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Custo de produção de silagem de cana-de-açúcar com diversos aditivos e seu impacto na formulação de rações: Parte I

Por muitas vezes somos abordados em relação à utilização de silagem de cana-de-açúcar como fonte volumosa para ruminantes, tendo grande parte dos questionamentos direcionados a baixa qualidade do volumoso e a habilidade deste em suprir nutrientes para produção animal, devido aos diversos fatores que envolvem a conservação desta espécie, como elevada produção de etanol e ocorrência de perdas de MS.

Por muitas vezes somos abordados em relação à utilização de silagem de cana-de-açúcar como fonte volumosa para ruminantes, tendo grande parte dos questionamentos direcionados a baixa qualidade do volumoso e a habilidade deste em suprir nutrientes para produção animal, devido aos diversos fatores que envolvem a conservação desta espécie, como elevada produção de etanol e ocorrência de perdas de MS.

Geralmente a resposta ao produtor é a seguinte: Silagem de cana-de-açúcar é uma opção viável, porém, a ensilagem desta cultura sem a presença de um aditivo controlador de perdas será problemática e inviável. Dessa forma, neste artigo gostaríamos de demonstrar a viabilidade desta forrageira, exemplificando-a agora com custos e não apenas com conceitos. Para fins de cálculos, nossas planilhas sobre custo de produção de cana-de-açúcar foram atualizadas em 19 de janeiro de 2009.

Os valores de custos gerados foram para silagem de cana-de-açúcar sem aditivo e aditivada com a bactéria Lactobacillus buchneri (5×104 UFC/g de forragem), 1% de óxido de cálcio, 1% de uréia, 1% NaOH e 0,1% de benzoato de sódio, os quais são apresentados na Figura 1.


Figura 1. Custo de produção de silagem de cana-de-açúcar com diferentes aditivos.

Verifica-se na Figura 1 diferenças nos valores de custo da silagem, e o leitor poderá questionar: Como o custo da silagem aditivada pode ser menor do que a silagem não aditivada, se estou aumentando o custo, que no caso é o aditivo? A resposta é simples: A partir do momento que inserimos um aditivo na ensilagem da cana-de-açúcar, o objetivo principal é a redução de perdas de MS e a produção de etanol. Isto quer dizer, aumentou-se o gasto na aquisição do aditivo, porém, a efetividade deste foi tão grande, que o preço desembolsado para aquisição do aditivo foi diluído em uma maior quantidade de silagem recuperada na abertura do silo. Ou seja, na silagem que não possui aditivo, as perdas de MS são por volta de 30%, já para silagem aditivada com 1% de uréia, as perdas são próximas a 17%.

Entretanto, dois pontos fundamentais devem ser considerados: 1°) A efetividade do aditivo em reduzir perdas de MS e 2°) O custo do aditivo. Por exemplo: As perdas de MS estimadas para a silagem aditivada com 1% de CaO e 1% de NaOH são próximas a 16%, ou seja, aditivos com mesma efetividade. Entretanto, o custo do primeiro aditivo é de R$ 65,12/t MV e o do segundo é de R$ 88,16/ t MV. Dessa forma, a diferença entre esses dois aditivos está no seu custo. Enquanto o CaO é vendido a R$ 410,00/ tonelada, o NaOH custa R$ 2.500,00/ tonelada. Assim, a pesquisa por preços é determinante no custo de produção da silagem de cana-de-açúcar.

Pode verificar-se que a silagem aditivada com 1% de uréia apresenta custo de produção intermediário. Entretanto, deve ser lembrado que o consumidor final da silagem será o animal, e está uréia que foi adicionada à cana-de-açúcar no momento da ensilagem também estará disponível ao ruminante. Dessa forma, apesar de o custo dessa silagem ser um pouco maior, posteriormente existe a possibilidade de diluição do custo da ração, com utilização de menor quantidade de uréia na formulação.

Após apresentados os valores das silagens de cana-de-açúcar com os diferentes aditivos é interessante a comparação destas silagens com as demais utilizadas nos diversos sistemas de produção do Brasil. Trataremos aqui dos custos de produção da silagem de milho, sorgo e do feno de gramínea (coast cross), os quais são apresentados na Figura 2. Pode ser verificado que a silagem de cana-de-açúcar aditivada (neste exemplo, explorando a tratada com Lactobacillus buchneri) apresenta custo de produção inferior aos demais volumosos. Apesar de a silagem de cana-de-açúcar aditivada apresentar maiores perdas de MS em relação a silagem de milho e sorgo, seu menor custo é em função de sua elevada produtividade, a qual apresenta valores médios 90 t MV/ha/ano, ao passo que o milho e o sorgo podem alcançar produtividade de 35 e 45 t MV/ha/ano, respectivamente. 40 a 50 t MV/ha/ano.


