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Crescente popularidade da carne a pasto nos EUA pode esbarrar em uma barreira: pastos menos nutritivos

Alguns anos atrás, dono de restaurante de Kansas City, Anton Kotar, entrevistou as cenas de restaurantes locais e nacionais e concluiu que a reputação de sua cidade como o paraíso das churrascarias tinha caído. O problema, disse ele, é a forma como a carne convencional é produzida – com grãos em confinamentos, tornando-se barata e abundante, e mudando o sabor que os americanos esperam provar.

“Eu acho que algumas das nossas melhores steakhouses perseguiram a qualidade da carne a fundo.”

Então, ele abriu uma churrascaria focada em fornecer carne produzida a pasto- um segmento que consumidores de carne bovina acreditam que é mais saudável para consumo e para o meio-ambiente. Mas se a ideia de que mais pasto é igual a bifes melhores é verdade, há problemas na pastagens que podem afetar a nutrição do gado e o preço já alto dos cortes de carne.

O pesquisador Joe Craine foi até Tallgrass Prairie National Preserve para coletar algumas gramíneas. Da estrada, os pastos parecem uma onda de verde ininterrupta. Mas um olhar mais apurado sobre a mão de Craine mostra uma variedade de gramíneas, uma pequena amostra das centenas de espécies diferentes da reserva.

(Foto: Alex Smith / Harvest Public Media)

A pastagem é tão diversa, de fato, que para estudá-la, Craine e outros pesquisadores da Texas A & M University não estudam as próprias plantas. Eles estudam excrementos, coletados entre 1994 e 2016 em todo o país, do Texas ao Kansas até Montana.

“Cerca de 50 mil amostras foram enviadas para o Texas para este estudo”, disse Craine, que é co-proprietário da Jonah Ventures, de Boulder, Colorado.

O que ele encontrou é uma tendência na qualidade nutricional de gramíneas usadas na alimentação de bovinos (e do gado jovem destinado a confinamentos). Desde meados dos anos 90, os níveis de proteína bruta nas plantas, que o gado precisa para crescer, diminuíram em quase 20%.

“Se ainda voltássemos à qualidade da forragem que tínhamos 25 anos atrás, não há menos 100 anos atrás, nossos animais ganhariam muito mais peso.”

Craine pensa que parte do problema pode estar relacionado ao movimento do gado para confinamentos. Quando o animal é retirado da pasto, seu estrume, que fornece nutrientes ao solo, é removido.

Mas ele tem uma suspeita de que o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera está contribuindo também. O aumento dos níveis de CO2 tem sido associado a menos nutrientes em plantas como arroz, trigo e batatas.

Craine pensa que isso pode estar acontecendo em larga escala nas pastagens, e que é apenas uma questão de tempo para as gramíneas simplesmente não terem proteína suficiente para suportar a pastagem.

“Muito em breve, as concentrações de proteína serão muito baixas durante um período muito longo para que os animais ganhem peso.”

Essa é uma ideia da qual Jerry Voleski, professor e pesquisador de forragem da Universidade de Nebraska-Lincoln, é um pouco cético. “É uma hipótese interessante”, diz Voleski.

Ele diz que não tem certeza sobre o estudo do estrume para as avaliar tendências nutricionais e, em vez disso, favorece um método que leva amostras do que o gado está comendo diretamente de seu sistema digestivo.

Mas ele acha que Craine pode estar certo sobre o aumento dos níveis de dióxido de carbono: quanto mais dióxido de carbono, maior a planta, mas a quantidade de nitrogênio, que torna as plantas nutritivas para o gado, não muda.

“Em um pasto nativo, o nitrogênio é o nutriente mais limitante”, diz Voleski.

Craine não determinou oficialmente por que os nutrientes nas gramíneas estão caindo, mas se as tendências que ele notou continuarem, os produtores de carne podem precisar despejar enormes quantidades de nitrogênio nas Grandes Planícies.

Medidas extremas podem ser necessárias, considerando a rapidez com que a demanda está crescendo para a carne produzida a pasto nos EUA. As vendas subiram de US$ 17 milhões em 2012 para US$ 272 milhões em 2016. E os analistas do setor dizem que a carne produzida a pasto pode representar 30% do mercado americano dentro de 10 anos.

Alimentar essa demanda, no entanto, poderá ser muito mais complicado – e caro – se os problemas de nutrientes das pastagens não forem resolvidos.

Fonte: Artigo de Alex Smith, repórter for KCUR 89,3 em Kansas City, para o Harvest Public Media, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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