EUA: declínio no preço do petróleo beneficia mercado de carne bovina
14 de maio de 2012
Atacado – 14/05/2012
14 de maio de 2012

Debate contra concentração de frigoríficos ganha força no país

A busca para frear a linha ascendente da concentração das indústrias frigorificas nas mãos de poucos grupos e a linha descendente dos pequenos frigoríficos, ganha força no Brasil, principalmente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que detêm os maiores rebanhos bovinos brasileiros. “Estamos em busca de explicação para saber por que alguns grupos foram abençoados com recursos públicos vindos do BNDES e outros não?”, pergunta o superintendente da Acrimat – Associação dos Criadores de Mato Grosso, Luciano Vacari.

Esse será um dos pontos discutidos no dia 14 de maio, no Tatersal de Elite 1 da Acrissul, em Campo Grande (MS), às 19h30, no evento Debate Pecuária X Concentração de frigoríficos. Um encontro organizado pelas Associações de Criadores dos Estados de Mato Grosso (Acrimat) e Mato Grosso do Sul (Acrissul). Vacari salienta que os pequenos frigoríficos não tiveram, e continuam não tendo, ajuda do crédito oficial para se manter “e o resultado disso é que o pequeno fecha por falta de crédito e o grande, que foi abençoado pelo BNDES, compra o pequeno e gera a famigerada concentração”.

Informações da Acrissul dão conta que a concentração da indústria frigorifica hoje é algo tão preocupante que somente 8 frigoríficos respondem por 29,4% de todo o abate no País. Em Mato Grosso do Sul três frigoríficos respondem dos 70% dos abates. “É preciso que saibamos nos posicionar em relação a este entrave que vem sendo desenhado pela concentração da indústria frigorífica. Se não agirmos unidos e com eficiência, poderemos nos tornar no futuro meros integrados, como já acontece na produção de suínos e aves”, compara Chico Maia, presidente da Acrissul.

Em Mato Grosso a situação não é diferente e apenas um frigorífico é responsável por 50% da capacidade de abate do estado e em algumas regiões reina absoluto, com 100%. A partir de 2009 a quebra dos frigoríficos tomou corpo com a crise de credito mundial. Em Mato Grosso os frigoríficos Quatro Marcos, Arantes, Independência e Pantanal fecharam, o Frialto e o Mataboi entraram com pedido de recuperação judicial e o Guaporé arrendou suas unidades para o JBS. “Isso acarretou em um prejuízo enorme para os produtores que receberam calote de todos os lados, e hoje estão reféns dos abençoados, e até mesmo o grande provedor dos recursos públicos, o BNDES, imputou ao povo brasileiro, prejuízos através de sociedades firmadas com grupos frigoríficos”. Vacari ainda pondera, que “se o BNDES pulverizasse esse crédito a situação seria bem diferente e o banco deve explicações sobre isso, não só aos produtores, mas à sociedade brasileira, que no final é a que paga a conta”.

Participam da reunião em Campo Grande, o presidente da Acrimat, José João Bernardes, e o vice-presidente, Jorge Pires e o superintendente, Luciano Vacari, o presidente da Acrissul, Francisco Maia, da União Democrática Ruralista, comparece o presidente Luiz Antônio Nabhan Garcia, e do Pará estará o presidente da Associação dos Exportadores de Boi em Pé, Gil Oliveira Reis. As bancadas federais de MT e MS foram convidadas e vários parlamentares dos dois Estados confirmaram a participação. O encontro será transmitido ao vivo pelo Novo Canal, emissora do SBA-Sistema Brasileiro do Agronegócio

Fonte: Acrissul, adaptada pela Equipe BeefPoint

10 Comments

  1. Luzimar Melo Meireles disse:

    Parabenizo as lideranças do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pela iniciativa. A concentração do mercado de carnes sómente em um grupo dominante de frigoríficos impede os produtores de procurarem um melhor preço para os seus animais. O JBS se quiser colocar o preço da arroba do boi em R$60,00 poderá fazê-lo e nós produtores vamos ter que vender o nosso boi por esse preço, porque não temos outras opções de comercialização. É uma tragédia já anunciada faz tempo e só agora as lideranças estão sentindo o enorme problema já instalado. Essa iniciativa das associações de produtores dos dois estados matogrossenses é muito oportuna.

  2. Fabiano Athayde Pimenta disse:

    Devemos ampliar esta iniciativa para todos os estados brasileiros.

