amazônia.

Para a ministra em exercício do Ministério do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, o governo tem tecnologia e capacitação suficiente para fazer a rastreabilidade do gado. “Acho que a ação articulada do governo com a sociedade fará com que possamos certificar o trajeto do gado e avançar na redução do impacto do vetor pecuária no desmatamento da Amazônia”, declarou.

A audiência também serviu para os parlamentares debaterem o relatório Farra do Boi na Amazônia, produzido pela ONG Greenpeace. O documento mostra o impacto de atividades da indústria do gado na região e denuncia ações de agentes da cadeia pecuária, por autorização ou omissão de órgãos governamentais, que têm provocado desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas.

A grande maioria dos deputados criticou o trabalho. Os deputados Giovanni Queiroz (PDT-PA), Moreira Mendes (PPS-RO) e Asdrubal Bentes (PMDB-PA), por exemplo, criticaram a “ingerência” do Greenpeace em assuntos internos do Brasil. “Vocês [o Greenpeace] estão a serviço dos interesses estrangeiros”, acusou Queiroz. Já o deputado Fernando Marroni (PT-RS) defendeu o documento argumentando que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e precisa ser preservada.

O representante do Greenpeace, Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia da ONG, declarou que o relatório da entidade deve ser encarado como uma “centelha” para iniciar a discussão e busca alertar o Brasil sobre o tipo de produto que o consumidor mundial procura. “Se não conseguirmos seguir as regras do jogo do comércio internacional, a indústria brasileira vai ser prejudicada”, disse. “O mundo não vai querer consumir o produto se não houver uma adequação às novas demandas, não adianta querer empurrar um modelo atrasado. E as ONGs não são inimigas do Brasil porque estão denunciando o problema”.

O autor do requerimento para a realização da audiência, deputado Roberto Rocha (PSDB-MA), que preside a comissão, disse que a audiência evidenciou um problema preocupante, que é a exposição internacional do Brasil “como se estivéssemos devastando a Amazônia, o que não é o caso”, declarou. “Temos várias tarefas na comissão, uma delas é atualizar o Código Florestal para darmos um passo importante na legalidade, porque muitos produtores estão vivendo longe dela”.

As informações são da Agência Câmara, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Fábio Talayer Torres disse:

    Pelo que o Sr. Paulo Adario falou no texto acima, o Greenpeace virou consultor de hábitos de consumo do mercado exterior de carne bovina. O problema é que ninguém aqui no Brasil pediu essa consultoria. E o argumento do Sr deputado Fernando Marroni: “a Amazônia é um patrimônio da humanidade e precisa ser preservada”, é uma balela, quero ver agente aqui no Brasil dar opinião sobre “os patrimônios mundiais” pertencentes aos paises ricos. O problema é que infelizmente todo mundo virou militante verde, todo mundo se acha no direito de dizer : “eu sou contra o desmatamento da Amazônia” como se tivesse pós-doutorado no assunto, sem saber da complexidade sócio-econômica que esse tema engloba. Não estamos só falando de árvores mas principalmente de uma população de 20 milhões de habitantes que vivem nesta região ….

  2. Leonardo Siqueira Hudson disse:

    Mais uma vez volta a insistir.

    Espero que eles tenham bom senso, agilidade e discernimento para legalizar as áreas que hoje são incorporadas ao sistema de produção nacional, fruto do incentivo dos governos passados e da bravura dos homens que garantiram a soberania nacional da Amazônia.
    Seria um retrocesso fazer áreas já estabelecidas em 50% para produção e 50% de reserva em regiões com infra-estrutura socioeconômicas já estabelecidas voltar para 20% de área produtiva e 80% de reserva. Temos Amazônia de sobra para ser preservada.
    Temos municípios como o exemplo de Paragominas no Pará onde existe reflorestamento, sistemas de integração lavoura + pecuária + floresta, produção de gado de corte, produção de soja e milho em escala tecnificada e profissional.
    Hoje temos potencial para produzir sem desmatar, simplesmente com incentivo à recuperação de áreas degradadas.
    Temos potencial de produzir com sustentabilidade utilizando as tecnologias amplamente divulgadas por órgãos de pesquisa (Embrapa) e por iniciativa de técnicos e produtores inovadores. A Embrapa está empenhada em divulgar a integração lavoura pecuária e florestas (excelente iniciativa). Já temos grandes áreas implantadas com esta tecnologia em várias regiões do país.
    O governo deve ter agilidade em viabilizar e facilitar o acesso para legalização fundiária que permita ao produtor acesso ao crédito e metodologias para remunerar o produtor para que ele possa preservar. Ninguém vive de um negócio que não seja interessante financeiramente.
    Que o mundo pague para que possamos preservar o que eles já desmataram em seus territórios.
    O que precisamos é de menos conversa ideológica em mais ação inteligente dos homens que governam este Brasil que certamente é o celeiro do mundo.

