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De saída, WWF critica ‘Pecuária Sustentável’

Closeup of beef cow with other cattle in background

O combate ao desmatamento no Brasil – e não apenas o permitido pela lei – foi o epicentro da saída do WWF-Brasil do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, o GTPS, que a ONG ajudou a fundar há mais de 12 anos. 

“O GTPS não está conseguindo demonstrar resultados, ser um fórum que faça o setor avançar em práticas de sustentabilidade” diz Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF Brasil. “O segundo ponto que explica a nossa saída é que o desmatamento foi tirado da pauta. Era uma prioridade desse grupo eliminar o desmatamento da cadeia produtiva”, continua. 

Voivodic faz referência ao desmatamento como um todo, não apenas o ilegal. “Temos 11 mil km2 de desmatamento na Amazônia. Se for para defender apenas que cada um cumpra a lei, não é preciso um fórum como esse”, segue. “Defender o desmatamento, ou o direito de desmatar, interessa a quem?”, questiona. 

O GTPS surgiu com o objetivo de encontrar soluções para os impactos da pecuária na biodiversidade. O grupo inspirou outros fóruns internacionais e tornou-se referência entre produtores, frigoríficos, supermercados, bancos, pesquisadores e ambientalistas. Ele reúne JBS, Minerva Foods, GPA, Carrefour, Santander, Rabobank, Amigos da Terra Amazônia Brasileira e The Nature Conservancy. 

“Continuamos acreditando que iniciativas multilaterais são espaços para construir soluções, mas têm que ter relevância, foco e ambição”, diz ele, lembrando que está em torno de 1% a quantidade de produtores rurais que desmata e que a maior parte dessa ação é ilegal. “A agenda de zerar o desmatamento do Brasil em dez anos é a mais importante da história do WWF. Não podemos perder essa janela. O desmatamento é o principal causador de mudança climática no Brasil e de perda de biodiversidade. Combater isso faz parte do propósito do WWF”.

“Nosso compromisso é eliminar o desmatamento, independentemente de ser legal ou ilegal. Estamos nos aproximando de um ponto de não-retorno (em que a floresta, de tão desmatada, não consegue se regenerar), o que é extremamente grave e causa grandes perdas à biodiversidade”, contínua.

“A pauta do desmatamento zero é um nó no setor”, diz o pecuarista Caio Penido, presidente do GTPS, ao lamentar a saída do WWF-Brasil. “Nosso maior problema é a incapacidade dos governos de implementar o Código Florestal. Não se consegue regularizar, e esse é um fato de grande polarização”. 

A articulação em torno do desmatamento zero “polariza o setor”, resume Penido, “e se contrapõe, de certa forma, ao Código Florestal”. Ele diz que tem impulsionado no GTPS a agenda do desmatamento ilegal zero, regularização fundiária inclusiva e pagamento de serviços ambientais no excedente de Reserva Legal, entre outros pontos. 

Fonte: Valor Econômico.

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