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Cooperativas questionam Tereza Cristina sobre fim de crédito oficial para o setor

Rumores de que as cooperativas agropecuárias poderão perder o acesso ao crédito rural oficial levaram mais de 40 representantes do setor a se reunirem ontem de forma virtual com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Eles defenderam a perenidade de programas e das linhas de financiamento para custeio, investimento, industrialização e comercialização voltadas ao sistema cooperativista como forma de pulverizar o acesso aos recursos por mais produtores no país.

“Há uma ansiedade muito grande no setor rural. Estamos assistindo o aperto fiscal do governo e a dificuldade de manter volume de recursos oficiais”, disse Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), ao Valor, após a reunião. “Havia muitos boatos de que o sistema de crédito vai mudar, que teria mais dificuldade de distribuição desse crédito, que vai acabar o crédito para cooperativa. Reforçamos que é importante manter o crédito rural oficial, porque ele cria balizas, é referência. Se ficar sem, os bancos mercantis é que vão balizar”, pontuou.

Segundo Freitas, a ministra garantiu que não existe “nenhuma conversa ou ordem” nesse sentido. “Ela mostrou indignação. O que existe é proposta de modernizar e criar sistema menos burocrático de crédito, criar mecanismos para ter recursos de fora, aumentar participação do mercado no financiamento sem ruptura no mecanismo”, afirmou. “Mas nos mostraram que é preciso criar novos instrumentos. O governo não terá perna para crescer na disponibilidade de recursos que o setor necessita, dificilmente vai ultrapassar 30% da necessidade da safra, e é compreensível”, ponderou.

Freitas disse que os líderes cooperativistas puderam expor a realidade do campo para a ministra e o presidente do BC. Segundo ele, com o crescimento da produção agropecuária e expansão das áreas de grãos sobre pastagens degradas, por exemplo, aumenta também a demanda das cooperativas por capital de giro. O dinheiro permite a compra de mais insumos e fomenta as operações de barter com os produtores. Consequentemente, a necessidade de industrialização também aumenta, para transformar os grãos em ração e proteína, assim como a construção de silos e armazéns. “Os bancos privados começam a provocar as cooperativas na base, querendo negociar em particular, existe essa pressão”, contou.

Representantes da Coamo e da Aurora participaram da reunião. O presidente da OCB reforçou que as cooperativas movimentam bilhões de reais por ano, mas que na base estão milhares de famílias produtoras. São 28 mil associados na Coamo e mais de 70 mil na Aurora. “As cooperativas acabam sendo grande porta voz desse microcrédito rural e da pulverização entre pequenos e médios produtores”, ponderou.

Freitas disse que o encontro ainda serviu para reforçar o pedido para que as cooperativas de crédito possam operar recursos dos Fundos Constitucionais.

Fonte: Valor Econômico.

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