Cuidados fundamentais durante a aplicação de medicamentos

Um dos procedimentos de maior freqüência no dia-a-dia de uma criação de gado é a aplicação de medicamentos, sejam estes antibióticos, antiinflamatórios, vermífugos ou vacinas. Apesar de parecer simples, esse procedimento exige uma série de cuidados que muitas vezes passam despercebidos.

Os cuidados devem começar desde a escolha do produto a ser aplicado até a condução dos animais a serem medicados. Para isso alguns passos devem ser seguidos:

1.Utilizar seringas e agulhas descartáveis em aplicações de antibióticos e antiinflamatórios;
2. Caso as seringas e agulhas sejam de metais, deve-se fervê-las por 15 minutos em água e este procedimento deve ser realizado a cada aplicação de no máximo 10 animais, trocando por uma agulha já fervida. Vale lembrar que estes materiais devem estar em boas condições de uso. Não podem estar enferrujados, tortos, com a ponta redonda e sem corte;
3.Escolher o tamanho e tipo de agulha usar, sendo as 10×15 para veículos aquosos e 15×18 para veículos oleosos em aplicações subcutâneas e tamanho 30×15 para aplicações intramusculares;
4.Verificar a data de validade dos medicamentos na farmácia da fazenda e em caso de vacinas mantê-las em geladeira entre 2 a 8ºC e, serem levadas ao curral no momento de seu uso e mantidas no gelo em isopor limpo e tampado;
5.Manejar os animais nos horários mais frescos do dia, ou seja, bem cedo ou no final da tarde, evitando manipulação nas horas quentes;
6.Observar se os animais a serem vacinados ou vermifugados encontram-se saudáveis e bem nutridos, visto que baixa condição corporal do animal faz com que sua resposta a produção de células de defesa fique comprometida e não se obtém resultado necessário para proteção contra bactérias e vermes;
7.Limpar o local da aplicação com gaze ou algodão embebido em solução anti-séptica, como álcool, clorexidine, iodo 1% ou produtos comerciais;
8.Verificar se a regulagem da seringa encontra-se com as doses recomendadas, para evitar super ou subdosagens;
9.Não deixar as agulhas ou seringas imersas em soluções anti-sépticas, pois essa quando misturadas com vacinas, a inativa;
10.Conferir o tipo de medicamento com a via de aplicação, lembrando que estas podem ser oral, subcutâneas, intramuscular e intravenosa;
11.Recomendam-se aplicações na região anterior do animal (como a tábua do pescoço) para animais destinados a produção de carne, pois as carnes consideradas nobres se encontram na região posterior (músculos da garupa);
12.Evite manipular os animais 2 horas após a aplicação e se for necessário, este manejo deve ser calmo e tranqüilo até o pasto que permanecerão.

Estes 12 passos devem ser feitos corretamente, uma vez que aplicações mal feitas causam edemas, abscessos locais e, em alguns casos, lesão dos nervos, na qual a região tornar-se dessensibilizada, podendo até ocorrer paralisia irreversível de membros. Mesmo adotando todos os cuidados de esterilização do material, quando o veículo do fármaco for oleoso a formação do abscesso será mais freqüente, também apresentarão edema local os animais sensíveis ao princípio ativo injetado. Alguns animais ainda podem desenvolver, por reações individuais, tumorações no local da aplicação.

Ao calcular os prejuízos diretos e indiretos ocasionados pela aplicação incorreta de medicamentos, o produtor deve considerar que animais podem não ter recebido a dose correta e, portanto não terão “seus problemas resolvidos”, podendo ocasionar novos ferimentos, predispondo-os a bernes e miíases no local afetado.

A implantação de técnicas e cuidados simples ao longo de todo o manejo sanitário do rebanho pode, por incrível que pareça diminuir a conta no fim do mês e melhorar a sanidade dos animais, afinal o produtor terá certeza de que todos os animais receberam o medicamento, não houve contaminação ou transmissão de agentes infecciosos e o desperdício foi reduzido.

Vale ressaltar que animal saudável é lucro certo na propriedade!