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Custos de Produção Brasileiros e Competitividade Internacional da Carne Bovina Brasileira (slides e artigo)

O Cepea/ESALQ está à frente de estudos da indústria de insumos, da produção agrícola, da agroindústria e do varejo. A informação de preços é a mais procurada pelos pecuaristas, mas a análise dos custos na pecuária se tornou mais importante nos últimos anos. O preço do boi sempre foi influenciado por crises políticas e econômicas do país. Com o plano real, todo o valor especulativo do boi acabou e passaram a receber um preço melhor aqueles que produziam e vendiam melhor. O Brasil tem ainda grande potencial de crescimento, através da intensificação do sistema de produção, sendo que para isso é necessário investimento e pesquisa.

Ao analisar o fatos que estão acontecendo nos EUA e na Europa, tanto na agricultura como na economia de uma maneira geral, é possível concluir que o momento é muito bom para o Brasil. E é muito bom para analisarmos como estamos e o que queremos ser daqui alguns anos.

O Cepea/Esalq-USP realiza estudos da indústria de insumos, da produção agrícola, da agroindústria e do varejo. A informação de preços é a mais procurada pelos pecuaristas, mas esse preço segue uma estrutura de custos que precisa ser conhecida.

A análise dos custos na pecuária se tornou mais importante nos últimos anos. Isso porque, antigamente, a pecuária substituía a nossa moeda. O preço do boi sempre foi influenciado por crises políticas e econômicas do país. Com o plano real a economia se estabilizou e todo o preço especulativo do boi acabou e passaram a receber um preço melhor aqueles que produziam e vendiam melhor.

Em 2001, a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) resolveu financiar os projetos desse tipo de estudo do Cepea, afim de se obter valores reais de preços e custos de produção nas diversas regiões do Brasil.

A metodologia utilizada nesse estudo tem a finalidade de fazer uma análise representativa das fazendas de uma região, em diversas regiões, para que os dados possam ser comparados. Os estudos são baseados em uma “fazenda típica”, que é uma propriedade que representa o sistema de produção de uma região, com a finalidade de indicar o sistema regional de produção, e a viabilidade técnica econômica desse sistema.

Um indicador interessante de produção é a comparação da variação dos preços de semente de forrageira e da arroba do boi. Isso porque, a semente de forrageira é o único insumo que só serve para pecuária, e o aumento do seu preço indica que está havendo investimento.

O gráfico a seguir mostra a média brasileira do Custo Operacional Total (COT), Custo Operacional Efetivo (COE), valor da arroba e margens do COT e COE. Observando os dados, nota-se que o produtor está com uma margem por arroba produzida interessante, e corre-se o risco de o produtor gastar essa quantia, que na verdade deve ser considerada a longo prazo.

O Brasil é um país heterogêneo, sendo que dentro de uma mesma região pode-se ganhar ou perder dinheiro, depende do sistema e dos gastos com a produção. Porém, a estratégia de gastar o mínimo possível, vale para todos.

O Agribenchmark é um programa, financiado pelo governo da Alemanha, que busca analisar e comparar os preços de produção em diversos países. Ele está divido em produção de bezerro, produção de boi gordo ou ciclo completo. E em sistemas de produção: pastagem, silagem, confinamento e fornecimento de pastagem no cocho (Cut & Carry).

Essa análise serviu pra mostrar, por exemplo, que a produção de bezerro na França é inviável, visto que eles vendem um bezerro por cerca de 800 euros. O pior é que a Itália compra por esse valor, para ainda terminar em boi gordo. Ou seja, eles já saem perdendo e com certeza, algum outro país europeu está pagando o subsídio desses produtores.

O gráfico a seguir mostra a composição do custo de engorda, em diversos países, considerando custo de capital, terra, mão-de-obra e alimentação. Brasil e Argentina levam imensa vantagem, por apresentam baixos valores para terra e alimentação, devido ao sistema de criação ser basicamente a pasto.

E a seguir estão apresentadas, as formas de receita do produtor, sendo: animais para abate, venda de reprodutores, venda de bezerros, e os subsídios, que alguns países recebem de seus governos, desfavorecendo àqueles que não recebem.

A parte é uma gordura que precisa ser cortada, pois são subsídios que não devem existir. De maneira geral os produtores europeus precisam aprender a vender melhor o que produzem. E isto os brasileiros estão conseguindo fazer muito bem. Por exemplo, aqui quem produz bezerro é aquele produtor que tem maior aversão a risco e produz em regiões de terra menos valorizada.

Com altos índices de subsídio, os outros acabam pagando a conta. É preciso que esta transferência de renda é o que favorece desmatamento, aumenta emissão de gases.

Os custos de produção para a terminação do boi gordo também varia entre os países, sendo que os custos com alimentação do Canadá e dos EUA ainda estão superiores aos do Brasil e Argentina, mas vêm diminuindo com o passar dos anos. Isto é um reflexo claro do pesado investimento que estes países estão fazendo em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias.

Outros dados analisados e comparados são: total de custo para terminação por sistema de produção; preços da carne; ganho de peso diário e ganho líquido por sistema de produção e total de gastos VS total de receitas.

Essa última análise, expressa no gráfico a seguir, mostra que muitos países tiveram prejuízo no período analisado (2008), inclusive o Brasil e 2009 foi um pouco pior. Alguns países da Europa, só não tiveram prejuízo devido aos subsídios recebidos, financiando os altos custos de produção.

O mercado interno brasileiro é problemático, pois temos crescimento da demanda, mas a pecuária necessita de capital para investimento. Em um estudo visando à intensificação da produção, calcula-se que é necessário um investimento de US$ 610,05/ha para passar para um sistema semi-intensivo, e US$ 1.313,71/ha para passar para um sistema intensivo.

Somando-se as áreas de pastagens (170 milhões de ha) e melhorando a produtividade dessa pastagem o Brasil teria capacidade para um total de 821,6 milhões de cabeças de gado – 84% do rebanho mundial. Mas para que ocorra esse aumento de eficiência, é necessário investimento, que atualmente está sendo usado para subsídios de atividades não lucrativas.

Na análise de custos que o Cepea realiza é possível observar uma grande variabilidade dentro de uma mesma região e dentro de sistemas muito parecidos, isso mostra que existe um potencial muito grande para ser melhorado e proporcionar aumento da eficiência. Para garantir esse desenvolvimento é preciso melhor a gestão das propriedades brasileiras.

Esse artigo é baseado na palestra Custos de Produção Brasileiros e Competitividade Internacional da Carne Bovina Brasileira, apresentada por Sergio de Zen, professor Esalq/USP, coordenador de pecuária do Cepea, no Workshop BeefPoint Mercado do Boi, realizado pela AgriPoint em 20 maio 2010.

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1 Comment

  1. Cacilda Valle disse:

    Dados excelentes, explicados de forma clara, gráficos autoexplicativos e conteúdo de grande utilidade, parabéns.

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