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Culturas destinadas à ensilagem: O que você necessita saber para a próxima estiagem

O Brasil possui uma grande diversidade de forragens que podem ser ensiladas (cada qual com suas características próprias), o que flexibiliza a formulação de dietas, a custos e retornos variáveis. Sabe-se que essas forragens podem suprir de maneira diferenciada a energia utilizada pelos animais. Daí a necessidade de avaliá-las de maneira qualitativa e quantitativa, além de compará-las entre si.

No Brasil Central, o período chuvoso está chegando, portanto é o momento para os pecuaristas se planejarem quanto aos volumosos suplementares que serão oferecidos aos animais na próxima estiagem.

A decisão por determinada cultura a ser ensilada é dependente das características intrínsecas de cada localidade, como região geográfica, tipo de clima, tipo de solo, máquinas e equipamentos, recursos a serem investidos com insumos, grau de treinamento da mão-de-obra, tipo de rebanho, entre outros. Portanto, cada propriedade tem o que nós chamamos de aptidão agrícola, a qual é quem decidirá a espécie mais adequada para ser conduzida agronomicamente e, posteriormente, ser ensilada e fornecida aos animais. Um dos principais erros cometidos no planejamento da produção vegetal associada à produção animal está em negligenciar a aptidão agrícola da unidade produtora.

O Brasil possui uma grande diversidade de forragens que podem ser ensiladas (cada qual com suas características próprias), o que flexibiliza a formulação de dietas, a custos e retornos variáveis. Sabe-se que essas forragens podem suprir de maneira diferenciada a energia utilizada pelos animais. Daí a necessidade de avaliá-las de maneira qualitativa e quantitativa, além de compará-las entre si.

1) Milho:

A silagem de milho é a principal fonte de energia das rações de bovinos em todo o mundo. Esta espécie apresenta concentração de matéria seca (MS) ideal, alta concentração de carboidratos solúveis e baixo poder tamponante no momento ideal do corte, o que favorece a fermentação da massa.

O milho ainda reúne duas características extremamente importantes em um volumoso suplementar: elevado potencial de produção de MS e elevado valor nutricional. Apresenta também flexibilidade quanto ao uso, ou seja, pode-se fazer silagem da planta inteira, silagem dos grãos ou na forma de grãos secos.

Embora, o seu custo de produção fique vinculado ao mercado internacional, pois os Nortes Americanos utilizam a cultura para a produção de etanol. Outro entrave é que a espécie é agronomicamente complexa, ou seja, exige tratos culturais frequentes e intensos (fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas). A colheita durante o período chuvoso também pode ser um limitante quando se pensa em compactação do solo e o cultivo próximo as zonas urbanas se torna inviável pelo roubo de espigas.

2) Sorgo:

O sorgo é uma fonte de energia que vem ganhando destaque em rações de bovinos em todo o mundo. Assim como o milho, a planta de sorgo apresenta concentração de MS ideal, alta concentração de carboidratos solúveis e baixo poder tamponante no momento ideal do corte, favorecendo o processo fermentativo.

Por possuir menor sensibilidade ao fotoperíodo e a deficiência de água, quando comparado ao milho, esta espécie é uma excelente alternativa em cultivo secundário (safrinha). Também é flexível quanto ao uso (silagem de planta inteira, silagem dos grãos ou grãos secos), exige tratos culturais frequentes e intensos (agronomicamente complexa) e é atacada intensivamente por pássaros quando os grãos estão na fase de enchimento, o que pode levar a elevadas perdas. Embora, o produtor possa fazer uso dos mesmos equipamentos que são destinados à ensilagem do milho.

Um aspecto importante a ser ressaltado é a diferença entre os híbridos que são disponibilizados no mercado. Os híbridos denominados “forrageiros” são bons produtores de matéria seca (baixo valor nutricional) e os materiais denominados “graníferos” produzem menos massa, contudo apresentam valor nutricional superior. Portanto, a planta de sorgo não reúne produtividade e valor nutricional, como ocorre com o milho, cabendo ao técnico decidir qual opção (forrageiro ou granífero) é mais viável para o seu sistema de produção.

3) Capins tropicais

O Brasil possui diversas espécies de capins tropicais que podem ensiladas: capim-Efelante, capim-Mombaça, capim-Tanzânia, capim-Marandu e capins do gênero Cynodon (Tifton 85 e Coastcross), as quais são adaptadas em todo território nacional. Os capins Tifton 85 e Coastcross são bastante interessantes quando se pensa em silagem pré-secada como ferramenta no manejo do campo de feno, devido às intempéries climáticas. Além de serem utilizadas como feno, as outras espécies podem ser aproveitadas como pasto ou capineira (capim-Elefante), o que flexibiliza o uso.

Quanto aos aspectos fermentativos, os capins tropicais apresentam alta umidade, baixa concentração de carboidratos solúveis e alto poder tamponante no momento ideal do corte, o que desfavorece a fermentação (aumenta os riscos da conservação não se concretizar).

As espécies são altamente produtivas (25 t MS/ano), porém são necessários vários cortes durante o ano, a maioria no período chuvoso, o que pode limitar o processo de ensilagem.

As silagens de capins tropicais apresentam baixo valor nutricional (NDT=50%), o que torna a dieta mais cara devido ao elevado uso de concentrado. Além deste fato, existe o risco de proliferação de microrganismos patogênicos, como a Listeria monocytogenes, os quais podem contaminar o leite, restringindo o uso dessas silagens na pecuária leiteira.

4) Cana-de-açúcar

A tecnologia brasileira de cultivo da cana-de-açúcar para a produção de etanol e açúcar vem promovendo o crescimento dessa espécie no cenário pecuário.

A cana-de-açúcar alia elevada produtividade com valor nutritivo satisfatório (como o milho), o que justifica o seu uso. Além deste fato, a espécie é agronomicamente simples quando comparada ao milho e sorgo, devido à necessidade de tratos culturais menos frequentes e intensos. A colheita ocorre no período seco do ano e com uma janela de corte bastante extensa, o que facilita o manejo de ensilagem.

Outras razões também podem ser apontadas como plausíveis para se fazer silagem de cana-de-açúcar: a) Melhor manejo agronômico de talhões; b) Resolve o problema do corte diário; c) Resolve o problema de fogo acidental ou criminoso no canavial.

Apesar de possuir todas essas vantagens e ter características que favoreçam a fermentação, a cana-de-açúcar é colonizada por leveduras, o que favorece a fermentação alcoólica, levando a elevadas perdas. Desse modo, caso a opção seja por esta espécie como volumoso suplementar, se faz necessário o uso de um aditivo que venha controlar essa fermentação indesejável que a cultura sofre quando é destinada a produção de silagem.

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