Figura 2. Custo de produção de diferentes volumosos conservados.

O pensamento que gostaríamos de deixar neste artigo é de que a silagem de cana-de-açúcar é opção de volumoso, desde que um aditivo seja utilizado em sua confecção e que esta apresenta vantagens econômicas quando inserida no sistema de produção animal em comparação aos demais volumosos conservados.

A próxima questão é: Nutricionalmente, qual será a resposta do animal? É possível alto desempenho utilizando rações com silagem de cana-de-açúcar, como única fonte volumosa? Haverá lucro ou prejuízo no uso deste volumoso? Essas questões serão tratadas na parte II deste artigo.

7 Comments

  1. Suene Santana de Lima disse:

    Esse artigo de vocês é muito importente para mim, pois sou instrutora de Bovinocultura de Leite e durante meus treinamentos incentivo muito os produtores a produzirem silagem de cana, justamente para reduzir o custo dessa produção, porém gostaria muito de saber a diferença da cana-de-açúcar a fresco em relação a silagem dela. Quantos por cento a silagem da cana-de-açúcar ficaria mais cara. E outra dúvida seria quantos litros em média a cana-de-açúcar + sulfato de amônia + uréia, faz uma vaca produzir e também em relação a silagem.

  2. Rafael Camargo do Amaral disse:

    Prezado Suene Santana de Lima,

    O custo de produção da cana-de-açúcar in natura colhida na forma mecanizada é de aproximadamente R$ 30,00, sendo que quando esta é colhida de forma manual o custo se eleva para R$ 40,00.

    Essa formulação de cana+uréia permite que o animal produza cerca de 4 – 5 litros, sendo que o grande limitante desta baixa produção é a falta de proteína verdadeira na ração.

    Quando se insere junto a mistura o farelo de soja a produção aumenta consideravelmente. Para a silagem a resposta é a mesma, não há limitação de energia, mesmo a silagem apresentando menores concentrações de carboidratos solúveis em relação a cana in natura.

    Atenciosamente
    Rafael e Thiago

  3. Luis Fernando Castro Braga disse:

    Como fica a silagem de capim-napier usando fubá como aditivo, em comparação com as demais?

  4. Rafael Camargo do Amaral disse:

    Prezado Luis Fernando Castro Braga,

    A silagem de capim apresenta valor intermediário entre a silagem de cana e a silagem de milho, porém, quando comparamos está silagem com as demais em termos de valor nutricional, ela é mais cara.

    Nas formulações com silagem de capim, o lucro é menor.

    Atenciosamente
    Rafael e Thiago

  5. Jose Eduardo da Silva disse:

    Ola Andreia, estou no semiarido e utilizo muito sorgo aqui como silagem ou vice-versa.

    1} se você for fazer silagem de sorgo, você podera adicionar 10% de cana de acucar na sua silagem.

    2}se você for fazer silagem de cana deve adicionar 10% de grâos de sorgo triturado bem fino tipo fuba, distirbuidos em camadas de 20cm de altura. Ou seja a cada camada que for compactar deve se distribuir o sorgo triturado em função do peso da camada. Vamos a um exemplo. Silo de 50 metros de comprimento 5,5 metros de largura, 0,2 metros de altura, qual o volume e peso, vamos, 50*5.5*0.2=55m³=27 t.x 10% de sorgo conclui que você deve usar para cada cama de 20cm de altura do silo de cana 2,7 t. de sorgo triturado, como você sabe qualquer silagem boa de milho ou sorgo deve se ter no minimo de 40% de grão. Só para enriquecimento e diminuir ma produção de etanol, usa-se o aditivo e 1% de sorgo triturado, o que corresponderia a 270 kg de sorgo triturado por camada.

    Não sei fui claro, tentei te ajudar, saudaçoes

  6. Rafael Camargo do Amaral disse:

    Prezado Jose Eduardo da Silva,

    Ainda não entendi qual o objetivo de se adicionar 10% de cana-de-açúcar na silagem de sorgo e também adicionar sorgo a silagem de cana.

    O sorgo colhido no ponto correto de ensilagem apresenta teores desejáveis de carboidratos solúveis para obtenção de um processo fermentativo desejável.

    Por outro lado, o sorgo inserido na ensilagem da cana não auxiliará em nenhum momento para redução da produção de etanol, visto que para inibir desenvolvimento de leveduras (produtoras de etanol), apenas o aumento do teor de matéria seca não é suficiente.

    Atenciosamente
    Rafael e Thiago

  7. walter luiz disse:

    seria interessante conhecermos as analises do material ensilado e do material fresco, dessa forma saberiamos o quanto a ensilagem deteriora o material a fresco.

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