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Conheça a evolução dos programas de carne certificada pelo USDA nos EUA, em mais de 30 anos desde a primeira marca de carne

A prosperidade de qualquer indústria depende da demanda dos consumidores e isso, é claro, inclui a indústria de carne bovina ou a comunidade pecuária. Nevil Speer, especialista em ciência animal da Western Kentucky University, escreveu um trabalho chamado “Consumidores, Negócios e Sistemas de Cria: Traçando o caminho da indústria de carne bovina” (acesse aqui, em inglês), em 2013, e informa que as implicações disso são claras.

“Todas as decisões de negócios nas fazendas, bem como em todos os locais da cadeia de fornecimento de carne bovina, devem ser tomadas de olho na demanda dos consumidores por carne bovina”.

Após um trabalho de 2011 que explorou por que o cruzamento de raças não é mais amplamente usado, o último trabalho detalha os sinais de mudança de mercado e as relações às vezes voláteis entre a demanda dos consumidores e a produção da indústria desde 1960. Isso sugere o que as dinâmicas emergentes significam para um ambiente integrado de negócios e a previsão para a cadeia de valor da indústria de carne bovina.

Essas expectativas e flutuações sempre estiveram ligadas ao consumidor, segundo ele.

“O pensamento tradicional leva o negócio de commodities a constantemente enfrentar a mesma questão: ‘O que o mercado vai fazer?’. Esse paradigma implica em uma mentalidade voltada ao preço e falha em se conectar verdadeiramente com os sinais que os consumidores enviam que estabelecem esses preços”.

 

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Diante da maior demanda por carne bovina de maior qualidade, das ofertas escassas e das margens mais pressionadas, essa mentalidade voltada aos preços leva ao risco de ser deixado para trás.

Dentro de uma nova mentalidade, o sucesso significa fornecer “qualidade, consistência, eficiência e volume em toda uma gama de produtos e atributos”, disse Speer. Isso requer sair de um sistema “tipo commodity para uma crescente adoção de uma produção mais especializada”.

Em 2013, havia 6 milhões a menos de vacas de corte nos EUA, comparado com 17 anos atrás, e a oferta de gados para engorda, de 35,6 milhões de cabeças, representava menos de 2,5 vezes da capacidade de engorda.

“Isso mal é suficiente para fornecer ofertas normais de gado, quanto menos fornecer oportunidades para extensão de pastagens ou retenção de novilhas”. A escassez traz mais foco na oportunidade de capturar novos dólares derivados somente dos consumidores.

Seguindo o exemplo dos varejistas de alimentos de manter os custos baixos e os lucros altos, colocando nas prateleiras e nos departamentos de carnes somente o que está vendendo, a indústria de carne bovina fez alianças e criou programas de certificação de carne bovina.

Levou 20 anos depois que a marca Certified Angus Beef foi primeiramente certificada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 1978,  para que 10 mais programas fossem adicionados. Nos 13 anos desde então (até 2013), 129 novos programas foram introduzidos, quase 80% dos quais baseados em Angus. Segundo Speers isto aponta para uma diferenciação de mercado crescente, diante de uma crise financeira.

As classificações de qualidade do USDA estão associadas com níveis mais altos de marmoreio, o que geralmente leva a uma maior probabilidade de uma experiência favorável ao consumo. Em particular, maiores graus de marmoreio estão positivamente associados com porcentagens “A-stamp” do USDA, com esses animais apresentando maior probabilidade de ter classificação Choice ou melhor.

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Assim sendo, Speer ressalta que o efeito de estabelecer uma demanda positiva significa prosperidade, ou seja, mais consumidores comprando, mais carne bovina a preços mais altos.

O crescimento nesse mercado fala por si mesmo, ou seja, o valor das vendas semanais combinadas de USDA Prime e produtos de marca (uma função do volume e do preço) aumentou em quase 400% desde 2003 e, em 2013, representava quase US$ 4 bilhões por ano.

Considerando a previsão de uma oferta cada vez mais apertada, sua ênfase e sua influência na cadeia de fornecimento provavelmente será amplificada. Quaisquer que sejam os alvos que se desenvolvam com o tempo, haverá grande pressão para manter a genética e os sistemas de cria capazes de fornecer produtos de carne bovina de alta qualidade junto com cadeias de fornecimento sincronizadas que facilitem esses atributos.

