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Definindo produção e comercialização no mercado de carne. Parte 2

Luís Orlindo Tedeschi1

No setor de comercialização, as alianças estratégicas (Beef Strategic Alliances) estão mudando o modo de produção e comercialização da carne ao redor do mundo. O setor de comercialização de carne sempre foi caracterizado por um mercado extremamente fragmentado, desconfiança entre os participantes (produtores, frigoríficos e vendedores), falta de especificidade na qualidade do produto e longo ciclo de produção. Os principais objetivos dessas alianças estratégicas são prover os consumidores com um produto consistente e de alta qualidade, melhorar o sistema de comercialização da carne, e melhorar a distribuição do retorno econômico entre os participantes.

Após mais de 20 anos de planejamento, as alianças, que são compostas por um conjunto de medidas e acordos de produtos especiais (value-added e marcas), produção coordenada e sistemas de marketing, estão tomando conta do setor de comercialização de carne nos EUA, sendo que o auge encontra-se no período de 1999-2000.

Durante o ano de 1999, 14.8% dos animais abatidos (3,5 milhões de um total de 23.5 milhoes) foram fornecidos por grupos que de uma forma ou outra faziam parte de uma aliança estratégica ou de um mercado de produtos com valor adicional (value-added) . Um levantamento realizado com os produtores de carne dos EUA e publicado em Agosto de 2000 (revista Beef) mostrou que apenas “4%” dos produtores fazem parte de uma aliança estratégica, entretanto 59,1% dos que não fazem parte gostariam de participar.

A coordenação da produção até o marketing através de uma entidade organizadora não ligada ao sistema de produção parece ser a melhor opção para as alianças estratégicas, e juntamente com a produção de carne de marca (Branded Beef) perfaz a chave para o sucesso dessas alianças. Entretanto, três itens têm que ser implementados:

(a) os frigoríficos deve separar as carcaças dependendo da qualidade e consistência exigida pelos consumidores,
(b) coordenação e cooperação entre os participantes da aliança, e
(c) organização da produção e distribuição através da entidade organizadora, que coordena todo o sistema desde o produtor até o consumidor

Nos EUA, várias alianças estratégicas têm sido iniciadas com resultados variados. Entre as alianças que obtiveram sucesso estão o Certified Angus Beef, Certified Hereford Beef, Coleman´s Natural Beef, Laura´s Lean Beef, etc. Essas alianças tem utilizado duas características que há muito tempo têm sido pedida pelos consumidores: o uso de carne “natural” e o não uso de implantes (ou hormônios).

Países que utilizam pasto para produzir carne como o Brasil, são grandes competidores e podem fornecer produtos de melhor qualidade a um preço mais baixo no mercado internacional. Uma aliança estratégica foi iniciada em São Paulo quatro anos atrás por um grupo de frigoríficos e desde então tem recebido várias implementações. Entretanto, a prática bem como as pesquisas têm mostrado que deve existir uma entidade distinta da seqüência produtor-frigorífico-vendedor para gerenciar desde a produção até o consumo da carne.

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1 Doutorando, Ciência Animal, Universidade de Cornell

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