  3. Anderson Polles disse:

    Corrija-me se estiver enganado.
    O BNDES tem 44% de responsabilidade na concentração frigorífica, esclarecendo:
    Participação acionária no capital do JBS 26%
    Participação acionária no capital do Marfrig 18%
    Somatória Total JBS + Marfrig 44%.
    E os 66% do restante? Entenda-se responsabilidade!
    Os 66% restante corre por conta da incoordenação do sistema agroindustrial de carne bovina.
    Não estou fazendo o papel de “Advogado do Diabo” defendendo BNDES e frigoríficos.
    Todos temos nossa parcela de responsabilidade.
    Mas nessa Fábula dos Gigantes e a exportação de carne bovina. Vão matar a galinha dos ovos de ouros se não nos organizarmos e partirmos para a ação.
    Enquanto isso na Índia a vaca continua sagrada? Acredito que não, pois como ela se tornou líder na exportação de carne? Entoando mantras é que não foi.

  4. Juliano Monteiro disse:

    Acompanhei a trasmissão na integra e parabenizo todos pecuaristas pela atitude, antes que vire tudo cana como aconteceu em São Paulo.

  5. Lis Élen Campos Guse disse:

    ONDE ISSO VAI PARAR?
    A planta de nossa cidade (Nova Monte Verde – MT) que atualmente pertence ao Brasfri (antigo Arantes) possivelmente será arrendada ao JBS nos próximos dias, quase todos os frigoríficos ao redor também estão sob o controle do grupo de alguma forma. E se arrendarem pra deixar fechada? O que vira a economia do município? É uma “quebradeira” sem tamanho!
    Cada vez mais o cerco está fechando e estamos preocupados, muito…

  6. Elvis Neiva disse:

    No Paraná não é diferente. Em Umuarama, cidade com o maior rebanho bovino do Paraná não existe um frigorífico se quer. Apenas dois abatedouros de pequeno porte, sendo que um deles segundo informações está prestes a fechar. Um grande frigorifico fechou suas portas (Torlim). Os abates são feitos na vizinha cidade de Cruzeiro do Oeste e ainda mais distantes Cidade Gaucha, Paranavaí e Maringá.

  7. Osnir Silveira disse:

    Desculpe em insistir, mas deveríamos ter participação global , este problema e de todos. Já questionei a ausência da FAEG.

  8. Gabriel de Freitas Assis disse:

    Nos da o parecer que o BNDES e o JBS estão pretendendo formar um monopólio na pecuária de corte nos dois estados citados na matéria, principalmente no Mato Grosso fazendo com que os produtores se tornem empregados da industria frigorífica (JBS), parabéns pela iniciativa da acrimat e acrissul pelo debate pois esse tema deve tomar o país. Um ponto chave para que os produtores não saiam tão prejudicados e a comparação com os preços da arroba dos estados de minas e de são paulo, caso arroba do MT e MS estejam muito abaixo da arroba do sudeste significa que o monopólio se generalizou. A cidade de Nova Monte verde no norte de Mato Grosso está sendo mais um caso deixando o alerta que os produtores da região que devem se reunir e debater o tema nos sindicatos rurais para que possam encontrar uma iniciativa para minimizar o problema.

  9. Alexandre Rui disse:

    Confiram o Estudo completo realizado pela FAMASUL com os números da Participação de Mercado dos Frigorícos em MS. O grupo JBS com aquisição do Independência pode deter até 47% do mercado no Estado. Veja o levantamento na íntegra pelo link: http://famasul.com.br/downloads/a50/arquivo.pdf

  10. carlos massotti disse:

    E ninguem vai conseguir deter esta concentraçao apesar dos debates e interferencia das associações – o que poucos conseguem entender é que da mesma forma que o boi barato acabou os pequenos frigorificos tambem acabaram – ja foi o tempo em que pecuaristas se juntavam em cooperativas para matar seus bois achando que a parte do leao estava do lado do frigorifico – e quantas destas cooperativas de produtores quebraram? Todas !!

    a concentraçao veio para ficar pois a gestao hoje tem que ser muito mais profissional que no passado – ja foi o tempo de gestoes amadaoras de donos de acougues fazendeiros etc que abriam ou compravam frigorificos como pao na esquina –

    é valido reclamar e chiar, mas o resultado destas reclamações é praticamente zero pois a concentraçao continua – e acreditem , por ainda existir capacidade ociosa nas plantas, ou por estarem sobrepostas, muitas unidades ainda serao fechadas pelos gigantes do setor – nao existe outra saída infelizmente – e só assim o mercado vai se autoregular – ainda vai tomar algum tempo talvez anos mas o mercado vai ditar as regras do jogo e os precos – a velha lei de oferta e procura –

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