Consumo de carne levou ao desenvolvimento do cérebro humano, mostram pesquisas

Se você pode ler este texto, pode agradecer ao Homo erectus ou outros de nossos ancestrais, que aprenderam como fazer duas coisas: comer carne e cozinhar seus alimentos. Esses avanços nutricionais parecem ter permitido a evolução do cérebro e o desenvolvimento para o Homo sapiens. Dois estudos científicos publicados recentemente mostram evidências de que os nutrientes dietéticos disponíveis e obtidos pelos alimentos cozidos, e em particular das carnes cozidas, forneceu energia extra para superação de desafios sociais, que levaram ao cérebro humano moderno.

Os resultados de um estudo recente, publicado no Proceedings of National Academy of Sciences, comparou o tamanho de cérebros de vários primatas com o tempo que cada um gasta com a alimentação por dia. Foi verificado que o cérebro necessita uma considerável quantidade de energia, e é responsável por cerca de 20% do consumo de energia do corpo humano em repouso. Os gorilas são muito maiores que os humanos, mas têm cérebros menores, com menos neurônios. Eles passam a maior parte de seus dias comendo vegetais crus para metabolizar energia suficiente para seus corpos. Assim como nossos primeiros ancestrais, os Homo habilis.

O estudo, de pesquisadores da Universidade do Rio de Janeiro no Brasil, descobriu que “essa limitação metabólica foi superada na linhagem humana pelo cozimento de alimentos, que aumenta o rendimento calórico da dieta, com uma maior facilidade de mastigação, digestão e absorção dos alimentos”. Eles também disseram que a adição anterior de carne crua na dieta dos hominídeos também pode ter contribuído para aumentar seu teor calórico, com a carne crua sendo difícil de mastigar e engolir, enquanto a carne cozida é mais fácil de mastigar e tem maior rendimento calórico.

Além disso, eles descobriram que o cozimento “também teria aumentado o tempo disponível para atividades sociais, o que teria imposto uma pressão positiva para aumentar os números de neurônios, agora acessíveis pela nova dieta”.

Outra razão foi reportada, baseada em estudos arqueológicos em Olduvai Gorge, na Tanzania, recentemente publicado no jornal científico online PLOS One. Nesse estudo, os pesquisadores examinaram um crânio de 1,5 milhão de anos de uma criança hominídea subnutrida. O crânio mostrou sinais e uma forma de anemia causada por deficiências em vitaminas B9 e B12, que provavelmente ocorreram ao desmame, de acordo com pesquisadores.

Eles acreditam que, pelo tempo que a criança viveu, nossos ancestrais hominídeos se tornaram consumidores regulares de carne, o que resultou na evolução de cérebros maiores e maior organização social. Um período de escassez de proteína animal pode ter alterado negativamente o teor nutricional do leite materno da mãe dessa criança ou a dieta da própria criança.

Um artigo da Live Science, liderado pelo pesquisador Manuel Domínguez-Rodrigo, da Universidade de Madrid, diz que as descobertas de Olduvai Gorge sugerem que “o desenvolvimento do cérebro humano poderia não ter existido sem uma dieta baseada no consumo regular de carne”. Ele adiciona que o consumo regular de carne implica que os humanos foram caçadores até então, uma vez que a alimentação à base de restos raramente fornece acesso à carne. “Eu sei que isso soará horrível para os vegetarianos, mas a carne nos tornou humanos”, disse Domínguez-Rodrigo.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.