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Contenção da emissão de gases entra na agenda de frigoríficos

Sob escrutínio de investidores internacionais preocupados com as mudanças climáticas, as companhias de proteínas animais listadas em bolsa começaram a dar sinais de atenção ao assunto. 

Levantamento da FAIRR Initiative, associação que reúne investidores institucionais com cerca de US$ 25 trilhões em ativos sob gestão, mostra que sete de um total de 60 companhias possuem compromisso para redução das emissões de gases do efeito estufa. Ainda é pouco, mas a associação considera que há uma evolução. 

Com o intuito de orientar investidores sobre os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), a FAIRR divulga todo ano um ranking com o desempenho das empresas no índice de sustentabilidade desenvolvido pela iniciativa. Das 60 companhias acompanhadas – o que inclui empresas de lácteos, aquicultura e carnes -, apenas três aparecem na lista com baixo risco: Mowi e Bakkafrost, fortes na produção de salmão, e a Maple Leaf, de carnes embaladas. 

Entre as empresas de carne bovina, a Marfrig é a mais bem posicionada. A companhia brasileira aparece na quarta posição do ranking. No ano anterior, era a décima colocada. Ao Valor, o diretor de sustentabilidade da empresa, Paulo Pianez, comemorou os resultados. “A empresa já tinha sido a mais bem posicionada da América Latina e agora somos a melhor posicionada em proteína bovina”, ressaltou. 

De acordo com Pianez, a Marfrig trabalha para ser a primeira empresa de carnes a ser classificada como de baixo risco no ranking da FAIRR. Para tanto, a companhia trabalha em um programa de redução de emissões de gases de efeitos estufa que inclui o chamado “escopo 3” – a emissão gerada na criação de gado que não pertence à companhia. 

Na avaliação do executivo, a meta anunciada pela Marfrig de monitorar 100% dos fornecedores indiretos de gado da Amazônia até 2025 também vai ajudar a reduzir o risco da companhia. Atualmente, o grupo brasileiro já consegue monitorar a origem de 42% do gado abatido desde a origem. Segundo Pianez, esse é o volume considerando basicamente a pecuária de ciclo completo – quando o pecuarista cria do bezerro ao boi gordo.

Entre as empresas brasileiras acompanhadas pelo ranking, a Minerva Foods é a pior colocada. O grupo está na 33ª colocação, com grau de risco alto. Procurado pelo Valor, o diretor de sustentabilidade da Minerva, Taciano Custódio, questionou pontos da metodologia. Segundo ele, não faz sentido reduzir a nota de uma indústria de carne bovina como a Minerva por não ter uma política de rastreabilidade das compras de soja. Diferentemente de mercados como o americano, a criação de bovinos no Brasil é extensiva, e o uso de ração baseada em grãos é a exceção. 

Custódio também argumenta que a Minerva vem aprimorando o controle dos fornecedores do Cerrado, que ainda não foi contemplado pelo índice da FAIRR. No segundo semestre deste ano, as compras de bovinos para os abatedouros de José Bonifácio e Barretos, no Estado de São Paulo, passaram a ser monitorada pelo mesmo sistema que acompanha a compra de gado no bioma amazônico e verifica se há irregularidades ambientais. Até o fim do ano, as unidades de Janaúba (MG) e Palmeiras de Goiás (GO), que também compram gado do cerrado, serão incluídos na ferramenta, afirmou ele. 

JBS e BRF, as outras duas empresas brasileiras de carnes que aparecem no ranking da FAIRR, ficaram na 9ª e 10ª posição, com risco médio. Procurada, a JBS informou que a evolução dos critérios do ranking permitiu a melhora da posição do grupo, que era o 17º em 2019. 

Fonte: Valor Econômico.

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