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Demanda chinesa por carne bovina deve continuar a favorecer o Brasil

A demanda por carne bovina na China é forte e deverá continuar assim em 2019, o que tende a beneficiar o Brasil e outros países produtores em meio ao confronto comercial entre a nação asiática e os Estados Unidos. É o que mostra o banco holandês Rabobank em seu mais recente relatório sobre o segmento.

Diversos surtos de febre suína africana foram registrados nos últimos meses na China, maior consumidor mundial de carne suína. Se a propagação da doença persistir, afirmam os analistas do Rabobank, Pequim deverá aumentar as importações do produto e de outras carnes, como a bovina, no ano que vem.

E a demanda doméstica chinesa por carne bovina já é expressiva, ainda que o produto custe três vezes mais caro que a carne suína, básica no país. As importações chinesas de carne bovina aumentaram 40% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2017, para 456 mil toneladas. Um provável declínio na entrada na China de carne contrabandeada de Hong Kong, em virtude de inspeções mais rígidas nas fronteiras, deve ter contribuído para esse incremento.

A China continua a se abrir a novos exportadores de carne. Nos últimos meses, vários países europeus, como Irlanda, Holanda, Dinamarca, França e Reino Unido, obtiveram aprovação para exportar carne congelada ao mercado chinês. O primeiro carregamento de carne bovina irlandês chegou ao país em julho. Além disso, 9 mil cabeças de gado bovino Angus chegaram recentemente do Uruguai, para um projeto de reprodução.

Isso porque, apesar do aumento das importações, a forte demanda doméstica também é atendida pela produção local. Segundo o Rabobank, a produção chinesa aumentou 1,1% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2017, alcançando 2,81 milhões de toneladas. A China é o segundo maior país importador de carne bovina brasileira, atrás de Hong Kong. As importações chinesas da carne brasileira aumentaram 44% entre janeiro e agosto – Hong Kong importou 212 mil toneladas, uma alta de 18%.

O banco holandês nota que, após uma queda em junho, as exportações brasileiras de carne bovina aumentaram de maneira significativa em julho. Os volumes vendidos cresceram 8% nos primeiros oito meses deste ano. E segundo os analistas da instituição, o consumo do mercado doméstico brasileiro, que aumentou 1% em 2017, pode crescer 2% em 2018.

Na Ásia, as importações de carne bovina pelo Japão e pela Coreia do Sul estão igualmente em alta. Os japoneses permitem agora a entrada da carne fresca argentina. O primeiro carregamento chegou em julho. Para o Rabobank, essa decisão pode ser uma indicação positiva para o Brasil, que também quer ganhar acesso ao mercado japonês.

A União Europeia aumentou em 16% as importações de carne bovina nos cinco primeiros meses do ano em relação a igual intervalo de 2017. Países da América do Sul foram os que mais aumentaram as vendas, e esse fluxo deve continuar no segundo semestre. Já as exportações europeias de carne bovina caíram 4% no mesmo período.

De seu lado, as exportações dos EUA cresceram 14% até junho, com alta de 41% para a Coreia do Sul. Mas o irritante na atual política comercial americana são suas frequentes mudanças, realça o banco. E a guerra comercial entre Washington e Pequim está causando impacto na exportação americana de carne suína, ampliando a oferta e deprimindo os preços nos Estados Unidos.

As vendas de carne bovina têm sido menos afetadas pelo conflito, já que os volumes americanos para o mercado chinês são pequenos. Somente no ano passado a China reabriu o mercado para os EUA nessa frente. Em todo caso, a briga agora paralisa a expansão das vendas da carne americana para a China.

Para o Rabobank, a grande preocupação para as exportações dos EUA é o lento processo de negociações do Nafta com México e Canadá. A instituição também destaca que a seca também poderá ser um problema para a produção nos EUA e na Austrália.

Conforme o banco, algumas companhias globais de carne bovina revisaram para baixo suas expectativas de lucros em 2018 diante da combinação de interrupção do comércio e ampla oferta de proteínas, enquanto outros mantêm projeções de elevada rentabilidade. O banco prevê, em geral, mais pressão sobre as margens.

Fonte: Valor Econômico.

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