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Confira o relatório da FAO que prevê pequeno crescimento na produção de carne bovina mundial

A produção mundial de carnes deverá expandir modestamente em 2013, para 308,3 milhões de toneladas, um aumento de 4,2 milhões de toneladas, ou 1,4%, comparado com 2012, de acordo com as previsões da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O crescimento se concentrará nos países em desenvolvimento, que também são os principais centros de aumento da demanda.

Os preços mundiais permaneceram altos pelos padrões históricos nos últimos dois anos. O Índice de Preços de Carnes da FAO (2002-04=100) ficou em média em 184 em outubro de 2013, o que mostra uma pequena mudança com relação a outubro de 2012. Até agora nesse ano, uma redução nos custos dos alimentos animais facilitou certa redução nos preços para a carne de frango; entretanto, os preços de outras categorias de carnes permaneceram estáveis, no caso da carne bovina e ovina, ou aumentaram, no caso da carne suína.

Mercados mundiais de carnes

O comércio internacional de carnes deverá alcançar 30,1 milhões de toneladas em 2013, representando 10% da produção global. De forma geral, o comércio deverá aumentar em 1,1%, um ritmo mais lento do que em 2012, e bem abaixo das taxas de 6% e 7% vistas em 2010 e 2011, respectivamente.

Isso é reflexo das melhores ofertas nacionais em uma série de países importadores e da queda na produção em alguns dos principais exportadores. Entretanto, existem diferenças marcadas no comércio em diferentes variedades de carnes, com crescimento moderado previsto para carne bovina e um aumento substancial para carne ovina, enquanto a carne de frango poderá permanecer sem mudanças e a carne suína declinará.

Carne bovina

Produção: Crescimento mais forte na América do Sul/Oceania; América do Norte tem queda.

A produção de carne bovina deverá ser de cerca de 67,5 milhões de toneladas em 2013, 0,2% a mais que em 2012. Nos últimos cinco anos, esse dado mudou pouco; em 2009, por exemplo, ficou em 67,3 milhões de toneladas, quase o mesmo nível de hoje. O aumento limitado está sendo conduzido pelos países em desenvolvimento que coletivamente representam quase 60% da produção e onde 2% de crescimento foi previsto. Para os países desenvolvidos, deverão enfrentar um declínio de 2,2%, principalmente devido a uma forte queda na América do Norte.

Na América do Sul, a disponibilidade de bovinos e os abates vêm aumentando, particularmente na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, após dois anos de reconstrução do rebanho. Para a Argentina, esse processo tem sido amplificado em 2013 por um aumento nas taxas de abates devido aos maiores custos de produção, consequentemente, a produção poderia aumentar em 7%, para 2,7 milhões de toneladas.

Nos vizinhos Paraguai e Uruguai, também foi previsto um forte crescimento, impulsionado por uma demanda internacional e por preços sustentados dos animais, apoiados por excelentes condições de pastagens. O Brasil, segundo maior produtor mundial de carne bovina depois dos Estados Unidos, deverá alcançar um recorde de 9,5 milhões de toneladas. Na Ásia, a Índia, que é o quinto maior produtor de carne bovina, deverá registrar um crescimento adicional, aproximadamente metade da produção é exportada.

A produção continua aumentando na Coreia, refletindo os subsídios do governo para os abates e a queda na lucratividade por causa da competição com a carne suína doméstica, de menor preço. Na China, a produção continua em cerca de 6,5 milhões de toneladas um nível que não mudou nos últimos quatro anos, à medida que o setor lida com escassez de mão de obra e altos custos, que obrigou muitos produtores de pequena escala a fechar operações.

A maioria das regiões da África receberam chuvas razoáveis durante a atual estação, o que melhorou as condições das pastagens e levou a um aumento moderado na produção de carne bovina, de forma geral. O Egito poderá apresentar uma recuperação limitada, após extensivos abates em 2012 devido à epidemia de febre aftosa. Uma exceção à tendência pode ser a África do Sul, onde a produção poderá não mudar, à medida que as condições de seca afetaram negativamente as pastagens e a disponibilidade de alimentos animais e forragens.

De forma geral, a produção nos países desenvolvidos deverá cair em 2,2%, à medida que vários dos principais produtores apresentará redução. Os Estados Unidos, maior produtor mundial, deverá registrar uma queda de 4% devido aos menores abates, uma situação que deriva de um declínio na produção de bezerros relacionado à redução do rebanho por causa da seca. Os mesmos fatores poderão levar a uma queda de 7% no Canadá. Na União Europeia (UE), terceiro maior produtor mundial de carne bovina com 7,6 milhões de toneladas, o declínio deverá ser mais modesto, de apenas 2%, à medida que a redução de longo prazo no rebanho da UE está desacelerando. Em contraste, na Oceania, uma queda nos preços dos alimentos impulsionaram a produção na Austrália. Na Rússia, um melhor manejo do rebanho deverá contribuir para um aumento na produção.

Comércio: as importações da China cresceram; o Brasil mantém a posição de principal exportador

Apesar dos preços estarem eu seu maior nível já registrado, o comércio mundial de carne bovina deverá crescer em 2013 em 4,9%, para 8,4 milhões de toneladas. A demanda dos consumidores, as maiores rendas e a escassez nas ofertas domésticas em alguns países têm sido importantes fatores que contribuem para a expansão do comércio.

A China pode ver as importações excederem 900.000 toneladas, representando 11% do comércio. A demanda continua sendo estimulada pelas maiores rendas. Além disso, alguns consumidores mudaram da carne de frango para outras carnes após o surto de influenza aviária no começo do ano. As ofertas em 2013 foram principalmente da Austrália, seguida por Uruguai, Nova Zelândia, Canadá e Argentina.

Em outros locais da Ásia, as importações pelo Japão, Vietnã e Malásia poderiam aumentar moderadamente, enquanto as compras pela Coreia deverão se manter reduzidas, como consequência das amplas ofertas domésticas e da competição de preços com outros tipos de carnes.  As vendas à Rússia e Estados Unidos, dois principais importadores, deverão cair como resultado de preços excepcionalmente altos e, no caso da Rússia, maior oferta doméstica. As importações da UE deverão aumentar, devido à redução na produção e aos altos preços internos.

A previsão de crescimento nas exportações para Brasil e Austrália são de 4% e 8%, respectivamente, em resposta à demanda forte de forma geral, o que também estimulou exportações pela Índia e Estados Unidos. Esses quatro países juntos fornecem mais de 65% do comércio de carne bovina. Em outros locais, Nova Zelândia, Uruguai, Paraguai, Argentina e Bielorrússia, que juntos representam quase 20% do comércio, deverão ver maiores vendas, substancialmente em todos os casos, excedo Nova Zelândia. Ao contrário, as vendas de Canadá, México e Nicarágua deverão cair de forma significativa e as da UE permanecerão estáveis.

Confira artigos relacionados:

Confira as previsões para mercado de carne bovina no segundo trimestre de 2013 [Rabobank]

Cenário positivo para a indústria de carne suína em 2013 e 2014 [Relatório Rabobank]

Veja as previsões do Rabobank para o mercado mundial de carnes

Fonte: Relatório FAO, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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