Mercado físico do boi gordo – 19-03-2012
20 de março de 2012
A importância do planejamento e da qualificação da mão-de-obra na produção de silagens
20 de março de 2012

Conservação de forragem de precisão – Quais serão os nossos próximos passos?

Os avanços em tecnologia na conservação de forragens tem se tornado tema com destaque em vários eventos do segmento. Até pouco tempo, nós questionávamos apenas pelo uso de aditivos em silagens como tecnologia de ponta. Evolução nos sistemas de vedação de silos já é encontrado no mercado e agora se inicia mais uma grande frente de inovações que é a colheita de forragem monitorada por espectrometria do infravermelho proximal ou NIRS. Por Thiago Fernandes Bernardes e Rafael Camargo do Amaral.

Por Rafael Camargo do Amaral e Thiago Fernandes Bernardes

 

Os avanços em tecnologia na conservação de forragens tem se tornado tema com destaque em vários eventos do segmento. Até pouco tempo, nós questionávamos apenas pelo uso de aditivos em silagens como tecnologia de ponta. Evolução nos sistemas de vedação de silos já é encontrado no mercado e agora se inicia mais uma grande frente de inovações que é a colheita de forragem monitorada por espectrometria do infravermelho proximal ou NIRS (near infrared reflectance spectroscopy).

A técnica baseia-se no uso de um aparelho que tem capacidade de determinar o teor de matéria seca (MS) da planta à medida que a mesma passa pela bica da colhedora de forragem (Figura 1). O uso dessa técnica é de elevada importância, principalmente pelo fato da MS da planta ser um dos grandes determinantes para obtenção de silagem de qualidade.

Figura 1. Determinação do teor de matéria seca em tempo real utilizando o NIRS. Fonte: Digman e Shinners (2011).

O NIRS é uma ferramenta que possibilita ao produtor uma resposta em tempo real a respeito da qualidade da silagem, o que tem grande potencial de mudanças nas tomadas de decisões para o manejo e uso da forragem.

Vale ressaltar que o cálculo da produtividade da lavoura em tonelada de matéria seca/hectare (t MS/ha) é bastante interessante, principalmente por ser na MS que estão contidos todos os nutrientes das plantas (proteína, carboidratos, gordura, minerais e vitaminas). Por exemplo, em 1 ha de milho com produtividade de 50 t MV/ha, se a colheita for realizada com a planta com teor de MS de 30%, sua produtividade será de 50 x 30/100 = 15 t MS/ha. E se essa lavoura apresentar teor médio de proteína bruta de 8%, a produção de proteína será de 15 t MS/ha x 8/100 = 1,2 t MS de proteína/ha.

Dessa maneira, com possibilidades de melhorar a acurácia na determinação de MS da lavoura permite construir um mapa de toda área. A construção desses mapas de produtividades pode auxiliar com as tecnologias de aplicações de demandas do solo, como uso de fertilizantes e aplicação de pesticidas fertilizantes, bem como definir o investimento das áreas de forma segmentada. A resposta final é redução de custos, pelo fato de proporcionar demandas específicas e nos locais, por exemplo, que exigirem menor quantidade de aplicações de herbicidas, haverá melhoria relacionada com a preservação do meio ambiente.

Figura 2. Monitoramento por NIRS e mapeamento de produtividade e qualidade da forragem com GPS. Fonte: Digman e Shinners (2011)

Com relação ao processo de conservação é importante destacar que caso uma cultura seja colhida com elevada umidade, problemas como fermentação irão surgir, como é o exemplo de fermentações butíricas, as quais degradam proteínas da silagem, depreciando a aceitabilidade do alimento pelo animal. Outro grande problema com a colheita da planta com elevada umidade é o escoamento de efluentes, que além de estar carreando nutrientes que poderiam estar posteriormente disponíveis aos animais, também tem grande potencial poluidor caso esse “chorume” alcance lençóis freáticos ou ribeirões.

Também é importante ressaltar que de modo contrário, quando a forragem apresenta-se com teor baixo de umidade, problemas também ocorrerão, como é o caso da redução da densidade do silo, o que potencializará a deterioração aeróbia da silagem, com conseqüente redução em seu valor nutritivo.

Portanto, essa ferramenta permite designar diferentes porções da área plantada para silos diferentes, permitindo assim que as variações no teor de MS se minimizem dentro do silo e a dieta final fornecida ao animal apresente padrão constante ao longo do tempo. (Leia: Variação de 7% no teor de MS da silagem de milho – Quais as implicações no desempenho animal?).

Por final, o uso de uma tecnologia como essa também pode chegar até o cocho. Este tipo de equipamento tem capacidade de analisar em tempo real o valor nutritivo da silagem originada e auxiliar durante a formulação da dieta. Assim, será possível realizar ajustes finos dentro de uma dieta, impossibilitando variações elevadas dos nutrientes dentro de uma fórmula, o que não gera estresse ao animal por mudança na alimentação, permitindo que a produção seja maximizada.

 

1 Comment

  1. Paulo Costa Ebbesen disse:

    Prezado Rafael, bom dia.
    Excelente artigo.
    Já existe algum equipamento de produção nacional que ja tenha o NIRS?
    Atte.
    Paulo Costa Ebbesen

plugins premium WordPress