Com pesquisas e dados de mercado mostrando que os consumidores se identificam com marcas quando compram carne bovina, disse ele, esses são os programas melhor posicionados para aproveitar as cadeias de fornecimento integradas que podem afastar a indústria da mentalidade voltada aos preços.

O ciclo virtuoso é uma espécie de profecia auto-realizável, uma vez que a produção de produtos de maior qualidade e mais desejáveis estabelece uma demanda melhor dos consumidores e, por sua vez, uma melhor demanda cria a necessidade de carne bovina com ainda mais qualidade.

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Clique aqui para ver a lista dos programas de carne bovina certificada do USDA.

Consumidores determinam sorte e futuro da indústria de carne bovina

“Cada consumidor individual se tornará mais importante”, explicou o economista agrícola da Universidade Estadual de Kansas (KSU), Glynn Tonsor, durante recente reunião anual da Beef Improvement Foundation (BIF) [realizada em junho de 2016].

Tonsor participou de um painel do BIF explorando oportunidades para a cadeia de valor da carne bovina. Especificamente, ele e seu colega, economista agrícola da KSU, Ted Schroeder, ofereceram uma visão sobre como a indústria de carne bovina estará dentro de duas décadas a partir de agora. As economias de escala e a maior cooperação vertical previstas por Tonsor sugerem menos operações e menos gados produzindo mais carne bovina do que hoje.

A importância dos clientes também ganha importância, já que a sustentabilidade econômica da indústria de carne bovina começa e termina com os consumidores.

“O único fluxo sustentável de dólares a partir dos quais dá para continuar a construir o negócio de carne bovina vem dos consumidores”, disse John Stika, presidente da Certified Angus Beef (CAB). “Esse é um dinheiro real. Os consumidores gastam dinheiro real e enviam sinais reais sobre o que é importante para eles”.

“A prosperidade de toda a nossa indústria está em nossos consumidores”, explicou Schoroeder. “Como uma indústria, nós absolutamente não podemos ser complacentes em suprir as demandas dos consumidores”.

Stika citou o advento das Auditorias de Qualidade da Carne Bovina como o começo do foco da indústrias mais intensamente nos consumidores. Embora ele acredite que a indústria é mais centrada nos consumidores hoje do que já foi anteriormente na história, ele destaca que a mudança de paradigma precisa continuar.

Estudo: qualidade direciona a demanda?

De acordo com um estudo de Jilian Steiner e do economista, Scott Brown, da Universidade de Missouri, de 2015, a elasticidade da demanda e a flexibilidade de preços são duas medidas econômicas que apontam as marcas USDA Prime e Choice como “de luxo”. Além disso, à medida que o rebanho americano cresce, os produtores que objetivam produzir carnes premium têm mais chances de encontrar compradores a preços mais altos no futuro, disse o estudo.

O estudo analisa a posição da marca Certified Angus Beef (CAB) no mercado e calcula dados específicos de elasticidade que indicam que a marca deixa pegadas econômicas mais similares à Prime do que a Choice.

“O que gera demanda por carne bovina hoje? Todas as decisões são fáceis com preços recordes, mas o que vocês estão fazendo hoje para se certificar de que poderão aproveitar as volatilidades do mercado dentro de cinco a 10 anos?”, questionou Brown.

Notando que o rebanho de 87,7 milhões de cabeças dos Estados Unidos no começo de 2014 era o menor desde 1961, Steiner e Brown disseram que a seca e os mercados erráticos adiaram a expansão. Com a nova fase, “genética, produção e decisões de manejo determinarão o futuro sucesso da indústria de carne bovina”, mas, mais importante que isso, os produtores precisam lutar para sustentar e melhorar a demanda por carne bovina que é “o fator definitivo que direciona o tamanho” da indústria.

Há muitas pesquisas sobre demanda de carne bovina, mas poucas a relacionam com qualidade. Um estudo de 1966 mostrou que cada classificação tinha um padrão próprio de demanda e um trabalho de 2001 examinou elasticidades sazonais por classificação, mas não foi feita uma análise muito ampla.

