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Crescem oportunidades no Cone Sul

A Gazeta Mercantil Latino Americana publicou hoje uma reportagem assinada por Celia Demarchi, Hamilton Almeida e Uncas Fernández, que informa sobre o aumento da demanda mundial por um produto altamente popular no Brasil, o churrasco servido em rodízio, que está estimulando o crescimento dos negócios com a carne, principalmente no Cone Sul. Segundo a reportagem, o churrasco agrada consumidores de todos os continentes do mundo, e multiplica os investimentos de quem o comercializa.

Várias empresas que comercializam esse tipo de prato estão expandindo-se pelo mundo, em países como a Argentina e os EUA, investindo bastante nessa estratégia. A popularização do sistema brasileiro de servir carne, aliada ao medo da doença da vaca louca, vem estimulando as exportações do Mercosul. Juntos, Brasil, Argentina e Uruguai – praticamente livres de febre aftosa – vêm, ao longo dos anos, incrementando as exportações para a União Européia, onde, a cada dia, aumenta mais a demanda por carne de bois saudáveis, criados em pastagens, longe dos perigos da farinha de osso, suspeita de provocar a doença da vaca louca.

Toda semana pelo menos uma nova churrascaria do tipo rodízio abre as portas em algum lugar do mundo, segundo empresários e consultores do ramo, que afirmam que o rodízio brasileiro alcançou o status de produto de gastronomia de grande sucesso no mundo e já cresce no exterior mais do que na terra natal. Neste ano, pelo menos dois grupos nacionais, as churrascarias Novilho de Prata e Barbacoa, confirmam investimentos superiores a US$1 milhão cada nos EUA, enquanto vários outros preparam-se discretamente para a expansão além das fronteiras.

Segundo o consultor Marcos Kieling, da Associação das Churrascarias do Estado de São Paulo (Achuesp), o sucesso do sistema relaciona-se ao fato de ele atender perfeitamente às necessidades gastronômicas dos dias de hoje, aliando a rapidez do fast food, com uma variedade de carnes e vegetais que agradam à maioria dos consumidores. Segundo ele, investimentos feitos em rodízio, de forma competente, podem retornar em dois anos. Os valores cobrados pelas redes de alto padrão no país e no exterior são bons indicadores disso: chegam a US$17,9 em São Paulo, com tíquete médio (incluídas bebidas e sobremesas) de US$25,6. Nos EUA, o preço “per capita” atinge US$38 e o tíquete médio, US$60. Uma única casa costuma acomodar 200 pessoas e servir acima de 8 mil clientes por mês, de forma que cada negócio pode faturar pelo menos US$2,4 milhões por ano no Brasil. Nos EUA, em condições semelhantes, o faturamento pode ultrapassar US$5 milhões.

País quer ser maior exportador em 5 anos

Apesar de o prato mais popular do Brasil ser o churrasco, o consumo per capita de carne no país é baixo (apenas 3,7 quilos por ano), em comparação com o verificado na Argentina e no Uruguai (em torno de 64 quilos anuais).

Além de consumir menos carne, o brasileiro aprecia cortes diferentes dos apreciados pelos outros países. Segundo o gerente comercial da distribuidora Maximeat Alimentos, Edson Tiosso, 95% dos cortes de picanha produzidos na Argentina e no Uruguai são exportados para o Brasil.

Tiosso disse que a qualidade do rebanho brasileiro (“o maior do mundo, com mais de uma cabeça por habitante”) vem melhorando nos últimos anos. Os criadores dos estados de São Paulo e Mato Grosso, diz ele, já cofinam o gado em terras pouco acidentadas e investem em tecnologia para aprimorar a raça nelore, por meio de cruzamentos com a raça inglesa aberdeen angus.

Na Argentina e no Uruguai, diz Tiosso, a raça hereford, predominante nos dois rebanhos, já foi bastante aprimorada. “A carne argentina é ainda melhor do que a uruguaia. Eles cuidam mais do gado no campo e abatem o animal com menos tempo de vida”, explica.

Ainda assim, o Brasil ocupa os postos de segundo maior produtor e terceiro maior exportador de carne bovina do mundo. Além disso, o país almeja alcançar, em cinco anos, o primeiro lugar no ranking de exportadores de carnes (incluindo frangos e suínos), como divulgou o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes.

Por Celia Demarchi, Hamilton Almeida e Uncas Fernández, para Gazeta Mercantil Latino Americana, 08/01/01

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