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Controle da verminose em bezerros de corte: influência no ganho de peso à desmama (vídeo, slides e artigo)

Controle da verminose em bezerros de corte: influência no ganho de peso à desmama, Ivo Bianchin, Embrapa Gado de Corte

Em sua palestra no Workshop BeefPoint Pecuária de Cria, Ivo Bianchin apresentou um pouco da sua experiência de 35 anos de trabalho com pesquisa na Embrapa Gado Corte, falando sobre sobre verminoses e sua influência nos resultados da pecuária de cria.

O que determina a infestação de parasitos em bovinos são as condições climáticas de cada região, sendo que, no Brasil, a grande quantidade de chuvas contribui com a maior ou menor quantidade de parasitos nos animais.

Em 65% do território brasileiro encontramos a situação apresentada nos gráficos abaixo. Com temperatura praticamente constante, em níveis que favorecem o desenvolvimento dos parasitos, onde a maior ou menor presença de vermes será ditada pela variação da pluviosidade. Assim quando pensamos em controle de parasitos temos que pensar em dois períodos o período chuvoso e o período seco do ano, que na maior parte do país vai de maio a setembro e não é tão seco assim, mas já apresenta diferenças no aparecimento de parasitos e verminoses.

Esses parasitos podem causar mortalidade, mas esse não é o principal problema causado pelas verminoses e é possível dizer que a mortalidade por causa de parasitos é muito baixa. Na verdade o maior prejuízo para pecuária de corte está na redução do desempenho dos animais e perdas com menor ganho de peso.

A intensidade dessa redução no desempenho está ligada a idade dos animais infestados, resistência do hospedeiro, intensidade da carga parasitária, espécie de helminto envolvida e o estado nutricional e fisiológico do hospedeiro.

Ou seja, animais jovens sofrem mais que animais adultos, zebuínos apresentam maior resistência a esses tipos de infestações. Mas um dos pontos mais importantes que devem ser observados é o estado nutricional e fisiológicos dos assim, já que se tivermos animais com más condições nutricionais, com animais mantidos em pastagens de má qualidade podemos multiplicar por 20 ou 30 vezes o reflexo das verminoses.

No mundo se gasta muito dinheiro com anti-helminticos e a verminose já um problema reconhecido como uma das principais causa de perda de desempenho nos animais de produção. Como exemplo podemos citar gastos de US$ 130 milhões em medicamentos para combater as verminoses.

De maneira geral, as verminoses podem ser qualificadas em clínicas e subclínicas, sendo que 95% delas se enquadram nessa segunda categoria, ou seja, os animais não apresentam sintomas clínicos, mas está deixando de ganhar peso.

Durante o período seco do ano, existe um sério problema de subnutrição dos animais, pela qualidade e quantidade de pasto disponível. Normalmente, nesse período, também encontra-se uma alta carga de parasitos dentro do animal. Somando esses dois fatores, é obvio que o desempenho geral dos animais cai durante esse período do ano, aumentando os problemas causados pelas verminoses reduzindo a imunidade do animal que pode evoluir e dar origem a outras doenças.

Assim, precisamos avaliar que animais devem ser tratados com anti-helminticos e em qual época do ano esse tratamento deve ser realizado.

O tratamento de animais antes da desmama deve ser avaliado de acordo com cada sistema de produção, mas de maneira geral essa ação só se torna interessante em sistemas que comercializam bezerro por peso (quilo vivo) na desmama, ou sistemas que colocam os animais precocemente em engorda (confinamento) e o peso à desmama terá influência direta no resultado da engorda.

O grande problema da verminose é no período compreendido entre a desmama e os 24 meses. Nesse período o prejuízo causado pela verminose é alto e o tratamento precisa ser focado durante o período seco do ano (maio a setembro).

Tratamento de verminoses em vacas pode ser considerado como dinheiro jogado fora, já que a perdas causadas com parasitos nessa categoria são baixas e o retorno do tratamento também é reduzido. Uma opção que pode ser estuda é o tratamento de vacas de primeira cria, porque elas são mais jovens e tem o estresse do primeiro parto. Já vacas mais eradas, em boas condições nutricionais não precisam entrar no programas de controle de verminoses.

Os animais sempre são parasitados por diversos tipos de helmintos, assim ao escolher o tipo de medicamento que será utilizado no controle de verminoses é ideal optar um produto que combata vários tipos de parasitos.

Outro ponto que precisa ser entendido é o ciclo biológico dos parasitos. Basicamente o desenvolvimento dos vermes se dá da seguinte maneira:
• eliminação dos ovos nas fezes do hospedeiro infectado;
• esses ovos na pastagem evoluem até uma larva de 3º estágio (L3);
• essa larva é que vai entrar no animal via oral, junto com a pastagem e irá se tornar adulta parasitando o animal.

O objetivo de todo programa de controle de verminoses que ser evitar que os animais tenham contato com os vermes na fase L3 de desenvolvimento e para isso podemos lançar mão de diversas ferramentas como:
• rotação de pastagens;
• vedação de pastos;
• anti-helmincos;
• aplicação de interação lavauora-pecuária, quebrando o ciclo de desenvolvimento dos parasitos;
• seleção de animais resistentes (pouco implantado na pecuária brasileira);
• vacinas (pouco estudas até o momento); e
• uso de tratamentos alternativos como controle biológico, fitoterápicos e homeopatia (poucos resultados consistentes até o momento).