Estimativas empíricas sobre os preços das carnes, os preços cruzados e as elasticidades de rendas para carnes Prime, CAB, marcas Choice do USDA (incluindo CAB) e Select devem ajudar a determinar o melhor foco de produção. O estudo avaliou 10 anos de dados mensais do USDA e dados da CAB para encontrar respostas.

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Brown, notando um aumento projetado nas ofertas de carne suína e de aves, disse que os produtores de bovinos precisam trabalhar para mudar a produção para carnes com qualidade que os consumidores não abandonam prontamente por outros proteínas. Steiner citou um número para a elasticidade de preços da carne Prime de -2,33, que também é o número da elasticidade de preço cruzado para Prime versus outras categorias.

Demanda por carne bovina por qualidade

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a Preço das carnes concorrentes é uma média ponderada dos preços da carne suína e de frango.
* e ** indicam a significância em níveis de 5% e 1%, respectivamente.
*** Ampla variabilidade dentro da Choice provavelmente afetou os dados nessas categorias.

“Prime, CAB e Choice têm uma elasticidade menor de preço cruzada do que Select, o que significa que as mudanças de preços têm um impacto menor na quantidade de Select consumida”. O mesmo acontece em comparação com as carnes bovina e suína.

A Prime é menos afetada pela queda nos preços de proteínas concorrentes, tendo somente dois terços da tendência para substituição por Select.

Avaliando as elasticidades de renda, ela explica que a demanda por todas as carnes bovinas tendem a aumentar com o aumento da renda dos consumidores, mas o aumento é maior para as de maior qualidade.

Em particular, o estudo também diz que 1% de aumento da renda devem significar um aumento de 1,63% na demanda pela marca CAB, que foi a mais responsiva para essa medida de elasticidade entre todos os níveis de qualidade de carne bovina estudados.

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Carne bovina de alta qualidade tem visto uma mudança positiva na demanda por vários anos, disse Brown. “Os consumidores ao longo do tempo estão aumentando sua demanda por carne bovina de alta qualidade além do que pode ser descrito por dados de preços e renda. Essas tendências não apenas são para o futuro, mas estão em efeito há um tempo”.

As ofertas de Prime e CAB estão aumentando ao ponto de que mais e mais consumidores têm oportunidade de experimentar seu sabor. “Em linguagem econômica, podemos dizer que você não entende o valor agregado da carne de alta qualidade até que tenha a oportunidade de consumi-la”, disse Brown.

Mudança anual na demanda se a tendência continuar até 2020, em milhões de libras (uma libra equivale a 0,45 kg)

Uma tendência logarítmica de 2007 a 2013 é significativa em cada uma das categorias de qualidade da carne bovina, sugerindo que fatores adicionais estão aumentando a demanda por Prime, CAB e Marcas/Choice e redução na demanda por carne bovina Select.

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Quando todos os aspectos da demanda são projetados para 2020, a tendência logarítmica mostra “um impacto de 4,8 milhões de quilos a mais de Prime demandados, de 80 milhões de quilos a mais de carne de marca/Choice (27,22 milhões de CAB), mas 28,27 milhões de quilos a menos de Select demandada”.

Brown disse que a categoria combinada USDA Branded/Choice, que inclui CAB, segue uma tendência positiva de 0,14. Isso é bem mais perto do 0,16 Prime, indicando que alguma tendência de baixa na Choice é provável.

“A categoria Choice é muito ampla com relação às diferenças na qualidade que existe dentro dela”, disse Brown. “O limite superior inclui produtos muito próximos do Prime, enquanto o limite inferior é mais como Select”.

Como categoria, ele estima que a carne bovina premium adicionou US$ 4,5 bilhões à economia da indústria de carne bovina nos nove anos de 2005 a 2013, incluindo US$ 630 milhões em 2013.

Qualidade x vendas 

A qualidade teve um papel cada vez mais importante desde a Grande Recessão em 2008 e ela promete maior estabilidade, de acordo com Lance Zimmerman, analista do CattleFax. Há seis anos, como estudante de graduação da Universidade do Estado do Kansas, ele e o economista, Ted Schroeder, criaram um modelo de demanda que tem um alcance retroativo até 2002.

