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Cresce presença de drones na aplicação de defensivos

Em alta no Brasil com a ajuda da boa demanda dos produtores rurais, o mercado de drones deverá continuar a dar alegrias aos fabricantes e prestadores de serviços voltados ao setor. Dos 77.197 drones cadastrados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 29.596 são de uso não-recreativo e, desses, 1.205 estão registrados como aeroagrícolas.

Ainda pequena, a fatia tende a crescer porque seu uso proporciona no campo duas grandes vantagens. As pequenas aeronaves controladas remotamente são talhadas para a aplicação de defensivos biológicos, cujos volumes de calda são menores, e para o controle químico de precisão em lavouras de maior escala, como as de soja.

Diversas empresas trabalham com esse cenário. A Geocom, fundada em 2016, é uma delas. A pioneira no ramo de aplicação de defensivos biológicos com drones no país tem dobrado de tamanho todos os anos, e em 2020 prevê que a área tratada com suas máquinas voadoras chegará a 1,6 milhão de hectares, 80% ocupada com cana e o restante com soja e eucalipto. Com mais de 50 clientes, a companhia já tem 100 funcionários e 60 drones em ação, fabricados pela brasileira XFly.

Gláucio Adriano Carrit Antiga, CEO da Geocom, sediada em Lençóis Paulista (SP), lembra que, no passado, as aplicações de produtos macrobiológicos nas plantações, entre eles a Cotesia flavipes – famosa vespinha que ataca a lagarta da broca da cana -, era feita manualmente e que, aos poucos, o drone ganhou espaço por sua maior eficiência. “O drone tem um mecanismo dosador preciso, capaz de distribuir de forma exata o agente biológico. Além disso, cobre grandes áreas rapidamente, o que é uma vantagem porque a praga não espera para atacar”, diz.

Produtor de couve-flor e outras hortaliças em propriedades em Suzano, Biritiba Mirim e Taiaçupeba, na Grande São Paulo, Márcio Hasegawa é um dos muitos que aderiram ao uso de drones conjugado ao controle biológico. Toda semana, uma pequena aeronave percorre 12,5 hectares de suas lavouras levando um esquadrão de vespinhas do gênero Trichogramma para o trabalho, que consiste em parasitar ovos de outros insetos e, com isso, evitar pragas antes que elas se multipliquem.

“As vantagens do drone são a agilidade, o fato de permitir trabalhos à noite – quando os ataques das pragas aumentam – e a redução da dependência de mão de obra”, diz Hasegawa. Antes do drone, ele mantinha dois funcionários no campo com pulverizadores nas costas para cumprir a mesma missão, nem sempre com os resultados esperados. Agora, basta um operador, especializado e que, com o drone, costuma acertar o alvo com maior sucesso.

Nei Brasil, CEO da VOA, que fabrica drones em São José dos Campos, no interior paulista, e presta serviços no ramo, diz que, segundo pesquisas, um operador de uma aeronave consegue pulverizar 3 hectares por hora, enquanto um pulverizador costal motorizado chega, no máximo, a cobrir 0,06 hectares a uma velocidade de 0,24 hectares por hora.

No caso do serviço de aplicação de biológicos, Brasil também observa que a aderência aos drones tem aumentado por causa da escala do negócio em si. Ao invés de 500 litros de um determinado agrotóxico por hectare, como é comum, são aplicados de 2 a 3 gramas por hectare de macrobiológicos (pequenos insetos ou seus ovos) e 30 litros de microbiológicos (como bactérias, fungos e vírus) por hectare, o que permite a um drone com capacidade de 10 quilos dar conta do recado. Nova no mercado, a VOA espera pulverizar defensivos em 500 mil hectares nos próximos 12 meses, com uma esquadrilha formada por dez drones.

Voltada ao segmento de aplicação de insumos químicos, a gaúcha Arpac também tem aproveitado os ventos favoráveis para os veículos aéreos não tripulados (VANTs). Oferecendo imagens para monitoramento de pragas, além do serviço de pulverização, atendeu 12 mil hectares em 2018/19 e 72,2 mil em 2019/20, principalmente de cana, soja, milho, arroz e hortifrútis.

Eduardo Goerl, CEO da Arpac, explica que, no caso da aplicação de agrotóxicos, o drone é uma opção interessante para cobrir áreas com até 35% de infestação, cenário em que se torna mais competitivo que o avião. E que sua utilização também tem sido mais comum na cobertura de relevos acidentados, a exemplo de áreas montanhosas de café, ou de difícil acesso nas propriedades.

A startup paulista Perfect Flight tem a mesma visão. “O drone veio para alcançar as áreas que os aviões ou [os veículos] autopropelidos não conseguem, e para dar uma segurança a mais em relação ao cuidado com o ambiente”, diz Leonardo Luvezuti, gestor de operações da empresa. Na temporada 2019/20, a Perfect Flight processou as imagens de 5 milhões de hectares e, a partir da expansão para os EUA e outros países da América Latina, pretende dobrar sua área de cobertura no ciclo 2020/21.

Fonte: Valor Econômico.

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