Os preços no mercado de reposição fazem da cria a atividade pecuária mais remuneradora em 2015, segundo o analista e consultor Rodrigo Albuquerque. Gerente de pecuária da fazenda Buriti, em Jussara (GO), Albuquerque espera preços firmes do bezerro ao longo de todo o ano, o que deve pressionar as margens da recria, da engorda e da indústria, em um efeito cascata.
Albuquerque estima que a cotação do bezerro tenha subido, em média, 45% no Brasil ao longo de 2014. Já a arroba avançou em ritmo menos acelerado, e teve alta de 25% no comparativo com 2013.
Responsável por um rebanho de 3.800 cabeças, ele diz que cerca de 70% dos custos da fazenda Buritis, que atua tanto na recria quanto na engorda, estão relacionados à reposição dos animais. Com a mudança nos preços, a margem do negócio foi comprimida. “Estou na pior relação de troca entre o boi gordo e o bezerro dos últimos 20 anos”.
A maior remuneração da cria em 2015 é considerada pelo analista um fenômeno sazonal que tende a se repetir no médio prazo em decorrência de oscilações de mercado. Albuquerque explica que, entre 2011 e 2013, os pecuaristas brasileiros enviaram muitos bois e fêmeas para o abate, incentivados pelos preços da arroba à época. A decisão trouxe impacto negativo à reprodução dos animais, o que ajudou a encarecer os preços no mercado da cria.
Com isso, os fazendeiros passaram a reter mais fêmeas a partir de meados de 2014, a fim de reduzir custos com a sua principal matéria-prima. Quando houver melhora na composição do rebanho, no entanto, a tendência é a de que esse processo ocorra novamente. No entanto, o ciclo do boi é longo comparado com o de suínos e, principalmente, frangos, então os resultados desse processo não devem se materializar no curto prazo. “Estamos retendo fêmeas hoje, e até 2016 ou o início de 2017 devemos vivenciar uma recuperação da oferta de animais de reposição”.
“Nesse momento, há pouca probabilidade de termos quedas violentas nos preços de reposição”. A partir de maio, contudo, a oferta maior de animais no período de desmama pode afetar a cotação do bezerro. “Pode haver maior pressão na oferta e algum relaxamento de preços, mas não se espera que 2015 seja um ano de cotações significativamente menores”.
Fonte: Revista Globo Rural, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.