Atualizado com dados de vendas de 2015, o modelo mostra um terceiro ano de modesto crescimento para demanda de carne Choice e um crescimento mais forte até agora para a marca CAB. Os 420 milhões de quilos licenciados no mundo todo em 2015 foi um aumento de 5,7% diante dos preços recordes.

Isso adicionou 35,65 pontos no índice, para alcançar 236,16 em uma base de 100 pontos, para um aumento de 136% desde 2002 e 11 aumentos anuais consecutivos. A demanda por Choice aumentou em quase 9 pontos, a melhor marca desde 2005, mas ainda perto da base original.

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Uma olhada rápida no gráfico pode gerar ceticismo. Como a demanda por CAB continua crescendo a essa taxa? Uma equipe dedicada e um treinamento bastante direcionado para os 16.000 parceiros da marca em todo o mundo explicam parte disso, disse Zimmerman. Isso também pode explicar porque a CAB ultrapassou outras marcas de carne bovina premium desde 2011.

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“Os mercados de Commodity Choice e até mesmo Prime dependem da indústria como um todo. Ninguém está olhando qual porcentagem de cada carcaça é vendida como Choice ou Prime e isso é verdadeiro para a maioria das outras marcas. Já a equipe da CAB monitora o mercado, mudando as ofertas e iniciando estratégias para ‘encontrar um mercado para mais produtos quando ele aparece no radar’. Todos estão focados em vender o máximo possível de cada carcaça como produto de marca”.

Isso não significa que a demanda sempre aumentou; ela caiu em 2004, quando o comércio internacional foi afetado pela descoberta de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) na América do Norte. Além disso, em alguns anos a demanda por CAB aumentou somente um pouco.

Schroeder disse que a CAB é um bom estudo de caso da demanda devido aos dados disponíveis de um segmento de mercado bem definido.

“A demanda anual por CAB tem aumentado a uma taxa bastante robusta nos últimos anos. A preferência dos consumidores está direcionando uma diferença cada vez maior de preços entre o produto com alta qualidade garantida e a experiência menos bem articulada de consumo de carne que pode gerar mais incertezas”.

A demanda é uma intersecção de quantidade e preço e pode ser representada como uma marca para cada período de tempo. A marca para cada ano é uma média de uma linha de tendência côncava, cada uma diferente, mas geralmente, curvando mais para a esquerda. Isso porque os preços maiores tendem a resultar em menores quantidades demandadas.

O gráfico abaixo mostra uma queda na demanda em 2004 e uma recuperação depois, embora menor de 2006 a 2009. Isso foi seguido por uma maior demanda em 2010 e 2011 e, novamente, 2014 e 2015, após dois anos de ganhos pequenos.

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“Os preços geralmente aumentaram na maioria desses anos, de forma que a demanda estava trabalhando atipicamente”, disse Zimmerman. Ele explica que a quantidade demandada é em termos de consumo mundial “porque o preço da carne bovina no atacado é dado como preço global”.

De fato, ele disse que o mercado global de um bilhão a mais de pessoas desde 2002 está crescendo em importância à medida que a oferta per capita para os consumidores dos Estados Unidos continua declinando.

“Isso não está conectado à demanda, mas à mudança na oferta. Passamos por uma redução no rebanho e agora, expandimos, estamos mandando mais produtos para fora”.

O presidente da CAB, John Stika, disse que a marca enviou um recorde de 14% de sua crescente oferta aos mercados internacionais nesse ano, vendendo o mesmo volume no ano passado e crescendo em quase 2% durante a primeira metade de 2016.

Outra recessão global pode ocorrer em um futuro próximo, disse Zimmerman, “mas a demanda por CAB somente cresceu desde a última recessão”.

Schroeder, notando os maiores premiums pagos aos produtores para a marca CAB desde então, aponta para a fonte da demanda. “O premium e a prosperidade para os que produzem carne de alta qualidade começa a nível de consumidor em todos os mercados. Esse consumidor direciona o que acontece da cadeia de fornecimento à fazenda”.

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Fonte:  Drovers, BEEF Magazine, http://www.angusjournal.com e http://www.angus.media, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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