  3. Herne Moreira Alves disse:

    uma pergunta ao Sr Fernando Marroni (PT-RS), porque as florestas dos EUA ou da EU nao sao patrimonio da umanidade? simples, elas nao existem.

    A amazonia é do brasileiro e nao desse greenpeace ou da europa, ela é nossa e nos devemos decidir o que faremos. Devemos preservar, mas de forma que nos permita produzir tambem.

  4. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    É tão bom saber que vivemos, trabalhamos e morremos em uma “ficção geográfica”.

    Os nossos filhos são “ficçãogeografienses”, nunca paraenses, amazonenses e etc.

  5. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    Caro Fábio Talayer Torres,

    O senhor está completamente desatualizado, se duvida leia o que está escrito no site do “greenpeace”:

    “A proteção da floresta e a busca por soluções para o desenvolvimento da região é uma prioridade global do Greenpeace. Estamos trabalhando por um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia que combine responsabilidade social e proteção ambiental, permitindo a exploração dos recursos da floresta de maneira racional e assim garantindo qualidade de vida para os habitantes da região.”

    Eles estão elaborando e ditando as políticas públicas do atual governo para a Amazônia.

    Tenho até a impressão que eles foram contratados para fazer isso, se não foram porque será que todos os homens do governo repetem, em seus discursos, o que está dito no site?

  6. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    O deputado Fernando Marroni (PT-RS), está apenas repetindo o que foi dito nas DIRETRIZES BRASIL N.º 4 – ANO “0”, da Exposição 03/81, do CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL , elaboradas em Genebra em julho de 1.981:

    A – A Amazônia total, cuja maior área fica no Brasil, mas compreendendo também parte dos territórios venezuelano, colombiano e peruano, é considerada por nós como um patrimônio da humanidade. a posse dessa imensa área pelos países mencionados é meramente circunstancial, não só decisão de todos os organismos presentes ao simpósio como também por decisão filosófica dos mais de mil membros que compõem os diversos conselhos de defesa dos índios e do meio ambiente.
    B – é nosso dever: prevenir, impedir, lutar, insistir, convencer, enfim esgotar todos os recursos que, devida ou indevidamente, possam redundar na defesa, na segurança, na preservação desse imenso território e dos seres humanos que o habitam e que são patrimônio da humanidade e não patrimônio dos países cujos territórios, pretensamente, dizem lhes pertencer.
    C – é nosso dever: impedir em qualquer caso a agressão contra toda a área amazônica, quando essa se caracterizar pela construção de estradas, campos de pouso, principalmente quando destinados a atividades de garimpo, barragens de qualquer tipo ou tamanho, obras de fronteiras civis ou militares, tais como quartéis, estradas, limpeza de faixas, campos de pouso militares e outros que signifiquem a tentativa ou do que a civilização chama de progresso.
    D – é nosso dever manter a floresta amazônica e os seres que nela vivem, como os índios, os animais silvestres e os elementos ecológicos, no estado em que a natureza os deixou antes da chegada dos europeus. para tanto é nosso dever evitar a formação de pastagens, fazendas, plantações e culturas de qualquer tipo que possam ser consideradas como agressão ao meio.
    E – é nosso principal dever, preservar a unidade das várias nações indígenas que vivem no território amazônico, provavelmente há milênios. é nosso dever evitar o fracionamento do território dessas nações, principalmente por meio de obras de qualquer natureza, tais como estradas públicas ou privadas, ou ainda alargamento, por limpeza ou desmatamento, de faixas de fronteira, construção de campos de pouso em seus territórios. é nosso dever considerar como meio natural de locomoção em tais áreas, apenas os cursos d `água em geral, desde que navegáveis. é nosso dever permitir apenas o tráfego com animais de carga, por trilhas na floresta, de preferência as formadas por silvícolas.

    Assim por diante, quem quiser acessar o documento na íntegra basta acessar o site abaixo:

    http://www.alertatotal.net/2008/06/christian-church-world-council-exposio.html

    Já entrei em contato com a empresa que traduziu o documento – (11) 3104-3838 – onde informaram que realmente tal registro.

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