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Crise afeta as vendas de equipamentos de frigoríficos

Os percalços pelos quais passa a indústria de carnes brasileira reverberam para além do Oceano Atlântico. As vendas ao Brasil da multinacional Marel, principal fornecedora de equipamentos para indústria frigorífica brasileira, com sede na Islândia, devem cair este ano para perto da metade do total de 2017.

“A América Latina, em seus melhores momentos, representou nosso maior mercado, e o Brasil era o mais representativo. Neste ano, deve ser o sexto. As vendas crescem em outros países, mas caem no Brasil”, disse Lambert Rutten, holandês, gerente comercial da Marel Brasil. Em 2017, a Marel, que produz equipamentos sobetudo para a indústria de aves, teve receita de € 1 bilhão.

O executivo recebeu jornalistas brasileiros na fábrica da Marel em Bramant Norte, província da Holanda conhecida como “capital agroalimentar”. “Minha avaliação é que, passados esses problemas da indústria brasileira, a demanda do país voltará a crescer e a dos outros países na América Latina continuará avançando”, ponderou Rutten. “O Brasil tem uma vantagem competitiva muito grande: menor custo de produção por quilo de frango do mundo e matéria-prima [farelo de soja e milho] abundante e barata”.

O recuo nas vendas de equipamentos é reflexo da Operação Trapaça, terceira fase da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que culminou no embargo das exportações de frango de 20 plantas brasileiras para a União Europeia. A operação investigou fraudes em testes para detectar a presença de salmonela em carne de frango para exportação envolvendo a BRF e laboratórios.

“A Europa usou essa desculpa da salmonela para restringir a indústria brasileira, mas o Brasil já está encontrando outros mercados”. Segundo o executivo, o Brasil poderia ser ainda mais competitivo não fossem as regras do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que estabelecem que só podem ser processadas até 12 mil aves por hora no país. O maquinário já é capaz de processar 13 mil.

“O custo de produção cairia de 10% e 15% apenas permitindo maior processamento por hora, isso já levando em conta que 75% do custo é composto por matéria-prima [insumos para ração]”, disse. Na Europa, as plantas podem processar até 15 mil aves por hora. Além disso, afirmou, o Brasil concorre com a indústria da Argentina, que pode processar mais de 12 mil aves por hora.

Em 2017, de olho no potencial do Brasil e da América do Sul, a Marel comprou a brasileira Sulmaq, que fornece soluções de processamento às indústrias de carnes suína e bovina da região e da América Central. Conforme o executivo, mesmo com o arrefecimento de vendas no Brasil, há incremento de demanda por linhas que produzam itens e cortes com maior valor agregado. “Vemos um aumento de mais de quatro vezes nos últimos cinco anos”, disse.

Afora a questão conjuntural, problemas de financiamento também afetam as compras por empresas brasileiras, afirmou. Outro desafio é o imposto de 14% sobre a importação dos equipamentos que as companhias têm de pagar. “A indústria local tem produtos com tecnologia com 20 anos de defasagem, e o governo entende que já há produção de determinados produtos no país”.

Segundo ele, o custo médio com equipamentos para a implantação de uma planta de processamento de aves é de € 50 milhões, mais 45% de custos com transporte e impostos.

Fonte: Valor Econômico.

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