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Cresce tensão comercial entre Brasil e EUA na OMC

Os Estados Unidos e o Brasil protagonizaram ontem (13) um duro confronto sobre barreiras à importação e manipulação cambial, ilustrando questões de competitividade e crescente tensão no comércio internacional.

Os Estados Unidos e o Brasil protagonizaram ontem (13) um duro confronto sobre barreiras à importação e manipulação cambial, ilustrando questões de competitividade e crescente tensão no comércio internacional. O embaixador americano na Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Punke, acusou o Brasil de ter “tomado diversas medidas ao longo das duas últimas semanas para aumentar as tarifas”, que representariam um incômodo para os parceiros comerciais.

Em entrevista coletiva em Genebra, o representante americano insistiu que a ação brasileira “cria um ambiente mais difícil para as negociações de Doha, que são obviamente focados no objetivo de reduzir as tarifas”. Para Washington, o que o Brasil faz tem “potencial de ser prejudicial às negociações”.

A resposta brasileira não tardou, com o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, retrucando na área cambial. “Com a desvalorização do dólar, os EUA são os grandes beneficiados na venda de bens industriais para o Brasil. Reclamar que o Brasil está subindo tarifa não pode ser sério”, reagiu.

Desde 2008, quando a Rodada Doha foi suspensa, e em seguida à desvalorização do dólar, o Brasil aumentou as tarifas de importação de alguns produtos, como têxteis e agora brinquedos, nos limites autorizados pela OMC. “O problema em parte é a subvalorização do dólar em relação ao real, que prejudica fortemente a competitividade do produto brasileiro”, afirmou Azevedo. “O produto americano se beneficia muito mais da subvalorização do dólar do que o produto brasileiro da proteção tarifária adicional que foi estabelecida.”

Para o Brasil, a defesa adicional que aplicou “é minúscula comparada ao estrago trazido pela depreciação forçada do dólar”. O embaixador lembra que um dos maiores superávits comerciais que os EUA conseguem é com o Brasil, com força na venda de produtos industriais. “As importações brasileiras aumentaram e beneficiaram principalmente os EUA. Eles têm fatia de 15% das importações brasileiras, mas que dobra para 32% no caso do nosso déficit no comércio de bens industriais”, acrescentou.

Reunião do G-7

O chamado G-7 comercial (EUA, União Europeia, Brasil, Índia, China, Japão e Austrália) poderá ter uma reunião ministerial em Davos, no fim do mês, à margem do Fórum Mundial de Economia. A União Europeia queria fazer o encontro em Bruxelas, mas avalia a possibilidade de Davos para viabilizar a participação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que logo depois terá de retornar ao país para acompanhar a presidente Dilma Rousseff na viagem para a Argentina.

A matéria é de Assis Moreira, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.

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