O paranaense José Carlos Colombari, criador de 5.000 suínos na fazenda em São Miguel do Iguaçu, decidiu instalar um biodigestor para tratar os resíduos – produzem cerca de 100 mil litros de esterco e efluentes líquidos por dia -, produzir biogás e gerar energia elétrica.
Colombari foi um dos primeiros a investir no uso de dejetos animais para produção de energia, em 2006, um negócio que tem atraído outros pequenos empresários.
O investimento foi alto: R$ 350 mil utilizados para desenvolver um sistema de coleta dos dejetos, construir o biodigestor, que os transforma em gás, e criar um local de armazenamento.
O empresário diz produzir 750 m³ de biogás por dia, que, transformado em energia em um gerador, é o suficiente para tornar sua propriedade autossuficiente de energia.
“Este processo me dá uma economia mensal de R$ 5 mil. Economizo mais R$ 2 mil de adubo, porque uso o efluente tratado como biofertilizante”, diz Colombari, acrescentando que o investimento já se pagou.
A economia foi o que motivou o granjeiro Nilson Haake, em Santa Helena, também no Paraná, a investir recentemente em um sistema de produção de biogás. Ele cria 84 mil aves para a produção de ovos, além de bois para corte. Os excrementos das galinhas servem de matéria-prima para abastecer os seus veículos. Os dejetos são captados e processados no biodigestor, onde microrganismos produzem o biometano.
Haake investiu R$ 130 mil na construção e instalação do sistema. A produção contínua do biogás, contudo, tem custos pequenos e alimenta as máquinas de moer o pasto, as bombas d’água e a refrigeração nos barracões.
Apesar do biogás ser considerado uma alternativa limpa de produção de energia, o uso dos dejetos animais para esse fim ainda é raro.
Cícero Bley Jr., representante do Brasil na Agência Internacional de Energia, diz que o país poderia gerar até 12% de toda a energia consumida a partir do biometano -hoje essa fatia é de apenas 0,05%.
“O Brasil tem 23 bilhões de m³ de biometano para serem explorados, uma alternativa eficiente e barata se comparada aos recursos fósseis, mesmo assim é uma fonte negligenciada”, diz Bley, que atribui o pouco investimento à falta de medidas de estímulo do governo.
Fonte: Folha de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.