Uma forma muito simples para exemplificar a eficiência dessa quebra de ciclo é o confinamento, normalmente o animal recebe um anti-helmintico na entrada do confinamento, como dentro do curral as larvas não conseguem se desenvolver esses animais não são reinfectados e passam todo o período sem sofrer com esse tipo de parasitismo.

Dessa maneira fica evidente que não adianta apenas desverminar os animais se o ambiente está repleto de parasitos em fase de desenvolvimento (L3), pois eles serão rapidamente infectados novamente tornando o controle pouco eficiente.

O desenvolvimento dos parasitos é diferente nos diferentes períodos do ano. No período chuvoso existem muitos vermes no estágio L3 na pastagem, assim o controle é ineficaz, então o produtor precisar trabalhar com um programa sanitário que vise o controle no período seco, para que o controle estratégico de resultado. Estudos mostram que durante a seca o número de larvas na pastagem diminui e aumenta o número de vermes no animal, como apresentado no gráfico abaixo.

Na gráfico seguinte, temos um exemplo de controle estratégico de verminoses no período seco e o que acontece com a população de parasitos no animal e no ambiente.

Após o primeiro tratamento, em maio, o número parasitos cai para quase 0. Com a segunda dose em julho, conseguimos diminuir ainda mais o nível de vermes dentro de animais e ao aplicar outra dose de anti-helmintico no final do período seco é possível manter a população de parasitos em níveis muito baixos.

Como os parasitos não se desenvolveram dentro do animal, o tratamento irá refletir também no ambiente diminuindo a população de larvas na pastagem e reduzindo os riscos de reinfestação dos animais no início do período chuvoso, onde o tratamento é menos eficiente.

Outro ponto que precisa ser observado é qual o melhor princípio ativo para o sistema em questão, evitando o aumento da resistência dos parasitos. Sempre que possível deve se utilizar medicamentos com longa duração, que apresentam melhores resultados.

O controle estratégico é uma ferramenta bastante estudada e aplicada em diversas regiões do Brasil e estudos mostram que essa é a melhor forma de controle de verminose. 60% do rebanho brasileiro está em áreas onde o ano é bem dividido em 2 períodos de chuva (seco e chuvoso) assim é completamente viável trabalhar com um controle estratégico aumentando a rentabilidade da pecuária de corte.

Pensando especificamente na fase de cria podemos pensar em duas opções para controlar verminoses.

Porque aplicar tratamento em vacas?

Teoricamente esse tratamento diminuiria o OPG, aumentando o peso corporal e a taxa de concepção. Outro ponto seria o aumento do ganho de peso das crias, seja pela maior produção de leite das matrizes ou pela menor infestação dos bezerros e melhor desempenho. Porém nos resultados das pesquisas com gado de corte nada disso acontece, tendo pouca influência na produção. Assim o tratamento de vacas não é necessário e deve ser descartado.

Já o tratamento dos bezerros é mais interessante, pois conseguimos aumentar o ganho de peso e como a comercialização tem sido feita por quilo se torna importante ter um bezerro mais pesado, outro ponto que justifica esse trabalho é a melhoria na qualidade da carne e aumento do potencial de engorda.

Com a aproximação da desmama, a infestação de animais normalmente aumenta. Isso acontece porque o animal passa a se alimentar mais de pasto e menos de leite, tendo maior contato com larvas de helmintos presentes no ambiente.

Estudos realizados pela Embrapa Gado de Corte na região do Pantanal, não apresentaram vantagens no tratamento de bezerros antes da desmama, já na região o sistema predominante é o extensivo, com baixo lotação por área (3-4 ha por animal), o que por si só já diminui a infestação dos animais.

Experimentos com Moxidectina e Ivermictina, mostram os dois produtos foram eficientes, mas alguns parasitos já apresentam resistência à Ivermitina, fato que deve se generalizar em todo os país e essa resistência foi refletida no peso dos animais.

Assim podemos concluir que o grande problema é o uso desnecessário tratamentos contra verminose e que para reduzir o número de tratamentos anti-helmínticos nos animais e evitar o agravamento de resistência é necessário levar em consideração os estudos epidemiológicos, utilizando os produtos somente em épocas e categorias de animais que necessitam.

O tratamento anti-helmíntico de bezerros antes da desmama é economicamente viável para venda por peso ou abate precoce.

E que é necessário buscar novas moléculas que não apresentem resistência e melhorem a eficiência dos tratamentos, trazendo maiores ganhos ao pecuarista.

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0 Comments

  1. rogerio correa fernandes disse:

    Boa tarde!
    Gostaria de saber qual a melhor alimetação para bezerros de corte, qual as melhores de rações, % de proteinas indicada, quantidade servida por peso de cada animal!

    Desde já Agradeço.
    Att
    Rogerio.Fernandes

  2. Nilton Francêz Machado disse:

    Quero Parabenizar a toda a equipe do Beef Point pela BELISSIMA matéria apresentada no Workshop BeefPoint Pecuária de Cria sobre, Controle da verminose em bezerros de corte: influência no ganho de peso à desmama , que foi ministrada pelo Sr. Ivo Bianchin do Embrapa Gado de Corte, muito bom, a matéria está excelente e destas belas informações que os pecuaristas do brasil precisam ter, para que possam continuar tendo a carne do Brasil como referencia mundial, animais com ótima sanidade com excelente qualidade… Show de Bola, Parabéns… Nilton Francêz Machado

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